terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Em cerimônia recheada de simbolismos, Anielle Franco e Sonia Guajajara tomam posse

Ministras estarão à frente das pastas da Igualdade Racial e dos Povos Indígenas, respectivamente; ao final do evento, o presidente Lula sancionou o Projeto de Lei nº 4.566 de 2021, que tipifica injúria racial como crime de racismo

Sonia Guajajara agradeceu o presidente Lula pela confiança e ineditismo - Foto: Ricardo Stuckert


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, na última quarta-feira (11/01), da cerimônia de posse da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. O evento, realizado no Palácio do Planalto, contou com a participação de diversos ministros, parlamentares e autoridades, além de representantes dos povos indígenas e integrantes de movimentos ligados à igualdade racial.

A posse ganhou ainda mais significado diante dos atos violentos praticados no último domingo contra o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal. Um dos momentos marcantes da cerimônia ocorreu logo na abertura, quando o Hino Nacional foi cantado, em parte, na língua Tikuna pela cantora e jornalista do estado do Amazonas, nascida na Região do Alto do Solimões, djuena Tikuna e, em parte em português, pela cantora preta Marina Íris.

A ministra Sonia Guajajara foi a primeira a tomar posse. Sua apresentação, em mais um ato simbólico, foi feita pela deputada federal Célia Xakriabá (PSOL), primeira mulher indígena a ser eleita deputada federal por Minas Gerais. "A luta pela mãe terra é a mãe de todas as lutas", resumiu a parlamentar, citando uma frase da própria ministra dos Povos Indígenas. "Com a parentíssima ministra a ancestralidade toma posse", prosseguiu Xakriabá.

Dirigindo-se ao presidente Lula, Sonia Guajajara agradeceu pela confiança e ineditismo da Pasta e, na sequência, ligou a posse à luta que os povos indígenas e os pretos travam há séculos, bem como aos atentados do último domingo contra o Estado Democrático de Direito no país. "Presidente Lula, eu o parabenizo pela coragem e ousadia de reconhecer a força e o papel dos povos indígenas neste momento em que é tão importante o reconhecimento deste protagonismo dos povos indígenas frente à preservação do meio ambiente e da justiça climática ao criar esse Ministério inédito na história do Brasil", declarou a ministra.

"Povos estes que resistem há mais de 500 anos a diários ataques covardes e violentos, tão chocantes e aterrorizantes como vimos neste último domingo aqui em Brasília. Porém, sempre invisibilizados! A partir de agora, essa invisibilidade não pode mais camuflar a nossa realidade. Estamos aqui, de pé, para mostrar que nós não iremos nos render", prosseguiu Guajajara.

"A nossa posse aqui hoje, minha e de Anielle Franco, é o mais legítimo símbolo desta resistência secular preta e indígena do nosso Brasil. Nós estamos aqui hoje neste ato de coragem para mostrar que destruir essa estrutura do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional, não vai destruir a nossa democracia", frisou a ministra dos Povos Indígenas.

Ao longo de seu discurso, Sonia Guajajara ressaltou diversos problemas enfrentados pelos povos indígenas no país e lembrou as milhares de mortes durante a pandemia, os casos de intoxicações provocados por mercúrio do garimpo ilegal e pelos agrotóxicos nas grandes lavouras, e as invasões em territórios indígenas, entre outros.

"Não é mais possível convivermos com povos indígenas submetidos a toda sorte de males, com desnutrição infantil e de idosos, malária, violação de mulheres e meninas e altos índices de suicídio. Eu arrisco dizer que muitos povos indígenas vivem uma verdadeira crise humanitária em nosso país. Agora, estou aqui para trabalharmos juntos e para acabar com a normalização deste estado inconstitucional que se agravou nestes últimos anos", afirmou a ministra.

IGUALDADE RACIAL -- A apresentação da ministra da Igualdade Racial foi feita por Camila Moradia, ativista social e líder do Movimento por Moradia no Complexo do Alemão. "É com imenso prazer que eu, Camila Moradia, cria do Complexo do Alemão, apresento a vocês Anielle Franco, cria da Favela da Maré, Complexo da Maré. Anielle, sem dúvida, será uma defensora ferrenha das políticas afirmativas", disse.

