terça-feira, 3 de agosto de 2010

Participação da sociedade na política garanhuense

A impugnação da candidatura de Zé da Luz pelo TRE atendendo predisposição do TSE acende mais uma vez uma luz amarela na política local. Se mais uma vez personalizarmos o problema, como se o fato atingisse apenas o ex-prefeito de Caetés, estaremos tirando parte da responsabilidade da sociedade garanhuense, que deveria ser autora do projeto político local. O que quero dizer?

O fato de Zé da Luz estar com problemas com a justiça eleitoral não é um problema único dele, lembremos que Silvino Duarte, primeira opção lançada para o governo da cidade em 2012 também está. A atual administração também não é um exemplo de perfeição, já que tem alguns processos que podem dar dor de cabeça ao prefeito Luiz Carlos no futuro. Um amigo até brincou dizendo que se Silvino que tinha as contas em ordem foi pego pelo TCE, imagina as contas atuais no futuro! Não sei. Mas não é esse o mérito da questão.

Quero cutucar a sociedade garanhuense que se esquiva, aquela que entende de política e gosta de Garanhuns, mas que não age! Vejamos, a construção da candidatura de Luiz Carlos não nasceu popularmente, veio da imposição de Silvino, que por sua vez foi de Bartolomeu, que foi eleito de uma forma popular que exigia uma mudança de atitude da cena política local. Isso há quase duas décadas! Quando se busca um entendimento político às vésperas de eleições municipais, as vaidades, lideranças regionais e estaduais, interesses particulares e outros fatores externos corroem boas intenções.

Não forjamos nossos próprios líderes e aqueles que poderiam ser fazem logo parte da engrenagem quando têm a oportunidade. Não temos novos nomes há dez anos, e aqueles que há dez anos eram fortes hoje vivem seus piores momentos. Silvino é oposição municipal, estadual e federal. Izaías vai pra uma briga de terceiro mandato com marca de produtor de eventos mais que deputado. Ivo Amaral, ainda partícipe político, não tem mais o fogo de outrora nem a força regional. Sivaldo, voz isolada de combate municipal, vem com o discurso da mudança, jovem, pode funcionar. Mas sendo oposição municipal, estadual e federal, dificulta! Mas é melhor um cara na oposição que lute, que 49 na situação que se acomodem.
A Câmara de Vereadores de Garanhuns é quase uma secretaria da prefeitura, tal a forma como os representantes do povo dialogam com o executivo municipal, com troca de favores!

Há 20 anos Garanhuns tinha dois deputados federais. Tinoco e Cristina. Dois ou três deputados estaduais. Hoje, não consegue nem viabilizar suas candidaturas. Temos apenas Paulo Camelo para federal, o resto é tudo importado. E pior, muitos vêm aqui só buscar votos. Seria interessante se perguntar o que cada um fez e o que cada um pensa em fazer por nossa cidade, paa sabermos cobrar depois! Mas... Nada! Ninguém sabe o que vai fazer, porque nem sabem o que Garanhuns precisa. Aí vão levando como bate o vento, e assim estamos nós sem velas na calmaria de um oceano! São nomes vindos principalmente da região metropolitana, arregimentam bons cabos eleitorais por aqui, organizam uma campanha e não falam nada! Aparecem em caminhadas e santinhos. Não temos nossos próprios candidatos. Até pra falar mal, não temos! Precisamos eleger o máximo de representantes de Garanhuns para voltarmos a termos projeção.

A imagem política de Garanhuns nunca esteve tão no fundo do poço. Nossas principais lideranças não são bem vistas pelos mandatários políticos estaduais e federais, e foram nossos políticos que fizeram por onde, com traições políticas e desmandos administrativos. Quem lembra quando Garanhuns teve um filho seu como secretário estadual. Ou ao menos segundo escalão!

Então amigos, o problema não é apenas se Zé da Luz é candidato ou não, mas trata-se da omissão em construírmos nosso futuro, de participarmos, de montarmos um querer independente de política e políticos, mas também de participarmos ativamente, porque não? Garanhuns é uma cidade que discute política, em todos os horários e lugares, mas que não age. Ao final os benefícios particulares sempre se sobrepõem aos interesses coletivos, e assim, não formamos nossos próprios líderes, compromissados de verdade, com as nossas necessidades!

RÁDIO MÚSICA BRASIL MPB

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