sábado, 21 de fevereiro de 2015

ADRIANO OLIVEIRA: Política, CPI e Pesquisas‏



Fui convidado a construir estratégias para um candidato à prefeitura de Marte na próxima eleição que ocorrerá em 2016. Estou entusiasmado. Afinal de contas, terei a oportunidade de realizar pesquisas e orientar estrategicamente um competidor que concorrerá na eleição de outro planeta. O que devo fazer, inicialmente, para definir as estratégias do candidato?

Pesquisas qualitativas e quantitativas são os instrumentos necessários e imediatos para a construção de estratégias. Através delas identificarei os desejos e os sentimentos dos eleitores, decifrarei a conjuntura política, perceberei as aspirações do eleitorado, compreenderei os riscos e as oportunidades de cada competidor. De posse de todas estas informações, estarei apto a propor estratégias iniciais para o candidato.

Não é adequado criar estratégias desprezando pesquisas. A construção de estratégias eleitorais não demandaachismo. Demanda interpretação científica da realidade e do comportamento do eleitor. Quando estou diante de candidatos, eles, geralmente, propõem um conceito de campanha. E de antemão, indago: este conceito adveio de pesquisas ou é achismo?

Resumir a pesquisa quantitativa em intenção de voto e rejeição dos competidores é ato falho. Os candidatos que hoje têm 5% podem vencer a eleição. E os competidores rejeitados em 2015, podem ser os admirados no próximo ano. Estratégias eficientes, advindas de pesquisas inteligentes, proporcionam a redução da rejeição de candidatos e a conquista de eleitores.

Diante do exposto, indago: qual é a utilidade da CPI das pesquisas eleitorais? Por que as pesquisas eleitorais são fortemente questionadas? A tese de que pesquisas eleitorais influenciam a escolha dos eleitores é verdadeira. Elas influenciam parte dos eleitores, mas para tal feito ocorrer, a pesquisa precisa de credibilidade e de condições eleitorais propícias.

Em certa eleição, numa cidade de Pernambuco, um apostador de eleições disse para o candidato X que apostou R$ 200.000,00 em sua vitória em razão de que a pesquisa feita por “Y tinha dado ele na frente”. Neste caso, a credibilidade e a reputação de Y condicionaram, inicialmente, o ato do apostador. A quantia e a informação da pesquisa contagiaram outros apostadores, os quais também são eleitores. Mas quantos apostadores existem no universo total de eleitores?

Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) entre os eleitores recifenses em outubro de 2014 constatou que 21% dos sufragistas reconheceram que as suas escolhas para presidente da República sofreram influência das pesquisas. Assim como sofreu e sofre das políticas sociais, das notícias da imprensa, e, em municípios menores, das fofocas em torno de assuntos privados.

A pesquisa serve como informação para o eleitor. Assim como as notícias da imprensa. Proibir a divulgação de pesquisa é ato arbitrário numa democracia, mesmo diante da possibilidade de que ela pode influenciar a decisão dos eleitores. A estratégia ótima para os que hoje estão incomodados com a divulgação de pesquisas é construir estratégias para estar à frente nas pesquisas vindouras e com isto tentar influenciar parte dos eleitores.

Adriano Oliveira, Doutor em Ciência Política. Professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Sócio-cotista da Cenário Inteligência. Autor de vários artigos e livros sobre o comportamento do eleitor brasileiro:

Leitor do blog reclama asfaltos mal feitos em Garanhuns





Olá Ronaldo, soube pela mídia garanhuense que os asfaltos de algumas ruas do Morada do Sol, seriam refeitos, obedecendo acordo judicial, mas o que foi feito, foi pela metade, na minha rua fizeram uma operação tapa buraco em alguns trechos, soube que deveria ser recapeado e não somente reparos mal feitos, como pode ver nas fotos.

Moro na Rua João Tiago Filho e se você vier olhar, vai perceber o péssimo serviço realizado pela Ancar. Gostaria de um posicionamento da Prefeitura e do Ministério Público, que segundo a mídia, estipulou até uma multa diária, caso não cumprissem o prazo. Não cumpriu e agora como fica? essa multa está sendo cobrada?

Esperamos muito tempo por estas ações, e só gostaríamos que fossem bem realizadas.

Gostaria de agradecer a atenção e parabenizá-lo pelo excelente blog.

Por favor não divulgue o meu nome.

Abraços.

Leitor do Blog

ABSURDO: Progresso retira ônibus Expresso Recife-Garanhuns



Caro Ronaldo Cesar,

imagem ilustrativa
Ficamos surpreendidos ao constatarmos no TIP – Recife e na Rodoviária de Garanhuns que, após a venda da Jotude à Progresso, além de alterações nos horários sem comunicação prévia, foi SUPRIMIDO o ônibus expresso, serviço essencial e de boa qualidade que existia há décadas.

Nossa Clínica de Oncologia UNIONCO, que inauguramos recentemente em Garanhuns, já tem programação definida da vinda de médicos de nossa clínica na capital, farmacêuticos e enfermeiras em horários previstos no modelo de expresso, o que poderá ser inviabilizado caso se mantenha a suspensão desse meio de transporte .

