quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

AINDA A TRISTE EXTINÇÃO DO FESTIVAL‏ DE JAZZ DE GARANHUNS - Por Ivan Rodrigues



É muito difícil calar-se diante do sepulcral, mas estrepitoso, silêncio da Prefeitura de Garanhuns acerca da inesperada extinção – a 40 dias do seu início - do Festival de Jazz de Garanhuns, em sua 9ª Edição, já consagrado nacionalmente e bem sucedido artística e economicamente, conforme informação oficial no próprio site da Prefeitura após a sua 8ª edição, como se constata e foi resgatado por Ronaldo Cesar, em seu blog. 

Somente após a explosão da malfadada notícia, em declaração ao Jornal do Comércio, na primeira página do Caderno C do dia 19 do corrente, é que a Secretária Gerlane Melo (sem qualquer intervenção do Sr. Prefeito) declara que “a decisão foi tomada de maneira coletiva por outras secretarias envolvidas no planejamento. A gente teve a sensibilidade da importância do evento, porém com a crise econômica que todos os municípios estão passando, nós tínhamos que abrir mão de um dos grandes eventos que realizamos. E o resultado do levantamento nos trouxe os dados de que o jazz era o que tinha o maior custo/benefício. Ele foi suspenso, mas deve ser retomado em 2017.”. 

Depois dessa declaração de Gerlane como representante do coletivo das “secretarias envolvidas no planejamento”, apenas uma nota tida como oficial da Prefeitura, anódina e sem explicar nada, deixa muitas dúvidas no ar que ensejam indagações pertinentes a quem falou em nome da Prefeitura: 

a) Poderíamos saber quais foram as “secretarias envolvidas no planejamento” que tomaram a decisão? 

b) O Sr. Prefeito não participou da decisão e ela foi tomada apenas por algumas “secretarias envolvidas no planejamento” ? 

c) Como até então nunca se falou a respeito, a Prefeitura de Garanhuns está passando por alguma crise financeira ? 

d) Em nome da transparência legal e necessária, porque não se divulga o “resultado do levantamento” e os demais custos/benefícios para comparação com os outros festivais citados ?

e) Por sua reconhecida competência, Gerlane, deve saber muito bem que eventos como festivais não se “suspendem” em nome da continuidade e do desenvolvimento crescente, exigidos para sua consolidação; como falar credulamente que o FJG foi suspenso ? 

f) Como pretender o mínimo de credibilidade, Gerlane, quando se fala em “retomada em 2017”, sabido que será em outra legislatura e com outros possíveis protagonistas ? E mesmo que sejam os mesmos agentes , você pode garantir essa afirmação ? O Sr. Prefeito assina embaixo ? 

g) Você tem alguma desculpa plausível para explicar por que o Sr. Prefeito não assumiu a decisão que você, arriscadamente, assume ? 

h) Tenho a certeza absoluta que você conhece os critérios que norteiam relações custo/benefício de eventos dessa natureza, que envolvem aspectos subjetivos como cultura, educação, arte; econômicos como circulação e acesso a recursos externos, geração de empregos e renda e máxima capilaridade em aporte de despesas dos visitantes atraídos. Qual será a atividade em substituição a esvaziada ocupação de hotéis durante o Festival em 2016 que, conforme informe oficial da Prefeitura, atingiu 95% (noventa e cinco por cento) em sua última edição do Festival em 2015 ? 

i) Com o prejuízo decorrente da extinção do Festival, como ficam os empresários do comércio varejista, dos hotéis, restaurantes, pousadas, artesanato e até o moço da pipoca que, por sinal, até agora não deram o menor sinal de vida ? É simples acomodação ou temor de represálias ? Não merecem a menor satisfação e não deveriam ter sido ouvidos ? 

j) Sem desmerecer o Natal Luz que ficou muito bonito e é elogiável - e sem cabimento qualquer comparação nessa questão - mas todos sabemos que Natal é festa de intimidade familiar; de aconchego dos parentes que sempre se reúnem nessa época; da revoada à casa paterna em busca do colo materno e o retorno telúrico ao rincão da infância. Ninguém faz o percurso inverso e sai do regaço da família para apreciar em terra estranha uma decoração natalina de rua por mais bonita que seja, nem para ouvir Aguinaldo Timóteo em uma noite na frente da Prefeitura. Por critérios subjetivos, foi ótimo para a população que se deleitou, mas onde fica a questão de custo/benefício como critério decisório, que buscaria a renda dos turistas e visitantes para justificar o investimento de um milhão de reais ? 

k) Ao final, reitero a pergunta que não quer calar! Os recursos aplicados nos festivais são despesas ou investimentos ? Não exigem planejamento, programação, avaliação, acompanhamento e monitoração ? Podem ficar ao arbítrio de decisões voluntariosas e irresponsáveis tomadas de última hora ? É normal se extinguir, a 40 (quarenta) dias do seu início, um festival consolidado ao longo de oito anos ? 

Voltarei ao assunto, pois faltam ainda muitos aspectos a considerar e muitas dúvidas a esclarecer!

Ivan Rodrigues

RÁDIO MÚSICA BRASIL MPB

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