terça-feira, 28 de janeiro de 2014

MAURÍCIO COSTA ROMÃO: Pesquisas eleitorais


Conceituado blog da capital pernambucana postou, nesta segunda-feira (27/01), sob o título “Pesquisas”, o seguinte texto:

“O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) quer proibir, através de projeto de lei, que institutos de pesquisas que trabalhem para governos ou partidos tenham contratos com meios de comunicação para divulgação de pesquisas eleitorais. O alvo são o Ibope e o Vox Populi”.

A questão de controle das pesquisas é recorrente: aparece no noticiário em todas as eleições majoritárias e há dezenas de projetos de lei no Congresso sobre o assunto.

Uns querem proibir a divulgação das pesquisas 15, 30, 45 dias antes do pleito, tolhendo o legítimo direito do público à informação e, na verdade, privilegiando apenas aqueles que podem pagar ela e dela dispor da maneira que lhes aprouver.

Outros intentam obrigá-las a consultar tantos por cento do eleitorado (um senador sugeriu num projeto de lei recente o mínimo de 0,01% do eleitorado, quer dizer, 14 mil entrevistas!). Outros, ainda, estipulam que a margem de erro deva ser no máximo de 1%, e por aí vai. Tais propostas não fazem o menor sentido.

Desta feita, o senador paraibano, Cássio Lima, requenta assunto que vez por outra também emerge nas eleições: o eventual conflito de interesses em fazer pesquisas reservadas para políticos e/ou partidos políticos e, ao mesmo tempo, pesquisas para divulgação. 

Trata-se de tema sobre o qual cada instituto tem seu posicionamento. Há empresas do setor que não aceitam encomendas de pesquisas para políticos e/ou partidos políticos, optando por realizá-las apenas para veículos de comunicação, como é o caso, por exemplo, do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) e do Datafolha, e há outras que não vislumbram problemas nessa associação que cheguem a comprometer a lisura de seus achados.

Mereceriam as entidades do primeiro bloco o epíteto de “puristas”, e serem distinguidas por essa característica? Deveriam o Ibope e o Vox Populi, do segundo bloco, apenas para citar os institutos mencionados na matéria do blog, ser demonizados por estarem, no dizer de um especialista do ramo, “trabalhando dos dois lados do balcão”, simultaneamente contratados pela mídia e por partidos e/ou candidatos?

Longe disso. Tais institutos atingiram os patamares de distinção de que desfrutam hoje em dia porque souberam aliar a excelsa técnica que possuem a requisitos éticos, separando os interesses contratuais dos resultados das pesquisas. 

Ademais, quem deve controlar as pesquisas é o mercado! Um instituto de pesquisa vive de sua credibilidade. Sua permanência no mercado político-eleitoral, que é bastante competitivo, depende crucialmente dos resultados que apresenta. 

Os institutos são os maiores interessados em que sua imagem não seja objeto de suspeição, de deslustre, de questionamentos quanto à ética e à idoneidade, e empregarão todas as suas faculdades e competências para apresentar resultados acurados, consistentes, apropriados para decisões estratégicas, os quais serão seu cartão de visitas e a fonte de suas receitas financeiras. 

Portanto, o maior atributo de um instituto de pesquisas é a sua credibilidade; por que decretar seu próprio fim, perdendo-a?

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Maurício Costa Romão, Ph.D. em economia, é consultor da Contexto Estratégias Política e Institucional, e do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau. mauricio-romao@uol.com.br

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