quarta-feira, 21 de maio de 2014

BACIA LEITEIRA: Indústria está usando Leite em Pó e provoca nova crise para os produtores do Agreste

Indústria de Laticínios não está comprando o leite da região


JORNAL DO COMMERCIO: O uso do leite em pó está quebrando os produtores de leite pernambucanos. “O leite in natura está sobrando e o preço em baixa. Quem sobreviveu à seca agora está se acabando”, resume o presidente do Sindicato dos Produtores de Leite do Estado de Pernambuco (Sinproleite), Saulo Malta. Um dos principais compradores do leite in natura produzido no Estado era a indústria de laticínios, que substituiu o produto pelo leite em pó. Essa substituição só foi possível devido a uma autorização do governo federal que ocorreu no dia 22 de abril de 2013 devido à grande estiagem que reduziu a produção nas bacias leiteiras do Nordeste. Na época, os produtores estavam sem condições de alimentar o rebanho, muitos animais morreram e alguns empresários venderam o gado.

“As fábricas de laticínios preferem comprar o leite em pó porque é mais barato, menos trabalhoso e não precisa mandar o caminhão refrigerado para transportar o produto“, comenta Saulo (foto). Atualmente, o preço de venda do litro de leite pago aos produtores nas cidades do Agreste varia entreR$ 0,90 e R$ 1,10.

O diretor da Fazenda Gentil, Pedro Galvão, vendia o litro do leite por R$ 1,30 em maio de 2013. Agora, vende por R$ 1. Ele está deixando de faturar R$ 1 mil por dia, o que significa uma perda de R$ 30 mil mensais. A empresa tem 300 vacas e emprega 30 pessoas, em Pedra, no Agreste. “Está pior do que na seca. Todos os custos de produção subiram. Já comecei a vender o gado para saldar os compromissos”, lamenta.

Com as chuvas deste ano, os produtores voltaram a produzir mais leite. No entanto, um dos principais compradores, a indústria de laticínios continuou a usar o leite em pó porque a Portaria Interministerial 14/2013 de 22 de abril do ano passado deu a permissão desse uso por três anos. Resultado: sobrou mais leite in natura e o preço caiu.

“A grande vantagem disso é que estão sendo gerados empregos no Paraguai, Argentina e Uruguai, países que estão vendendo esse leite em pó. Aqui, só a Nestlé está comprando o leite in natura. O restante usa o leite em pó”, critica o produtor José Maria Dias, diretor da Fazenda Redenção, em Garanhuns.

Aos 52 anos, José Maria está no ramo de produção de leite “desde que nasceu” e é a segunda geração da família na atividade. No entanto, o preço baixo do produto levou ele a procurar uma pessoa para comprar a fazenda e os animais. “Assim que começar a vender o gado, vou dispensar os funcionários, porque não tem condições de continuar desse jeito”, conclui.

A fazenda de José Maria emprega seis pessoas e tem 225 cabeças de gado.

* Fonte: JC/Angela Fernanda Belfort-Economia


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