sábado, 9 de outubro de 2010

Tudo o que pensa o governador Eduardo Campos

Transcrevo a entrevista que o govenador reeleito Eduardo Campos concedeu para a Folha de Pernambuco.
.
“Não disputei para lavar a alma”
DÉBORA DUQUE

O pleito de 2010 é sinônimo de triunfo para Eduardo Campos (PSB). O resultado colhido no último domingo o colocou na condição de governador reeleito com a maior votação do Brasil, em termos proporcionais (82,84%). Campos ocupa ainda a presidência nacional do PSB, partido que conseguiu aumentar sua cota de participação na política nacional. Mas no cálculo final do governador falta ainda uma peça importante: a vitória da presidenciável Dilma Rousseff (PT). Em entrevista à Rádio Folha FM 96,7, Campos falou das estratégias para a corrida presidencial, neste segundo turno, e das “injustiças” cometidas contra sua candidata. No plano local, manteve o discurso conciliador, agradecendo a sua eclética base de apoio e reeditando a promessa de não discriminar políticos adversários. Mesmo com todo capital político conquistado, disse que não ia ser picado pela “mosca azul” e, por isso, preferiu não adiantar suas perspectivas de alçar um voo mais alto em 2014.

VITÓRIA

Eu avalio com muita responsabilidade e emoção. Nós entendemos que foi uma expressão de reconhecimento ao nosso Governo. Os índices de votação bateram exatamente com a avaliação que o Governo tem de ótimo e bom. Vimos isso nas ruas durante toda a campanha. Te­mos consciência de que tem muito mais por ser feito para colocar Pernambuco neste ciclo de crescimento e expansão que o Brasil está vivendo. Inauguramos uma forma diferente de fazer política, distensionando o debate e respeitando as pessoas. Acho que tudo isso contou. Fizemos uma campanha elevada, animada, bonita. Um espectro de forças, um conjunto de apoio muito expressivo que a Frente Popular nos ajudou. Partidos, candidatos, parlamentares, prefeitos, ex-prefeitos, lideranças que se somaram nos municípios a despeito das diferenças municipais. Tudo isso foi contribuindo para uma vitória que aconteceu em todas as cidades e regiões do Estado. Temos 100 cidades onde o adversário não chegou a 10% dos votos. É um número muito forte. Essa força política que veio das urnas nós vamos usar para construir Pernambuco.

OBRAS

Vamos trabalhar em todas as propostas prometidas dentro de cronograma de quatro anos que temos para cumpri-las. Mas já estamos com algumas peças orçamentárias e encomendas de projetos para que a gente possa fazer como em 2006, quando nós nos comprometemos e entregamos. Com certeza, as primeiras obras serão na área de Educação e Segurança pública. Já estamos cuidando dos projetos executivos das UPAs de especialidades, licitando 11 novas escolas técnicas e começando a fazer o edital para a contratação das câmeras a serem instaladas no arco metropolitano, ou seja, uma série dos nossos compromissos já está rodando agora, ainda neste mandato.

OPOSIÇÃO

Não me cabe julgar a oposição. O julgamento tem que ser feito pelo povo. Vamos tocar para frente porque, em todo canto do mundo, tem governo e oposição. Minha preocupação é de trabalhar e desmontar completamente qualquer tipo de política que crie dificuldades para unir o Estado. Desde 2007, a gente procurou construir a base política, focando no resultado, no trabalho e no desenvolvimento. Saí da eleição vitorioso. Não disputei a reeleição para lavar a alma, mas sim para construir uma vitória e seguir trabalhando. Só há uma forma de agradecer isso. Primeiro, é sabendo ganhar, o que, às vezes, é mais difícil do que saber perder. Em 2006, mostramos que tivemos o discernimento de saber ganhar. Deus me deu muita maturidade para, já em 2006, ter sido o governador mais votado da história de Pernambuco. E, agora, eu peço de novo maturidade para que essa vitória seja do povo pernambucano. Não é a vitoria da raiva, mas do futuro.

BASE AMPLA

Essa base de apoio veio do segundo turno, em 2006. Fizemos daquela vitória um olhar para o futuro, sem fazer aquela velha política de trocar apoio por cargos. Implantamos um modelo de gestão inovador que o povo reconheceu. A melhor forma que a gente tem, na condição de governante, de agradecer aos partidos e políticos que estão com a gente, é fazendo um governo que funcione para o povo. Porque só assim o povo fica junto do governo e dos partidos que estão nos apoi­ando também. Se a gente faz um governo que acha que a maneira de agradecer o apoio é dando cargos para pessoas que, às vezes, não sabem trabalhar, termina prejudicando a população, o sucesso do governo e aqueles que estão consigo. O valor da gestão veio para a democracia e vai ficar.