Imagino que inúmeras outras pessoas e empresas serão prejudicadas.

Hoje só há, na rota Garanhuns–Recife e Recife-Garanhuns, ônibus do tipo semi-expresso em todos os horários com parada em Caruaru, Cachoeirinha e Lajedo, entendendo a viagem para até 4 horas e meia.

Como se trata de concessão de serviço público e flagrante piora no transporte de uso comum devem se pronunciar, com ênfase , as esferas de controle governamentais e a sociedade em geral

Atenciosamente

Eduardo Miranda

MAURÍCIO COSTA ROMÃO: A Verdade Eleitoral em Grande Escala!



No comando das duas Casas no Congresso, o PMDB está ressuscitando o seu projeto de sistema eleitoral, enterrado na legislatura passada, segundo o qual a eleição de parlamentares seria feita pelo voto majoritário, numa variante magnificada do modelo distrital puro - o chamado “distritão” - em que a circunscrição eleitoral seria um grande distrito (o estado, o município). 

Nesta versão pmdebista, Pernambuco, por exemplo, seria um grande distrito com 25 cadeiras de deputado federal em disputa, cuja ocupação dar-se-ia pelos 25 candidatos mais votados da eleição. 

E esta é a característica distintiva do sistema majoritário-distrital, tanto o do modelo puro quanto a da sua versão aumentada: a vontade do eleitor é respeitada e os candidatos mais votados do pleito são os eleitos (a chamada “verdade eleitoral”), independentemente de que partido provenham. 

Entre as vantagens associadas à adoção do distritão no País podem ser destacadas: (a) a simplicidade (inteligibilidade); (b) o desejo do eleitor é atendido; (c) fortalece os principais partidos e evita fragmentação partidária; (d) tende a neutralizar propostas políticas radicais; (e) impede que puxadores de votos arrastem candidatos com pouca dimensão eleitoral e (f) acaba com as coligações proporcionais. 

É importante destacar este último item, o fim das coligações partidárias. Com efeito, nos sistemas majoritários para eleição de parlamentares, por definição, vota-se somente nos candidatos e não há voto de legenda nem quociente eleitoral (requisito dos sistemas proporcionais). Sem este último, as coligações proporcionais não fazem sentido. 

Embora as coligações proporcionais sejam a maior deformação do modelo vigente no Brasil, sua extinção encontra fortíssima resistência entre partidos e parlamentares e, portanto, qualquer proposta de sistema de voto que não as mantenha terá sempre dificuldade de avançar no Legislativo federal.

Do ponto de vista das desvantagens do distritão, são contabilizados os seguintes aspectos: (a) reduz o pluralismo político do Parlamento; (b) as minorias perdem influência e diminuem participação; (c) há supervalorização das pessoas famosas (extrapartidárias) em detrimento da qualidade da representação; (d) aumenta a personalização da representação; (e) há pouca ligação entre o parlamentar e as bases eleitorais (baixa accountability); (f) os partidos são relegados a plano secundário; (g) reduz, mas não impede competição entre os correligionários de um mesmo partido e (h) o custo de campanha é elevado, favorecendo a influência do poder econômico;

Já se sabe que é inapropriado falar-se de superioridade de um sistema de voto sobre outro. De fato, num mapeamento internacional de atributos desejáveis dos sistemas eleitorais (feito por Jairo Nicolau) alguns atributos são satisfeitos por certos sistemas, mas não o são por outros, e nenhum sistema satisfaz a todos os atributos. 

Ademais, todos os sistemas eleitorais têm vantagens e desvantagens. Não existe sistema eleitoral perfeito e não há nenhum método de divisão proporcional justo. 

De onde se deduz que a mudança de um sistema para outro envolve ganhos e perdas. Ganhos, quando o País absorve as vantagens do sistema a ser adotado e se livra das desvantagens do que abandonou. Perdas, quando se desfaz das vantagens do que abandonou e incorpora as desvantagens do que vai adotar. 

A questão, portanto, ao fim e ao cabo, é: vale à pena gastar toda essa energia, inclusive com emenda à Constituição (exige quórum qualificado), para mudar do sistema proporcional de lista aberta, vigente há 70 anos no País, para o distritão-majoritário? 

Se for por conta de alguns méritos do distritão, tais como o fim das coligações proporcionais e a eliminação dos puxadores de voto, a lipoaspiração desses itens pode ser feita dentro do próprio sistema atual.

Se for porque o distritão tem o ponto forte (ausente no modelo proporcional) da verdade eleitoral, pode-se contra-argumentar que essa característica acarreta concentração de votos nos partidos mais fortes e o conseqüente aniquilamento de agremiações menores ou ideológicas, exacerbando a questão da representatividade social e política. 

De novo, não é o caso de aperfeiçoar o modelo vigente?

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Maurício Costa Romão, Ph.D. em economia, é consultor da Cenário Inteligência e do Instituto de Pesquisas Maurício de Nassau. http://mauricioromao.blog.br. mauricio-romao@uol.com.br

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