sexta-feira, 3 de abril de 2015

EXPECTATIVA PELA BEATIFICAÇÃO DE DOM HELDER

O DOM DA PAZ

Menos de um ano depois do pedido de abertura do processo de beatificação de Dom Helder Câmara, a Congregação das Causas dos Santos do Vaticano enviou uma carta à Arquidiocese de Olinda e Recife [Estado de Pernambuco], no Brasil, afirmando ter recebido a solicitação. Segundo o texto assinado pelo prefeito da Congregação, cardeal Angelo Amato, é preciso aguardar o posicionamento de outros dicastérios para poder emitir seu parecer. Caso o Nihil Obstat (Nada Consta) seja emitido pelo Vaticano, a Igreja em Olinda e Recife terá autorização para iniciar o processo em nível diocesano.

A Congregação recebeu a solicitação em junho de 2014. Com o chamado "Nihil Obstat", a ser emitido pelo Vaticano, a Arquidiocese de Olinda e Recife poderá iniciar o processo diocesano. O passo seguinte é reconhecer suas "virtudes heróicas". Para isso, uma subcomissão jurídica se reunirá para estudar os textos publicados por Dom Helder em vida e analisar os testemunhos de pessoas que conheceram o "dom da paz", como é popularmente conhecido o monsenhor Helder Câmara.

Depois, o responsável pelo caso, nomeado pela Congregação para as Causas dos Santos, preparará um documento chamado Positio, que recolherá os informes e estudos. Uma vez aprovado, o Papa Francisco pode conceder o título de "Venerável Servo de Deus”. O passo posterior é a beatificação. Ser beato ou beatificado significa apresentar um modelo de vida à comunidade e também atuar como intermediário entre os fiéis e Deus. Finalmente, para ser proclamado santo é imprescindível um milagre, que deve ocorrer após a beatificação. 

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Uma subcomissão jurídica se reunirá para estudar os textos publicados por Dom Helder e analisar testemunhos de pessoas que conheceram o "dom da paz".

PEQUENA BIOGRAFIA

Dom Helder Câmara nasceu em 07 de fevereiro de 1909, em Fortaleza, Estado do Ceará, Brasil, e teve 12 irmãos. Após entrar muito jovem no seminário da capital cearense, se tornou padre aos 22 anos. O primeiro momento da sua vida religiosa foi marcado pela militância junto a instituições políticas conservadoras, como a Ação Integralista Brasileira, entre 1932 e 1937. Mais tarde, o religioso considerou a participação como um erro da juventude. Já radicado no Rio de Janeiro, desde 1936, passou a optar por um trabalho assistencialista, quando fundou departamentos da Igreja voltados para atenderem aos mais necessitados.


reproducaoApós um longo período atuando na então capital do Brasil, Dom Helder foi enviado para o Maranhão. Com a morte do arcebispo de Olinda e Recife, foi então mandado para Pernambuco, onde desembarcou em 12 de abril de 1964, poucos dias após o golpe civil-militar no Brasil. Na capital pernambucana, o religioso desembarcou em meio a uma relação conturbada entre Governo do Estado e Igreja. 

Dois dias após a posse, Dom Helder lançou, juntamente com outros 17 bispos nordestinos, um manifesto à Nação, pedindo a liberdade das pessoas e da Igreja. O primeiro grande atrito com a ditadura, entretanto, ocorreu em agosto de 1969, quando o arcebispo foi acusado de demagogo e comunista, por ter criticado a situação de miséria dos agricultores do Nordeste. 

A partir de então, o monsenhor passou a sofrer represálias, inclusive tendo sua casa metralhada, alguns dos seus assessores presos e com o assassinato do padre Antônio Henrique. Em 1970, quando seu nome foi cogitado para o Prêmio Nobel da Paz, o governo brasileiro promoveu uma campanha internacional para derrubar a indicação, já que ele denunciava a prática de tortura contra os presos políticos no Brasil. Também, em 1970, os militares chegaram a proibir a imprensa de mencionar o nome do arcebispo de Recife e Olinda. 

Ele comandou a Arquidiocese de Olinda e Recife até o dia 10 de abril de 1985, quando – por atingir a idade limite de 75 anos – foi substituído pelo arcebispo Dom José Cardoso Sobrinho. Dom Helder morreu em sua casa, no Recife, em 27 de agosto de 1999, devido a uma insuficiência respiratória decorrente de uma pneumonia. Seus restos mortais estão sepultados na Igreja Catedral São Salvador do Mundo, em Olinda. 

Pelo seu trabalho em defesa dos direitos humanos, Dom Helder recebeu vários prêmios internacionais, como o Martin Luther King, nos Estados Unidos, em 1970, e o Prêmio Popular da Paz, na Noruega, em 1974. O religioso é autor de 22 livros, a maioria ensaios e reflexões sobre o Terceiro Mundo e a Igreja. 




ADITAL Com informações da Rádio Vaticano e Religión Digital.

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