Do processo de fabricação aos ingredientes, entenda a cerveja e escolha a que tem mais a ver com o paladar.
Com o boom das cervejas artesanais e especiais no Brasil, muitas pessoas têm se apaixonado pelas bebidas mais encorpadas, saborosas e de cores e cheiros mais específicos. Mas muita gente ainda não sabe bem como separar um estilo do outro, o que as diferencia, o que as tornam tão especiais quando comparadas com as industriais e o como elas são feitas. Por isso, no Dia Internacional da Cerveja, comemorado nesta sexta-feira (05), nós conversamos com o especialista no assunto Thomé Calmon, um dos nomes à frente da cervejaria pernambucana Debron Bier, que falou sobre os principais componentes e processo de criação de uma verdadeira cerveja artesanal, para entender e saber escolher a que mais agrada ao paladar. Veja:
Lei da Pureza Alemã
Foi há 500 anos, no dia 23 de abril de 1516, que a Reinheitsgebot foi aprovada em Ingolstadt, na Região da Bavária. “Esse nome difícil de escrever e pronunciar nada mais é que a norma que estabelece que uma boa cerveja deve conter apenas água, cevada, lúpulo e levedura, ou seja, a tão conhecida Lei da Pureza Alemã”, explica Thomé. A partir da manipulação desses ingredientes, é possível formar diversos estilos de cerveja, levando em consideração a torra, qual o tipo de lúpulo, entre outras medidas e sutilezas. Essas características serão definidas a partir da escola cervejeira que serve de referência.
Escolas cervejeiras e estilos
As escolas cervejeiras nada mais são do que as regiões onde são produzidas cervejas há centenas de anos, seguindo alguns parâmetros que influenciam até hoje a produção da bebida em diversas partes do mundo. Os principais países referências são a Alemanha, Bélgica e Inglaterra. Outra escola que vem se popularizando e ganhando seguidores é a Americana, que já tem um estilo específico que está se difundindo entre os apaixonados pela bebida. Esses estilos foram criados seguindo alguns princípios como o de temperatura do local, disponibilidade de insumos, herança histórica e tradições locais. A cerveja criada a partir disto tudo tem um estilo próprio.
Levedura
“Importante ingrediente na produção da cerveja, o levedo é um fermento inativo que provém da fermentação da cevada e é o grande responsável por transformar o açúcar em álcool”, ressalta Thomé Calmon. O levedo de cerveja é derivado de um fungo conhecido como Saccharomyces cerevisiae e, assim como as carnes, também é rico em proteínas, mas com a vantagem de não conter colesterol e gordura. Além disso, é rico em vitaminas do complexo B e cromo, e acaba sendo um aliado do sistema imunológico e promovendo resistência e desintoxicação do organismo. Também reduz os níveis de glicose no sangue e mantém a integridade do sistema nervoso, evitando o estresse e o cansaço mental e físico.
Lúpulo
O lúpulo é uma flor da família das canabidáceas e serve para dar à cerveja o amargor, além de contribuir com o aroma da bebida. Esse ingrediente especial possui ainda potentes antioxidantes naturais, que retardam a deterioração de tecidos celulares. Alguns componentes do lúpulo têm efeito bactericida.
Malte e cevada
Quase toda colheita de cevada do país é direcionada para a fabricação de cerveja. A cevada é um cereal. “Para ser usada na fabricação de cerveja, ela tem que ter um teor mínimo de 95% de germinação. Quando os grãos brotam, o processo é interrompido e eles, que agora eles já são considerados malte verde, são secos ou torrados”, conta Thomé. Dependendo da intensidade da seca e da torra é que o malte adquire determinadas características de coloração e aroma, podendo ser mais claro ou mais escuro, determinando as características da bebida. Depois de produzido, o malte se junta aos demais ingredientes como o lúpulo, água e levedura, finalizando a produção da cerveja.