domingo, 10 de outubro de 2010

SERRA VERSUS DILMA, UMA DISPUTA SOCIAL-DEMOCRATA.- Por Paulo Camelo


Sempre que a imprensa burguesa, brasileira, noticia as eleições em outros países, a exceção dos Estados Unidos, há sempre indicação sobre os partidos de direita, de centro, de centro esquerda, de esquerda, etc. A discussão do tema em Tela é muito ampla, fugindo de avaliações simplistas.
Milito na esquerda desde adolescente, precisamente a partir de 1967, quando em 1969, enviamos nosso representante, de Garanhuns, para o Congresso da UBES. Na época José Serra participava da organização de esquerda denominada de AP (Ação Popular), chegando a ser Presidente da UNE. Posteriormente foi exilado político. Sendo assim, o José Serra é muito mais, mas muito mais, mesmo, esquerdista do que várias pessoas que militam no PT e seus simpatizantes.
Alguns políticos e professores afirmam indevidamente que a ex-candidata a Presidente, Marina, desenvolveu uma trajetória de favorecimento e fortalecimento da direita em nosso país. Porém tal afirmativa é de uma inverdade tamanha que não contribui com a politização da população. Senão vejamos: O PT na época da sua fundação era um Partido Operário Independente (POI). Com as mudanças passou a ser um Partido Operário Burguês. No poder, o PT se transformou num Partido Social Democrata. Nós marxistas, leninistas e trotiquistas, saímos do PT porque a dialética nos ensinava que o PT no poder se transformaria num partido social-democrata. Portanto, Paulo Camelo saiu do PT antes de Lula ser eleito presidente pela primeira vez. Hoje, o PT é um partido da ordem burguesa, aliado do imperialismo norte-americano e contrário a revolução socialista brasileira. O que resta do PT de outrora intransigente da ordem burguesa? Nada.
Assim, chegamos no Brasil a uma situação semelhante ao que ocorre na Inglaterra, onde lá há uma disputa acirrada pelo poder, entre os trabalhistas ora liderados pelo social-democrata Tony Blair e os conservadores da ex-ministra Margareth. Aqui no Brasil há algo semelhante, onde dois partidos sociais-democratas, PT e PSDB, disputam a hegemonia política. A diferença é que o PT tem intervenção no movimento popular, apesar de ter arrefecido ao estar no poder, enquanto que o PSDB não tem ingerência no movimento popular. O PT sempre pregou a transformação social, mas o PT no poder não transformou nada, não reestatizou, apenas deu continuidade ao governo FHC e foi um bom aliado do governo Bush, portanto do imperialismo norte-americano. Afinal, a intervenção do Brasil no Haiti, representa uma obediência ao imperialismo norte-americano. Não votei em Marina, a quem atribuo uma política eco-capitalista, mas dizer que ela favoreceu à "direita" é a mesma coisa que afirmar que as pessoas que votaram em Marina não pensam. Essa não. Até acho o contrário, as pessoas que votaram na Marina, no Plínio (PSOL), no José Maria (PSTU), no candidato do PCB, são progressistas e de oposição ao governo Lula.
Por fim, devemos relembrar de alguns dados importantes:
1 - Saíram do PT toda esquerda autêntica, a exceção da corrente O TRABALHO. Em decorrência fundaram o PSTU e o PSOL;
2 - Saíram do PT vários intelectuais brasileiros, a exemplo de Plínio de Arruda Sampaio, Chico Oliveira, dentre outros;
3 - Saíram do PT vários parlamentares, a exemplo de Marina, Heloísa Helena, Babá, Luciana Genro, Ivan Valente, Chico Alencar, Milton Temer, dentre outros;
4 - Saíram do PT, a ex-ministra Marina e o ex-ministro Gilberto Gil;
5 - O PT perdeu vários apoios na igreja católica, incluindo alguns setores da CNBB, assim como perdeu o apoio de vários atores, cantores, atrizes e cantoras brasileiros;
6 - O PT conseguiu arrefecer o movimento popular e decepcionar milhões de brasileiros;
7 - Mas, em contrapartida o PT tem o apoio de direitistas juramentados, a exemplo de Inocêncio Oliveira, Joaquim Francisco (suplente do ex-revolucionário Humberto Costa), José Múcio, Collor, José Sarney, Roseana Sarney, Jáder Barbalho, Renan Calheiros, Maluf, Izaías Régis, Luiz Carlos e tantos outros.
Agora faço a seguinte pergunta. Onde está à direita? EM TEMPO: A ANÁLISE EM TELA FOGE A QUESTÃO PARTIDÁRIA. MAS, COMO EU SOU UM SOLDADO DO PARTIDO, O PSOL, ESTOU AGUARDANDO A DECISÃO PARTIDÁRIA PARA FAZER A DECLARAÇÃO DE VOTO.
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Paulo Camelo é engenheiro e foi candidato a deputado federal pelo PSOL.

RÁDIO MÚSICA BRASIL MPB

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