PSDB

O fato é que eu já tive voto de prefeitos e candidatos do PSDB no primeiro turno, em 2006. A grande maioria dos prefeitos do PSDB foram, em algum momento, do PSB e foram ligados a meu avô, o ex-governador Miguel Arraes. Inclusive, o comandante do PSDB no Brasil e em Pernambuco, Sérgio Guerra, foi secretário nos dois governos de Doutor Arraes, em 87 e depois em 95. Então, quando Sérgio saiu do PSB levou pessoas que são nossos amigos, conhecidos, com quem a gente já fez campanha. Esse pessoal todinho, com raras exceções, já me apoiou em 2006, no primeiro turno. Isso não é nenhuma novidade. Eu mantive com eles uma relação de respeito. Quando eles saíram do PSB, eu não fui para rádios ou jornais falar mal deles. Não “truquei”. Não foi porque eles saíram do partido que eu fui para o palanque do adversário deles no município. A paciência e a capacidade de compreender é algo muito importante na vida pública, e como eu já vi o mar encher e secar, aprendi que a gente tem que ter a paciência de ver as coisas se acomodando. Por ter tido essa atitude, recebi o apoio deles em 2006. Quando veio a eleição municipal, eu poderia tê-los chamado e dito ‘filiem-se ao PSB, senão eu não apoio’. Eu não fiz isso. Eu vou trabalhar em parceria com todos os prefeitos independentemente de partido. Quero conversar com todos os 49 deputados estaduais, que têm que ter do governador o respeito de quem representa o povo, e se todos puderem apoiar o que entenderem que podem apoiar, muito bem, acho que será melhor para Pernambuco.

DEPUTADOS

É a bancada que o povo quis. Sempre há um nível de renovação no processo eleitoral para o parlamento. Se você for na série histórica, há uma renovação sempre nes­sa proporção. Todos os partidos da Frente cresceram. Não foi uma vitória do PSB. Eu acho que agora é observar os que chegam. Tem muita gente jovem e com talento chegando para tornar o parlamento mais próximo das ruas e da sociedade. No mundo inteiro, o parlamento vive um grande desafio: o de representar e o de fazer o acompanhamento e o controle do executivo.

PLANOS PARA 2014

O meu pensamento é dar conta do que eu pedi ao povo, que é governar por mais quatro anos. É ter os pés no chão e muita humildade para governar Pernambuco. Faz só cinco dias que me elegi governador com 82,8% dos votos. Se cinco dias depois eu já estivesse pensando em ser candidato em 2014, eu estaria desrespeitando quem confiou em mim. Eu não vou me deixar tocar por “mosca azul”, sou muito sereno nas coisas, tenho responsabilidade. Minha missão agora é trabalhar por Pernambuco, cumprir meu mandato.

PSB

Estamos muito felizes com o que aconteceu com PSB nessa eleição. Crescemos muito e de forma consistente. Ganhamos no primeiro turno três governos estaduais - Pernambuco, Ceará e Espírito Santo -, tivemos o campeão e vice campeão de votação para governador no País. Fizemos quatro senadores da República, 25 deputados e estamos no segundo turno em três estados e vamos ganhar nos três. O PSB vai ajudando a aproximar a política do povo, fazendo política com “largueza” e princípios. É uma eleição que marca uma mudança de patamar do partido na política brasileira

DILMA NO RECIFE

Na verdade houve um mesmo perfil do voto nas cidades acima de 50 mil habitantes, onde houve um crescimento da candidatura de Marina (Silva-PV) nos últimos dez dias. Se você comparar os números de Dilma com a nossa votação aqui no estado, vai encontrar um descasamento de cerca de 702 mil votos. Desses 702 mil, 521 mil estão dentro da Região Metropolitana. O que aconteceu, a meu ver, foi uma série de questões que, quando somadas umas as outras, formaram uma determinada situação. Um conjunto de fatos foi formando uma historinha que, na reta final, influenciou no processo de decisão do eleitor que não estava acompanhando a campanha todos os dias. Muita gente deixa para decidir só na última semana.

PREFEITO

Sabia há mais ou menos um mês que ele (João da Costa) vinha administrando essa situação (problema nos rins) para não atrapalhar a campanha. Foi um gesto que ele teve com a cidade que o elegeu e com a campanha. Nós vamos torcer e pedir a Deus que ele volte com saúde para tocar as obras e ações como prefeito.

VICE-PREFEITO

Milton (Coelho-PSB) é um servidor público muito experiente e vai fazer o que cabe a um vice fazer (substituindo João da Costa): seguir as determinações do titular, dar continuidade ao que João está fazendo e pode ter certeza que ele terá total lealdade no cumprimento desta tarefa. E qualquer dúvida que ele venha a ter, irá telefonar pra João, que vai estar se reestabelecendo. Vai dar tudo certo.

RÁDIO MÚSICA BRASIL MPB

Direitos do Autor

Copyright 2014 – RONALDO CESAR CARVALHO – Para a reprodução de artigos originais assinados pelo autor deste blog em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso,é exigida a exibição do link da postagem original ou do blog.