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Chamados de G3 por alguns dos candidatos nanicos, o trio Dilma, Marina e Aécio estava no debate da Rede Globo (02/10) com os presidenciáveis com estratégias bem diferentes. O encontro foi o último antes da eleição de domingo.
Nas pesquisas de simulação de segundo turno, os números mostram que Aécio é um candidato mais fácil de ser batido por Dilma, então a presidente entrou no debate com a intenção de polarizar com o mineiro, deixando a Onda Marina com os outros candidatos, portanto fora dos clássicos frente a frente. A estratégia deu certo, e acho que Aécio foi o melhor dos três, teve mais visibilidade, a plateia ajudou, com a claque ao final de suas intervenções. Fico imaginando Eduardo nesse cara a cara com Dilma!
Marina foi bem, mas só teve um momento com a presidente, e pegou fogo, com o debate continuando até quando os microfones foram cortados. A presidente não foi tão bem, mas de novo não foi uma tragédia, melhor pra ela com sua estratégia de escolher Aécio e fugir de Marina. O eleitorado de Marina ainda tem mais afinidade com Dilma que com Aécio, e todos sabem disso. Já o de Aécio vem todo pra Marina, por isto, Dilma prefere o senador. Aécio enalteceu Fernando Henrique, que estava presente, e não lembro de Dilma ter citado Lula. Quem foi mais citado foi o marketeiro de Dilma, João Santana. "Nem seu competente marketeiro será capaz de reescrever a história" - Disse Aécio ao afirmar que o Bolsa-Família é uma união de programas sociais do governo FHC, como o bolsa-escola e o bolsa-alimentação. "O programa social do PT era o Fome-Zero, que ninguém nunca entendeu direito o que era e sumiu do governo" Complementou. Quanto ao Bolsa-Família, Marina prometeu criar o 13º salário do programa de distribuição de renda.
Marina foi segura. Dilma intranquila, em alguns momentos parecia ler perguntas e respostas, ou tentar recordar as frases prontas para cada assunto. A presidente se sustentava em uma apostila robusta separada por temas.
Alguns outros bons momentos merecem destaque, como a enquadrada que Eduardo Jorge e Luciana deram em Levy Fidelix, este horripilante. Eduardo deu a oportunidade de Levy pedir perdão por suas agressões homofóbicas no debate da Record, e Luciana disse que ele deveria sair algemado do debate, caso fosse criminalizada a homofobia. Ah! Luciana já chegou criticando oligopólios no país, e citou a própria família Marina, dona da Rede Globo. Marina respondeu rispidamente sobre o seu Programa de Governo a Luciana Genro, que aliás recebeu um dedo na cara de Aécio que disse: "Você não está pronta para disputar uma presidência da república". Luciana é a famosa franco-atiradora!
Aliás, é apaixonante ver Eduardo e Luciana falarem, eles me recordam aquele PT romântico da primeira eleição de Lula em 1989. Na época, Dilma era brizolista, aliás, de todos estes, a presidente é quem tem o discurso mais distante daquele PT de outrora, que demonizava a corrupção. Hoje banaliza e diz que "Qualquer pessoa pode ser corrupta" - Palavras de Dilma. Talvez por isto ache normal alianças com Renan, Sarney e Collor, e elogie diretores presos por desvios milionários em estatais.
Gostei do encerramento de Eduardo Jorge, e acho que este é o sentido de um primeiro turno. "Você que me viu e ouviu nos debates, e concorda com nossas posições, vote no Partido Verde, para que possamos influenciar no segundo turno e termos forças para as mudanças necessárias".
Acho que é isto mesmo, quem se identifica com um candidato deve votar nele, e deixar que um segundo turno aconteça, para que haja um outro momento onde os dois lados se expressem melhor, façam alianças e permitam modificações nos planos de governo para congregar os apoios, como o importante PV de Eduardo e o PSOL de Luciana, que trazem avanços nas políticas de Direitos Humanos. São em momentos assim que podemos ver as posições partidárias. Enquanto isso, algumas legendas vivem de fazer acordos de bastidores, não lançam candidatos e são sempre governo.
No geral, gostei muito do debate. O enfrentamento traz os percalços de cada candidatura, diferente do guia eleitoral, onde para Dilma o Brasil é um mar de rosas e a oposição vê o caos, tudo com sorrisos de propaganda de margarina.
Deveria ter mais encontros assim, pois para se ter ideia, foi o único na emissora de maior penetração nos lares brasileiros.
Ah! Faltei falar do Everaldo, também não tem o que dizer. Consegue ser pior que o Levy, ao menos não incita a violência e a discriminação. Se não fosse o nome Pastor na frente, não teria repercussão alguma.
Ah! Outra coisa. O tal do Levy chegou a dizer que Eduardo Jorge não tinha moral alguma para criticar-lhe. Sinceramente, com sua história de lutas, coerência e conhecimento técnico e político, é dos poucos que tem moral para fazer críticas a muitos ali, e interessante, é contundente sem perder o bom humor, rir de si mesmo e avançar, levando seu partido a um patamar de respeitabilidade. E o que dizer do PRTB de Levy? Um ultradireitista que se autotitula cristão, e espalha preconceito e ódio a minorias.