terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Sai o DVD O Milagre de Santa Luzia - Uma viagem pelo Brasil que toca sanfona!


Documentário de longa-metragem de Sérgio Roizenblit é lançado em DVD
Music News - 7/2/2011 - Por Luiza Goulart

Vencedor de Melhor Trilha Sonora no Festival de Cinema de Brasília de 2008 apresenta a diversidade cultural brasileira por meio da musicalidade da sanfona.

O Milagre de Santa Luzia é uma viagem pelo Brasil que toca sanfona conduzida por Dominguinhos, o mais importante sanfoneiro em atividade no país. Através de encontros regados a muita música e reunindo depoimentos - curiosos, divertidos, emocionantes e esclarecedores - dos principais sanfoneiros brasileiros, o filme dirigido pelo cineasta Sérgio Rozenblit faz um mapeamento cultural das diferentes regiões do país onde o instrumento se estabeleceu. Entre preciosos registros desses grandes artistas populares, estão os do poeta Patativa do Assaré e dos músicos Sivuca e Mário Zan, falecidos pouco tempo depois de suas entrevistas para o documentário.

Após ser exibido em diversos cinemas brasileiros por 17 semanas entre 2008 e 2009, O Milagre de Santa Luzia agora é lançado em DVD, com uma série de extras que se somam aos 105 minutos de duração do filme original. Nesses extras, diversas histórias sobre a sanfona contadas e tocadas pelos músicos, a arte e os mistérios dos afinadores do instrumento, o passo a passo da construção da sanfona em uma fábrica, uma homenagem ao sanfoneiro Geraldo Correia, entre outros conteúdos inéditos.

O longa-metragem é dividido em índice pelas regiões do Brasil focalizadas – Nordeste 1 e 2, Centro Oeste, Rio Grande do Sul e São Paulo – que se subdivide pelos nomes dos artistas ou assuntos abordados.

O lançamento do DVD O Milagre de Santa Luzia acontece em 13 de fevereiro, domingo, a partir das 20h na casa de forró Canto da Ema (Av. Brigadeiro Faria Lima, 364, Pinheiros, SP, 11.3813.4708, www.cantodaema.com.br), quando acontecerá a festa em comemoração aos 70 anos do grande Dominguinhos (nascido em 12/2/1941, em Garanhuns, Pernambuco) com um show que terá as participações de diversos artista, como Elba Ramalho, Oswaldinho do Acordeon e Gabriel Levy.

O documentário marcou a estréia de Sérgio Roizenblit na direção de um longa-metragem. Roizenblit é diretor dos vídeos Violões do Brasil, Violeiros do Brasil e O Brasil da Sanfona, do Projeto Memória Brasileira, de Myriam Taubkin, lançados em DVD.

No 41º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, em 2008, O Milagre de Santa Luzia foi vencedor do Candango de Melhor Trilha Sonora e do Prêmio Vagalume de Melhor Filme.

Entrevistados no DVD, por ordem de aparição: Dominguinhos / Patativa do Assaré (Antonio Gonçalves da Silva, 1909-2002) / Arlindo dos Oito Baixos / Hélder Vasconcelos / Joquinha Gonzaga / Camarão / Genaro / Pinto do Acordeon / Dino Rocha / Elias Filho / Renato Borghetti / Thelmo de Lima Freitas / Ricardo Arenhaldt / Edson Dutra / Luiz Carlos Borges / Luciano Maia / Júlio Rizzo / Gilberto Monteiro / Bagre Fagundes / Oscar dos Reis / Mario Zan (Mario Giovanni Zandomeneghi, 1920-2006) / Oswaldinho do Acordeon / Toninho Ferragutti / Gabriel Levy / Raimundo Campos / Sivuca (Severino Dias de Oliveira, 1930-2006).

O Milagre de Santa Luzia poderá ser adquirido a partir de fevereiro nas principais livrarias e lojas de cds/dvds do país e também pelo sitewww.miracaofilmes.com.br O preço sugerido é R$ 29,90.

Sobre o filme

Há mais de trinta anos sem viajar de avião, Dominguinhos conduz sua caminhonete pelas diversas regiões onde a sanfona ganhou destaque e onde surgiram seus maiores intérpretes. O longa busca compreender o universo do instrumento em cada uma dessas localidades: o nordestino e sua saga de retirante, a partida e o desejo de um dia voltar; o pantaneiro e sua atitude contemplativa, conectada ao tempo da natureza; o gaúcho e sua ode às tradições, o orgulho pela terra natal; e o paulista que, dividido entre a cultura caipira e o emaranhado de informações da metrópole especialmente cosmopolita, cria um estilo único e diversificado.

A popular sanfona ganha diferentes nomes, conforme a região: acordeão, pé de bode, oito baixos, fole e gaita, entre outros. Musicalmente, o instrumento se caracteriza como um instrumento capaz de traduzir as mais variadas culturas, seus diferentes povos e tradições.

