terça-feira, 6 de março de 2018

Alfininho, puxa-puxa, cocorote, beijinho, maria-mole, roletes e outros doces da nossa infância


Que doce é esse?



Lembram que existiam doces como beijinho e surpresa de uva? É claro que não desapareceram, mas estão cada vez mais difíceis de se ver. Hoje em dia, em qualquer lugar, tudo que se ver é de chocolate.

Recentemente fui a um evento no qual todos os doces, todos mesmo, eram de chocolate. Era chocolate recheado com creme, outros cobertos com frutas, brancos, cálices com licor, amendoim, tudo de chocolate, etc , etc, etc.

De fato, bombons de chocolate são delícias, mas não existem só eles!

Será que aqueles beijinhos maravilhosos feitos de côco com leite condensado ficaram no passado? O papel que os enrolava tinha suas tirinhas, que na torre, perto do bolo, pareciam cascatas, puro encanto aos olhos da criançada.

Cocorote e puxa-puxa? Alguém aí lembra desses doces populares? O cocorote era feito de côco, meio confeito, meio cocadinha que derretia na boca.

A avó dos meus amigos Tony, Ana, David, Cabeça, Neide, Wellington, Joana e Cid, fazia um cocorote espetacular. Ainda têm a receita. Ah! Armando, ex-vereador, já me convidou várias vezes para ir em sua casa, em São Pedro, pois ele sabe fazer, ensinaria e já desfrutaríamos do doce.

Os puxa-puxas eram umas barrinhas feitas de rapadura que quanto mais a gente chupava mais ela esticava, vendiam como pirulitos na tábua. Aliás, lembram dos pirulitos enoooormes que passavam naquelas tábuas furadinhas? Trocavam em garrafas. Era só água e açúcar, mas era bom demais.

Parecidos com esses, tive minha infância/adolescência marcada pelos pintinhos de açúcar que meu avô fazia. Doceiro quando jovem, meu avô João Gonçalves, depois se tornou caminhoneiro e feirante. Vendi abacaxi e melancia na feira com ele, tempo bom. Depois que deixou o ramo, aposentado, voltou aos seus doces novamente. Fazíamos os pintinhos. Tinha outros que faziam chupetinhas e até revolver.

Tinha também aqueles pirulitões redondos coloridos? Eram doces caseiros para a criançada. Pareciam alfininhos, que embora da mesma receita, eram mais sofisticados.

Até muitos doces de fábrica hoje não existem mais. É tudo chocolate! Gostava do Zorro da Embaré. O dadinho de amendoim também.

Pipoca de arroz, chiclets (aqueles quadradinhos bem pequeninhos), jujuba, delicado, lanche (goiabada no meio de duas bolachas), mariola, cocadas em vários sabores (hoje virou tudo chique), até o raspa-raspa com pão doce é difícil de encontrar.

Faziam-se doces de quase todas as frutas em casa. Cocadas, pavês, delícias, etc.

Eu tinha pensado em escrever isso há alguns dias. Aliás, a responsável pelos doces da festa que fomos disse que é tudo chocolate porque as noivas, aniversariantes e todo mundo mais, só querem chocolate.

Não é saudosismo por recordar a infância, é descobrir que com o tempo estamos perdendo sabores e experiências culturais enraizadas. Maria-mole, frutas em passa, geleias, picolés de frutas, sorvetes e cremes caseiros, etc.

Ah! E quem conhece o cavaco de Garanhuns? Outro dia Marcos Cardoso levou o original para entrevistar. Até os roletes de cana estão difíceis de se encontrar!

postado originalmente em 30/11/2010, mas ainda atual.

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