Emocionada, a ministra lembrou-se da tragédia que se abateu sobre sua família com o assassinato de sua irmã, a vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, em 2018. E prometeu empenho na luta por um país mais justo e livre do preconceito e do racismo. "Desde o dia 14 de março de 2018, dia em que tiraram a Marielle da minha família e da sociedade brasileira, tenho dedicado cada minuto da minha vida a lutar por justiça, defender a memória, multiplicar o legado e regar as sementes da minha irmã", recordou Anielle.

"A cerimônia de hoje guarda um simbolismo muito especial. Depois dos atentados sofridos por esta casa e pelo povo brasileiro no último domingo, pisamos aqui como um sinal de resistência a toda e qualquer tentativa de atacar as instituições e a nossa democracia", prosseguiu. Anielle Franco lembrou ainda que há 20 anos, durante seu primeiro mandato, o presidente Lula criou a primeira Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial no Brasil e disse que o Ministério da Igualdade Racial representa um avanço nesta causa.

"Daremos um passo à frente na institucionalização da luta política antirracista com esse Ministério, trazendo o racismo para o debate público, institucional, de um modo até então não vivenciado pela política brasileira, uma conquista fruto das mobilizações sociais incessantes que antecederam e culminaram nesse momento", frisou a ministra. "Precisamos, enquanto sociedade, ter uma conversa franca e honesta que países no mundo inteiro já estão fazendo: encarar a realidade de que essa política da guerra nas favelas e periferias nunca funcionou. Pelo contrário. Apenas segue dilacerando famílias e alimentando um ciclo de violência sem fim", reforçou.

A ministra também agradeceu a todos os que estão a seu lado na missão que ela terá pela frente. "A vocês dirijo o meu mais profundo agradecimento por aceitarem esse desafio de reconstruirmos e avançarmos com as políticas de igualdade racial neste país. Não menos importante, quero agradecer às pessoas que aceitaram nosso convite para estarem aqui conosco, no palco dessa cerimônia de posse, e que representam o Brasil que queremos construir: com um protagonismo de mulheres, mulheres negras, quilombolas, povos de matriz africana, ciganos, juventudes faveladas, indígenas, periféricas e povos de comunidades tradicionais".

RACISMO -- Ao final da cerimônia, o presidente Lula sancionou o Projeto de Lei nº 4.566 de 2021, que tipifica injuria racial como crime de racismo. O Projeto de Lei altera a Lei nº 7.716, de 1989, e o Código Penal de 1940, e prevê pena de suspensão de direito em caso de racismo praticado no contexto de atividade esportiva ou artística e penas para o racismo religioso e recreativo e para o praticado por funcionário público.

Currículo de Anielle Franco

A ministra da Igualdade Racial nasceu na comunidade carioca da Maré. Formou-se em Jornalismo pela Universidade do Estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, e em Inglês e Literatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Defendeu seu mestrado em Relações Étnico-Raciais e hoje é doutoranda pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), cursando linguística aplicada. Ela também é uma das quatro brasileiras selecionadas, em 2021, para a nova edição Ford Global Fellow, programa que visa fortalecer lideranças globais da Fundação Ford.

Currículo de Sonia Guajajara

A ministra dos Povos Indígenas é do povo Guajajara/Tentehar, que habita nas matas da Terra Indígena Arariboia, no Maranhão. Internacionalmente reconhecida por sua luta em defesa dos direitos dos povos indígenas, seus territórios e por sua luta pelas causas socioambientais, Sonia fez parte da Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (Coapima), da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e atuou como coordenadora executiva da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil).

