segunda-feira, 28 de março de 2011

Fim da terceira fase do Curso da Fundação Getúlio Vargas, promovido pelo Ministério da Cultura

Gente, no ano passado participei das duas primeiras fases do Curso realizado pela Fundação Getúlio Vargas para o Ministério da Cultura. Lembrando, trata-se de formação sobre projetos culturais e visa formar artistas e produtores culturais que possam interagir diretamente com o MinC. Sendo uma espécie de fomentador cultural, um agente regional.
A primeira fase foi on-line, ou seja, foram milhares de inscrições em todo o país, e foi seletivo para a segunda fase, que aconteceu de forma presencial em várias cidades do país, inclusive aqui em Garanhuns, quando recebemos quase cem pessoas de todo o estado. Foi também seletivo.
A 3ª fase acabou agora, e foi novamente à distância. Como parte dos exercícios avaliativos, nos foi pedido um texto final, englobando a cultura sob vários aspectos, sejam políticas públicas, a participação do governo e tudo mais. Os melhores qualificados serão convidados para a quarta e última fase, novamente presencial, em Brasília-DF.
Reproduzo aqui o nosso texto apresentado:
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Que papel, afinal, caberia ao Estado na complexa dinâmica cultural brasileira?

O Brasil é um país de uma riqueza cultural impressionante. Aqui as linguagens artísticas eclodem em todos os recantos de nossa área geográfica por essa gente que cultua suas tradições e está atenta às misturas que fazem movimentar e ampliar nossa bagagem. É sempre um olhar no futuro e nas novas tecnologias sem desrespeitar o passado. Um país onde o regional tem seu valor fulcrado nas diferenças e nos costumes, e que entende que da soma de tudo, do que é ascendente ou descendente, vem a identidade desse povo, e conseqüentemente, da nação. Mas como defender isto, fomentando a produção cultural, e ainda gerar oportunidades de se mostrar essa riqueza cultural é o grande desafio dos governos, e principalmente, da efetividade de políticas públicas, estas perenes e necessárias para assegurar as manifestações plurais culturais.

Ao longo do nosso estudo discutimos essas manifestações, identidade, diversidade, patrimônio cultural, espaços urbano e rural onde se desenvolvem as manifestações, depois partimos para uma visão, digamos, institucional da cultura, a partir das concepções de política cultural, bem cultural, indústria (que integra a parte mercadológica da produção e exibição, cujo fim busca lucro), e neste, descobrimos as vantagens e desvantagens da oferta comercial do bem cultural, pois haverá sempre o querer ganhar dinheiro com a manifestação cultural, que muitas vezes se sobrepõe às necessidades e anseios, mas por outro lado, amplia o leque de atrações e mostras que atingem comunidades (culturais ou regionais) que não teriam condições de vislumbrar essas exposições.

A cultura, indispensável para qualquer gestão pública em qualquer nível, não poderá mais ser alinhavada como apêndice de outros órgãos da administração, sob pena de atrofiar a manifestação cultural, seja ela regional ou na amplitude maior, que impacta toda a nação. Os governos devem entender a cultura como alicerce de qualquer programa de governo, e indo além, garantir as condições de implementações de políticas públicas que atinjam a população, na defesa de suas tradições e oferecendo mecanismos que fomentem a produção cultural nacional, em suas várias linguagens, principalmente entendendo as diferenças e aproximando aqueles que estão à margem dos processos da indústria cultural.

A cultura regional é ampliada quando se joga um olhar especial. Vejamos um exemplo: Um Maracatu. O Mestre. Seria simplesmente o cantor, se apenas se prestasse a interpretar as músicas tradicionais. Mas ele inventa, cria e compõe suas loas, suas próprias músicas. E vai ainda mais além, confecciona sua capa, seu manto de beleza colorida brilhante que traduz séculos de costumes tradicionais, num artesanato digno de ser apreciado como obra de arte. Mas ainda não paramos por aí, a manifestação exige a dança, que não é obstáculo para quem já venceu a luta do campo, muitas vezes levantando de madrugada para plantar, colher, arar, ou cortar a cana nas matas pernambucanas. A dança é tão natural que para ele pode não ser arte, é cotidiano. Esse olhar de defender essa gente e suas manifestações culturais é obrigação do estado, através das garantias de políticas públicas culturais.

Para isso, e ser agregador e completo, haveremos de defender as instituições que congregam para o mesmo fim, os conselhos, as câmaras, que se aliam ao Ministério da Cultura como ingredientes de um preparo que resultará num sofisticado e simples bolo cultural. Atentando para a democratização das discussões e implementações, pois é o próprio povo, que recebe a ação pública, que sabe o que quer, e que deve ser ouvido sobre seus anseios e suas prioridades.

É esta visão democrática que o estado deve fustigar. Ouvindo, interagindo e devolvendo em forma de políticas públicas que atendam às várias tribos culturais que existem neste enorme país continental.

RÁDIO MÚSICA BRASIL MPB

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