sábado, 18 de agosto de 2012

Senador garanhuense critica Dilma, Lula e o PT

Sem medo de dizer o que pensa e com a língua ferina, o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) passou os últimos dias em São Paulo para potencializar as campanhas de socialistas aos paços. Ontem, em visita ao jornal Diário do Grande ABC, o mais novo congressista do Senado, 39 anos, disse que o PT, seu ex-partido, perdeu a referência ética.

Randolfe criticou, principalmente, a mudança de postura da presidente da República, Dilma Rousseff (PT), a qual anunciou nesta semana parcerias com a iniciativa privada para melhoria e ampliação das malhas rodoviária e ferroviária. Esses convênios são tratados pelo senador como privatização. "Estou falando de um PT que elogiou a Dilma. Ela foi eleita para defender o País das privatizações, não para privatizar. O partido deteriora rapidamente seu escopo programático e seu perfil político, perde a referência ética", discorreu o senador, que é professor universitário.

Em continuação à análise sobre o PT de ontem e o de hoje, Randolfe disse que a legenda criada no fim dos anos 1970, início dos anos 1980, pela classe operária é, atualmente, "muito parecida com o PSDB", ainda referindo-se às privatizações. "Não gostaria que esse movimento avançasse. O partido, enquanto instituição, se distancia do perfil político pelo qual se notabilizou."

Em meio às críticas ao PT e à gestão Dilma, Randolfe não poupou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o qual classificou como "a maior liderança política da história política brasileira". Por essa condição, de alta popularidade e de respaldo junto à classe política conquistados em oito anos de governo (2003 a 2010), o petista "poderia ter contribuído mais", na avaliação do socialista.

"De uma liderança se espera o exemplo. Exemplo é o que arrasta, palavra só convence. Não é um bom exemplo para gerações futuras apertar a mão, selando aliança, de um dos mais notórios corruptos da política, que é o senhor Paulo Maluf (deputado federal do PP). O excesso de popularidade, de carinho a Lula, às vezes cria ambiente para atos autoritários", discorreu o senador, pernambucano de Garanhuns, portanto, conterrâneo do ex-presidente.

Para Randolfe, Lula poderia, dentre outras coisas, ter encabeçado movimento para alterar a relação do Palácio do Planalto com o Congresso Nacional. "Poderia ter aproveitado romper com a velha fisiologia da política brasileira, conservadora. A chamada governabilidade (ter maioria dos deputados e senadores para aprovar projetos) é palavra bonita, mas vira sinônimo de troca-troca entre Legislativo e Executivo. Lula poderia ter alicerçado no diálogo direto com os movimentos sociais, com o povo. Essa seria aliança mais profícua."

O socialista também salientou que o ex-presidente teria de ter mais empenho para efetivar a reforma política. "O sistema atual, privado, é a mãe de todas as corrupções. Não viveremos em País democrático enquanto um gari ou o filho dele não puder concorrer nas mesmas condições que o filho do Eike Batista (empresário mais rico do País)", enfatizou Randolfe, o qual vai lutar para retomar a pauta das mudanças nas regras eleitorais em 2013.

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