quarta-feira, 10 de abril de 2013

AGORA É LEI: Tem que tocar frevo nas rádios do Recife. Seria interessante a mesma coisa com o forró em Pernambuco


Emissoras de rádio, na grande maioria, são concessões públicas, ou seja, a titularidade é do estado, repassada para a iniciativa privada. Isto as rádios comerciais. Dentre as obrigações estão a de valorização da cultura.

Mas na prática, nem sempre isto acontece. Muitas das emissoras por aí não têm dado muito espaço para a boa música, informações culturais, espaço para a arte, nem mesmo a agenda da cidade. Simples assim.

Infelizmente nem as educativas nem as comunitárias, também em maioria, também não têm tido esta preocupação nos últimos tempos. Não tocam música pernambucana. Muitas emissoras foram acabar nas mãos de religiosos que não abrem os microfones para as informações comunitárias, criando um espaço fechado de comunicação, longe dos objetivos iniciais da lei que criou estas emissoras, que era justamente democratizar a informação.

Uma rádio tem um poder de inserção cultural muito grande, mas a maioria prefere o caminho fácil da música de massa,  informações descartáveis e falta de compromisso com a cultura e tradição local. Dizem que vende mais, tornando-se mais popular. Por isto, o regionalismo fica distante do espaço dado por muitas rádios às músicas de fora, de grande visibilidade, quer sejam de outras regiões do país, quer sejam estrangeiras mesmo. Assim, perdemos muito da identidade de nossa gente, nossa história, nossos costumes, criando uma grande massa de manobra para o mundo do entretenimento, a grande indústria que detém os principais meios de comunicação do Brasil.

Até o forró, tão presente na vida de todos, já não toca mais no rádio. Está exilado no início das manhãs, com o sol nascendo, ou nos finais de tarde, com o sol se pondo. Na faixa nobre do rádio já não toca mais Flávio José, Jorge de Altinho, Petrúcio Amorim... Pensar em Luiz Gonzaga, Trio Nordestino e Jackson Pandeiro é quase impossível. 

O Recife está dando o exemplo. Na véspera de completar 100 dias de governo, o prefeito Geraldo Júlio (PSB), sancionou uma lei que obriga as emissoras de rádio da capital a tocarem frevo. Cada emissora terá que tocar pelo menos um frevo por dia, no horário das 8h às 12h e das 14h às 18h. Ou seja, no horário normal da emissora, e não em programas temáticos, como é comum quando se aproxima o carnaval. 

O projeto visa tornar o frevo em um ritmo habitual, e não apenas eventual, durante a festa de momo.

Alguém precisa ter coragem para tomar medidas como esta, pois somente esperar pelo bom senso dos que fazem as programações para tocar música pernambucana, não daria certo.

Foi mais ou menos como proibir axé em Olinda. Certíssimo. Uma questão de preservação da cultura local, se não vem a grande mídia e bota todo mundo balançando a mãozinha atrás de um trio elétrico, pagando milhões a artistas que só duram um carnaval.

Seria interessante que o estado fizesse a mesma coisa com o forró, aquele verdadeiro, inventado pelo Rei do Baião e que ainda hoje impulsiona a economia do Nordeste.

RÁDIO MÚSICA BRASIL MPB

Direitos do Autor

Copyright 2014 – RONALDO CESAR CARVALHO – Para a reprodução de artigos originais assinados pelo autor deste blog em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso,é exigida a exibição do link da postagem original ou do blog.