O Jornal do Commercio confirmou o que postamos no blog na semana passada (
veja aqui), o Deputado Romário Dias também vai deixar o PTB. A janela para transferência vai abrir e o partido comandado por Armando Monteiro perde também o deputado Álvaro Porto.
Ex-conselheiro do Tribunal de Contas, e antes, como deputado, Romário Dias foi presidente da Assembleia Legislativa. No PTB, reclama de falta de apoio e espaço. Não é o único.
O senador Armando Monteiro não tem conseguido segurar suas bases, nem na capital, onde tem perdido vereadores, nem no interior. Sem contar na ALEPE, onde a oposição vem diminuindo.
No Agreste, a situação trabalhista está praticamente em crise.
Em Caruaru, os dois principais candidatos no momento, Tony Gel e Raquel Lyra, são da base do governo estadual. Djalma Cintra, candidato de Armando, não aparece bem nas pesquisas.
Em Garanhuns, Izaías ainda é amplo favorito para a eleição deste ano, e está sozinho, como apontam meios de imprensa da capital, mas já não está tão confortável como há alguns meses. O próprio governo municipal tem alimentado a oposição com falhas administrativas e polêmicas que poderiam ter sido evitadas. Assim, tem perdido apoio nos formadores de opinião, que refletem na classe média. O prefeito, com as obras de infraestrutura, busca entrar no "povão". Reflexo disso foi a escolha do Festival Viva Dominguinhos no lugar do Jazz, já que fontes de dentro da prefeitura dizem que Elba Ramalho dá votos. O Jazz não. O ideal seria ter realizado os dois.
A situação no Agreste Meridional do PTB e lideranças políticas aliadas a Armando Monteiro está complicada. Além da perda de dois deputados da região, Álvaro e Romário, o PTB vê sua base se esfacelar. Vários prefeitos eleitos com o apoio de Armando Monteiro tiveram problemas durante o mandato, a exemplo de Genaldi Zumba (São João), Renato Sarmento (Palmeirina), Ronaldo Ferreira (Brejão), etc.
Em alguns municípios como Lajedo e Correntes, situação e oposição estão na Frente Popular de Pernambuco.
Em Bom Conselho, o prefeito Dannilo Godoy, que se elegeu com Armando, já havia mudado de lado atendendo pedido de Eduardo Campos. Apenas o grupo de Audálio Tenório segue com Armando. Há outras possibilidades de mudança partidária na região, há algum tempo se fala de Armando Duarte, em Caetés. Aliás, o governador estará na cidade na próxima sexta-feira, inaugurando um colégio, que contou com verba do FEM Estadual. A aproximação vem se consolidando.
Em municípios como Capoeiras e São Bento do Una, Neide Reino e Débora Almeida, ambas do PSB, seguem como favoritas para a disputa. Os principais adversários, Dudu e Washington Cadete são do lado de Armando Monteiro.
Canhotinho, com Felipe Porto, que era oposição, vai para um partido da base do Governo Paulo Câmara. Assim como Lajedo, fica todo mundo no mesmo palanque estadual.
A mudança partidária tem sido vista até como uma questão de sobrevivência, política e econômica. Há quem defenda a reaproximação de Armando Monteiro com a Frente Popular, para tentar a reeleição ao senado. Nomes como Romário Dias poderim agir como interlocutores.
Portanto, o Agreste Meridional, tratado como quartel general do PTB no estado, vai perdendo parte da força trabalhista. E Izaías Régis vai se isolando, perdendo grande parte do grupo que marchou junto em 2012.
HISTÓRIA
Em 2013, em uma entrevista na Colônia de Férias do SESC, quando o então pré-candidato ao Governo do Estado, Armando Monteiro, colocava-se como candidato de Eduardo Campos, aguardando a decisão do líder, perguntamos se ele romperia com a Frente Popular para ser o candidato das oposições, com o apoio de Lula e Dilma. Olhares se cruzaram, pois ninguém ainda no estado havia tocado no assunto, mas o plano já existia. (
relembre aqui)
O deputado Sílvio Costa nos parabenizou pela visão da conjuntura, e incentivou a tocar no assunto, pois o recado chegaria, certamente, a Eduardo.
Foi o que aconteceu. Eduardo não indicou Armando, que rompeu, entregou os cargos e seguiu para a oposição.
Agora, o cenário que se desenha é uma nova ordem política. Caso Armando Monteiro perceba que não terá estrutura para uma nova candidatura ao Governo do Estado, e pense em assegurar seu mandato de senador, pode iniciar um processo de reaproximação. Em 2018 haverá a disputa para duas cadeiras ao senado, atualmente ocupadas por Humberto Costa, que deve disputar para a Câmara dos Deputados, e Douglas Cintra, suplente de Armando.
Resta saber se a Frente Popular aceitaria. Aí entrariam os articuladores. Se o PSB, neste percurso, voltar a apoiar o Governo Federal, o mote da reaproximação estaria pronto.
Se o PSB aceitar entregar as disputas de senado para assegurar os apoios à reeleição de Paulo Câmara, poderia ter Jarbas e Armando como companheiros de chapa. Mas nomes do próprio PSB estão sonhando com estas vagas, como Antônio Figueira e Danilo Cabral.
Discursos intransigentes, como o de Izaías, atrapalhariam estas articulações. O PSB e partidos aliados não aceitariam, na atual circunstância.
Mas anotem aí, pois será pauta após as eleições deste ano.