segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Entrevista de Médico toca na ferida da saúde em Garanhuns

Em entrevista à Rádio Jornal, o Dr. Paulo Mendonça fez um desabafo sobre o alto número de atendimentos na emergência do Hospital Regional Dom Moura, revelando que 90% dos pacientes poderiam ser atendidos nos PSF´s do município, mas que estes não funcionam adequadamente, por isto a grande procura pelo Hospital. "Ainda bem que tem o Dom Moura. As pessoas precisam entender. O Hospital é para atender pacientes dos 21 municípios, que viriam referenciados". - Afirma o profissional. Mais de 80% dos atendimentos da Emergência Adultos do HRDM são de Garanhuns.

O jornalista Carlos Eugênio fez ampla reportagem sobre o assunto, que vocês podem conferir aqui.

Dr. Paulo Mendonça abordou informalmente três grandes problemas da saúde em Garanhuns. Primeiro, do município não ter seu próprio hospital. Dos 21 municípios da regional de saúde, somente Garanhuns e Jucati não oferecem este serviço à população. Sem menosprezar, até Jupi, Palmeirina e Paranatama têm seus hospitais, que recebem a demanda de primeiro atendimento local. Garanhuns, não.

O médico também criticou os PSF´s, que não atendem a população adequadamente, o que gera a alta demanda no Hospital Dom Moura.

Uma aparente solução seria a abertura da UPA24h, mas parece que não vai sair. O prefeito Izaías Régis já afirmou que não abre se não tiver ajuda do estado ou da união. Esta questão já foi levada ao Governo do Estado e a Brasília.

A obra da UPA24h vai sendo feita a passos de tartaruga, como se não tivesse o interesse de terminar, para não gerar o custo da manutenção, que seria em torno de R$ 1 milhão/mês.

Enquanto isso, a população vai ao Hospital Dom Moura, que acaba tendo intensa movimentação, indo além de suas responsabilidades. E é cômodo para o município, pois os pacientes não entendem e só reclamam do hospital de referência, quando este absorvendo toda a demanda. 

Mesmo com tantos atendimentos, que na emergência ultrapassa os 400 pacientes/dia, o Hospital Dom Moura vem cumprindo sua função regional, e as reclamações, na maioria das vezes, é devido falta de médicos que possam dar agilidade no atendimento das emergências e a falta de pediatras, em alguns plantões, profissional que falta até mesmo nas emergências de hospitais particulares.

E a emergência do Hospital está lá, aberta 24h por dia, sete dias por semana, atendendo uma região de 600 mil habitantes, onde somente Garanhuns tem 140 mil, mas não dispõe de seu próprio Hospital Municipal, e encontra dificuldades de abrir uma Unidade de Pronto Atendimento.

Recém Nascido

Na semana passada, observamos com tristeza o relato de uma mãe que reclamava do Hospital Dom Moura que não teve um pediatra na emergência para atender seu filho recém-nascido. No texto, a mãe revela que teve o filho em outro hospital na cidade, conveniado com o município, e que não teve acompanhamento de pediatra. Ela havia observado que a criança tinha algum problema desde o nascimento, foi quando levou ao Dom Moura, onde não teria encontrado pediatra. A criança foi a óbito, e o Dom Moura voltou à pauta negativa.

O Hospital Dom Moura tem sua própria maternidade, e está se tornando referência regional para casos de Microcefalia. É uma pena que diante do trabalho que está sendo feito, reconhecido pelo estado, com administração estável, equipe compromissada e serviços realizados dentro das normas do Ministério da Saúde, inclusive com classificação de risco nas emergências, casos como o Recém-Nascido, gerem dúvidas quanto ao HRDM, quando outras instituições não cumpriram suas responsabilidades.

Garanhuns não tem um atendimento pediátrico, o Centro da Mulher poderia cumprir esta função, mas nunca ficou tão claro seu real sentido, e se tem, não há o esclarecimento da população. Continua cômodo que todos procurem o HRDM.

A atual gestão municipal fechou o hospital em uma de suas primeiras ações, que chegou a chamar de casa de parto, e fez convênio com outro hospital, repassando esta responsabilidade, somente para servir de maternidade. Aquela mãe poderia ter tido acompanhamento desde o pré-natal até o parto, que pudesse detectar a tempo qualquer problema com o feto e o recém nascido.

Mas tudo estoura no Dom Moura. E aí o desabafo do Dr. Paulo Mendonça.

RÁDIO MÚSICA BRASIL MPB

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