O título O Milagre de Santa Luzia é uma homenagem a Luiz Gonzaga, que nasceu no dia da santa, 13 de dezembro. A homenagem se justifica pelo trabalho do “Rei do Baião”, cujo sucesso abriu as portas para a existência de uma cultura regional dentro da indústria cultural no País. Também de homenagem ao pernambucano são os versos recitados pelo poeta Patativa do Assaré, em entrevista concedida a Roizenblit.

Em cada região, o filme registra os principais músicos do instrumento. Alguns desses artistas faleceram pouco tempo depois das filmagens: Sivuca, que fez sua última gravação com Dominguinhos cerca de um mês antes de seu falecimento, e Mario Zan, o único sanfoneiro que vendeu tanto quanto Luiz Gonzaga e é considerado até os dias de hoje o recordista de vendas da gravadora RCA Victor.

A viagem tem início em Exu, Pernambuco, com Dominguinhos interpretando Lamento sertanejo, de sua autoria, em parceria com Gilberto Gil. A cada encontro, uma conversa e uma música em conjunto – Arlindo dos 8 Baixos, Camarão, Pinto do Acordeon e até um grupo de vaqueiros, que dedica ao músico alguns versos improvisados.

Percorre depois a riqueza natural do Centro-Oeste e a música de Dino Rocha e Elias Filho. Continua pelo Sul, com as gaitas de Thelmo de Lima Freitas, Edson Dutra, Renato Borghetti, Gilberto Monteiro e Bagre Fagundes interpretando Canto alegretense (co-autoria com seu irmão, Antônio Augusto Fagundes), música mais popular que o próprio hino do estado.

Em São Paulo, Dominguinhos se encontra com músicos jovens, como Gabriel Levy e Toninho Ferragutti, que imprimem à sanfona um caráter mais jazzístico. É também em São Paulo que acontece o encontro com o saudoso Mario Zan e com Oswaldinho do Acordeon. Juntos, os três interpretam Quarto centenário, de Mario Zan, o sanfoneiro que melhor traduz a cultura caipira paulista. Composições suas, como Chalana e Um homem não deve chorar, ultrapassaram as fronteiras brasileiras e foram gravadas em diversas línguas. É reconhecido como o maior solista de festas juninas de todos os tempos, autor de inúmeras quadrilhas, como Festa na roça e Pula a fogueira.

De volta ao Nordeste, Dominguinhos encontra Raimundo Campos, produtor musical de Recife, com quem gravou sua inédita e comovente interpretação de Triste partida (de Patativa do Assaré). Em João Pessoa, na Paraíba, se dá a conversa com Sivuca, que declara, emocionado, “[a sanfona] representa 67 anos de convivência, de paz e harmonia com a música”.

Realização

A idéia da realização do documentário surgiu há cerca de dez anos, quando o diretor participou do Projeto Memória Brasileira, de Myriam Taubkin. Sérgio Roizenblit dirigiu os vídeos-cenários de O Brasil da sanfona, série de shows realizados pelo SESC/SP, em 2001, e posteriormente (2003) lançada em DVD, com a inclusão de depoimentos de sanfoneiros e poetas brasileiros.

A maioria dos depoimentos do filme foi captada ao longo do ano de 2006, mas conta com entrevistas gravadas em 2001, como a de Patativa do Assaré. A equipe percorreu o Brasil, passando pelos Estados de Pernambuco (cidades de Exu, Serrita e Recife); Paraíba (João Pessoa), Mato Grosso do Sul (Barra Mansa), Rio Grande do Sul (Porto Alegre, Bagé e Santana do Livramento), Minas Gerais (Serra dos Aimorés e Turmalina) e São Paulo (São Paulo).

O milagre de Sta Luzia foi viabilizado pelo Artigo 1º da Lei do Audiovisual e patrocinado pelo BNDES e pelo Banco BMG.

A sanfona

Inventado em 1829, em Viena, e reunindo possibilidades harmônicas, melódicas e rítmicas em um só instrumento, o acordeão rapidamente se difundiu pela Europa e, com a expansão da imigração européia, correu mundo, chegando também ao Brasil na segunda metade do século XIX. Em pouco tempo ganhou inúmeros adeptos e, nos anos 1940 e 1950, tornou-se extremamente popular. Adquiriu formatos e tamanhos distintos, integrou-se à nossa música e ampliou suas potencialidades nas mãos de artistas de todo o país. É chamado de gaita, fole, pé de bode e tantas outras denominações e apelidos; mas é como sanfona que conquistou definitivamente o seu lugar no coração do povo brasileiro.

(fonte: Projeto Memória Brasileira, de Myriam Taubkin / http://sanfonade8baixos.blogspot.com/ )

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