Dizem que são sete colinas, mas falemos apenas das três mais conhecidas.
As outras devem estar mais perdidas ainda.
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GARANHUNS E SUA PLANÍCIE- Vista da caixa d'água, vendo-se o Parque Municipal e, à esquerda, o "Monte Sinai", em 1928 |
Monte Sinai
A construção do Colégio 15 de Novembro, em 1925, fez com que os moradores da rua do Alecrim fossem transferidos para a planície localizada pouco adiante. O então prefeito Euclides Dourado percorreu, junto com seu assistente Leonilo Ferreira do Nascimento, a antiga estrada que ligava a cidade ao povoado de Frexeiras. Ao passarem ao lado de um vistoso monte, o prefeito logo batizou o local com o nome “Monte Sinai”. Subiram o monte e passaram a apreciar a planície que se estendia até a cidade. Verificaram, também, que o monte ficava em perfeito alinhamento com a Rua do Recife, atual Rua Dr. José Mariano. O prefeito comentou:
– Nesta planície é que deveria ter sido iniciado o povoamento da cidade.
Seu assistente sugeriu perguntando:
– E porque o senhor não funda outra cidade nela?
O prefeito passou o dia e a noite pensando naquela planície e no monte de onde se descortinava bela vista panorâmica. Em sua mente vinha a imagem do local cortado por ruas e avenidas e, dentre elas, a principal fazendo a ligação com a rua do Recife. No dia seguinte, convidou seu amigo, o engenheiro Ruben van der Linden, para um passeio pelo local e expôs seu plano de ocupação daquela enorme àrea. Dias depois o novo bairro estava demarcado com algumas ruas e uma avenida principal fazendo a ligação com a cidade. Com esta avenida, que viria a se chamar Rui Barbosa, já aberta, foi possível chegar de carro até o topo do Monte Sinai.
Numa das visitas que fazia ao Monte para verificar o andamento das obras, o prefeito levou seu fllho José Maria Dourado. Enquanto apreciavam o panorama, perguntou-lhe:
– Que nome poderíamos dar a este local?
O filho, pego de surpresa, não vacilou: Heliópolis. O velho ficou resmungando o nome e o filho passou a explicar:
– Sim, Heliópolis, não vê o senhor como o sol ilumina toda a planície?
E assim ficou oficialmente batizado o bairro, chamado de “Arraial” durante muito tempo, e que se tornou o mais importante da cidade.
Na década de 1960 foi instalado no topo do Monte Sinai um Hotel de luxo, tendo em vista o aproveitamento turístico que o local propiciava. Mas o empreendimento não progrediu e o prédio hoje é ocupado por um destacamento da Polícia Militar. Toda a área em torno do Monte Sinai encontra-se ocupada por novos bairros e, assim, aquela colina ficou perdida como ponto turístico.
Ipiranga,
Mirante da Independência
No ano do centenário da Independência do Brasil, em 1922, Dom João Tavares de Moura, o primeiro bispo da Diocese de Garanhuns, criou a freguesia de São Sebastião da Boa Vista, com a inauguração da respectiva igreja. Como era setembro, o então prefeito Coronel José de Almeida Filho decidiu aproveitar a data para lançar no topo do monte, um pouco acima da igreja, a pedra fundamental de um majestoso monumento ao centenário da Independência da Pátria. Novamente, o engenheiro Ruben van der Linden foi chamado para desempenhar o papel de arquiteto e projetar o monumento e o traçado dos arredores. No ano seguinte, nas festividades do dia da Independência, o monumento foi inaugurado com toda a pompa e circunstância que a data requer.
O bairro da Boa Vista, devido a proximidade do centro da cidade, logo prosperou e em pouco tempo o local já estava habitado inclusive pelo comércio. Na década de 1960, o local se constituía em ponto de visitação para apreciar boa parte da cidade. Mas, pouquíssimas pessoas conhecem o local como uma referência ao centenário da Independência. Hoje, se alguém perguntar pelo Mirante da Independência, ninguém vai saber onde fica. Eu dei esse nome na época em que costumava subir até ali para apreciar a vista panorâmica da cidade. O local é mais conhecido como “pirulito da Boa Vista” e, se existe um nome oficial, está completamente esquecido pela população. Do ponto de vista turístico, também é completamente ignorado pelos visitantes, pois não há referência alguma sobre o local, não obstante se constituir numa área bem planejada e agradável ao lazer. O monumento encontra-se hoje no centro de uma grande zona residencial e comercial, e tem sido visitado por algumas poucas pessoas curiosas em saber o que significa aquele monumento. É a segunda colina perdida.
Dentro em breve, em setembro de 2022, o monumento completa seu primeiro centenário. Garanhuns talvez seja a única cidade do País a comemorar o centenário da Independência nestes moldes. Desse modo, daqui a pouco, teremos o centenário do Monumento e o bicentenário da Independência. Uma oportunidade excepcional para a revitalização e reinauguração do local aproveitando as festividades que a data enseja. Garanhuns destaca-se hoje como uma cidade turística, mas não vem fazendo uso de suas colinas, mesmo aquelas já demarcadas e que hoje encontram-se praticamente perdidas como locais de atração turística.
Este foi o único local construído como ponto de atração turística, devido ao local onde se encontra. A 260 metros de altura sobre o centro da cidade e 1030 sobre o nível do mar, o prefeito Celso Galvão construiu um monumento encimado com a imagem do Cristo Crucificado, esculpida pelo artista Renato Pantaleão, inaugurado em dezembro de 1954. Na década de 1960 era a colina mais conhecida de Garanhuns e também a menos visitada, devido a distância. De lá é possível uma visão de longo alcance e 360 graus sobre a cidade. Há pouco tempo, estive por lá e encontrei o local renovado e aprazível, com alguns visitantes, mas sem infra-estrutura alguma disponível aos turistas. Não existe sequer uma condução que leve o turista até o local. Em 2022, na comemoração do bicentenário da independência, caso a prefeitura encampe a ideia de restaurar o Mirante da Boa Vista, seria oportuno dar alguma visibilidade, também, ao Alto do Magano ou “Cristo Redentor”, como é mais conhecido na cidade.
JOSÉ DOMINGOS BRITO - CACHORRA DA MOLESTA
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