No proximo 13 de dezembro, o Rei do Baião, se vivo estivesse, estaria soprando 100 velinhas, quase uma fogueira de São João. Portanto, o seu centenário. Pernambuco se prepara para comemorar, ou melhor, o Brasil! Filmes foram lançados em 2012, escola de samba foi campeã desfilando sua história. Livros, peças de teatro, CD´s, festas em sua homenagem, etc.
E Garanhuns ainda não deu sua justa homenagem a Luiz Lua Gonzaga. Pelo Brasil afora, nossa cidade é conhecida pelos versos do Onildo Almeida, outro injustiçado por Garanhuns, que dizem: "Conheço uma cidade bem pernambucana, que todo mundo chama de Suíça Brasileira..." Para muitos, o nosso hino!
Não vejo nada em Garanhuns de expressão que leve o nome de um dos dois. Luiz Gonzaga já teve homenagem no Festival de Inverno, que são esquecíveis com o passar dos anos. Onildo Almeida recebeu o título de Cidadão Garanhuense, que sem querer desmerecer, é ainda muito distante do que de fato poderia ter como agradecimento dos garanhuenses. E vejo chegar mais um dia 13 de dezembro, aniversário do Rei, a data mais importante da nossa história cultural, sem que Garanhuns diga-lhes o quanto suas vidas tornaram as nossas mais especiais. Pois eles disseram ao mundo que aqui, em Garanhuns, é onde o Nordeste garoa.
Daí veio a auto-estima dos garanhuenses de terem sua cidade cantada pelo Rei do Baião, veio o orgulho, veio o investimento em turismo, veio o destaque para a cultura, veio o reconhecimento às nossas belezas naturais, fontes de águas cristalinas, clima frio serrano, cidade das flores, entre outros aspectos culturais e turísticos. Um verdadeiro investimento em marketing que nunca foi devidamente pago em reconhecimento ao compositor e ao intérprete, um dos maiores do mundo, que eternizaram Garanhuns como tema de uma linda canção.
Onildo Almeida, aliás, eternizou a Feira de Caruaru com a música que todo mundo conhece e canta. Lá, não esperaram ele morrer para homenagear. Tem uma estátua enorme (não é só busto não, como se costuma fazer por aqui, dá-lhe busto!) na entrada da feira em que todos que passam reconhecem o crescimento da feira popular, e a música vem até sem querer na cabeça. Como acontece aqui, as pessoas já chegam cantando nossa música, ou quando viajamos é a "Onde o Nordeste Garoa" que as pessoas se referem. Gonzaga também ganhou uma estátua no Pátio do Forró, que aliás leva seu nome. E olha, o Rei do Baião era de Exu, mas é tratado com tanta reverência pela Capital do Forró, com direito até a museu, que até parece que ele é de lá.
Aqui, nós temos Dominguinhos, herdeiro do Rei do Baião, mas como não fazemos nada, até seu DVD foi gravado em Nova Jerusalém, onde poderia ter sido num grande show no Festival de Inverno. Pergunta-se: foi oferecido isto a ele? Perdemos muitas indústrias, meus amigos, mas não podemos perder também nossos valores culturais, que é tão importante quanto. Pobre de um povo que perde sua identidade cultural e se escraviza no mundo da mídia e do comércio pseudocultural. A indústria mundial está aí para alienar e formar massa de manobra.
Acho que todo Festival de Inverno poderia começar com Dominguinhos recebendo convidados. Grandes nomes da música brasileira! E ponto final.
Conheço uma cidade bem pernambucana
Que todo mundo chama de Suíça brasileira
Água pura, clima frio na realidade
Garanhuns é uma cidade linda e tão brejeira
Garanhuns, cidade serrana
Garanhuns, cidade jardim
Garanhuns, cidade das flores de amores sem fim
Garanhuns, terra de Simôa
Garanhuns, que terrinha boa
Garanhuns, onde o Nordeste garoa (Onildo Almeida)
Onildo Almeida ainda é vivo mas tem sua estátua. Garanhuns negligencia as histórias de Lula e Dominguinhos.
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publicado originalmente em 12/12/09, atualizado em 27/11/2012.