Também integrou o GT dos Povos Originários e foi parte fundamental na construção do relatório que mapeou as principais demandas e prioridades para os povos indígenas, como a demarcação de terras -- completamente paralisada desde que Bolsonaro assumiu a presidência. Ela é conselheira da Iniciativa Inter-Religiosa pelas Florestas Tropicais -- Conselho vinculado à ONU, e participa, desde 2009, das discussões climáticas desde seu território até as Conferências Mundiais do Clima (COP). Há anos, ela leva denúncias ao Parlamento Europeu, entre outros órgãos e instâncias internacionais.

Prefeitura leva serviço de coleta de exames laboratoriais para unidades da área rural de Garanhuns

Em 2022, mais de 55 mil exames laboratoriais foram oferecidos para moradores dos sítios, distritos e comunidades do município

foto: ASCOM Garanhuns / Hilton Marques


Uma das estratégias adotadas pela Secretaria de Saúde de Garanhuns, e que busca reduzir prazos, além de oferecer mais agilidade e conforto para a população, é a coleta de material para exames laboratoriais nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) da área rural. Ao todo, o serviço está disponível em sete unidades localizadas nos sítios, distritos e comunidades, que recebem regularmente as equipes dos laboratórios para atendimento da população.

Depois da realização dos exames, os resultados são entregues aos pacientes nas unidades de saúde, em um prazo de até oito dias. As coletas acontecem de segunda a sexta-feira, nas unidades do Estivas, Iratama, Miracica I, Miracica II, Miracica III, São Pedro, e Sítio Jardim. São atendidos exclusivamente os pacientes agendados, conforme solicitação médica recebida pela Central de Regulação do Município.

Em 2022, mais de 55 mil exames laboratoriais foram realizados para pacientes da área rural de Garanhuns. O material biológico coletado é encaminhado para análise em laboratório, e o resultado pode ser retirado na Unidade de Saúde onde o exame foi realizado.

“Nosso intuito é facilitar o acesso dos moradores da área rural, para que eles possam realizar os exames necessários, sem precisar se deslocar para a cidade. Esta é uma meta estabelecida junto ao prefeito Sivaldo Albino, para que possamos ampliar as formas de acesso da população aos serviços de saúde”, ressaltou a secretária de Saúde, Catarina Tenório.

Haddad defende retomada do crescimento econômico aliada à sustentabilidade fiscal e ambiental

No primeiro dia do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, ministro falou ainda sobre os ataques à democracia em Brasília

Haddad: "o Brasil pode contribuir muito no crescimento aliado à sustentabilidade" 
Foto: Washington Costa (Ascom/MF)


As reformas econômicas no Brasil caminham junto com os objetivos de sustentabilidade. Esta é uma das principais mensagens que o governo federal pretende passar à comunidade internacional durante o Fórum Econômico Mundial, que tem início nesta segunda-feira (16/1) em Davos, na Suíça.

Representando o Brasil -- juntamente com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva -- o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou em conversa com jornalistas que o modelo de economia defendido pelo Brasil é o da “retomada do crescimento com sustentabilidade fiscal e ambiental e justiça social”, declarou.

De acordo com Haddad, o Brasil pode contribuir muito no crescimento aliado à sustentabilidade e está preparado para assumir o lugar que a comunidade internacional espera do país. “A sustentabilidade ambiental ganhou uma dimensão na qual o Brasil tem muito a oferecer, não apenas em termos da retomada dos compromissos históricos, com o combate ao desmatamento e [o uso de] energia renovável, mas, também, na pauta do desenvolvimento”, afirmou o ministro.

Ataques à democracia

A respeito dos ataques aos prédios dos três Poderes, ocorridos em 8 de janeiro em Brasília -- quando o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto foram invadidos, vandalizados e depredados --, Fernando Haddad reafirmou “o compromisso do Brasil com o combate a todo tipo de extremismo que vem dando a tônica no último período”, disse.

Haddad enfatizou a resposta imediata dada pelas instituições brasileiras em relação aos ataques. “No dia seguinte, houve uma intervenção na segurança pública do Distrito Federal, o afastamento judicial do governador do DF, a visita dos 27 governadores a Brasília, que se reuniram com os três Poderes da República -- Executivo, Legislativo e Judiciário -- num gesto de compromisso com a Constituição e com a agenda democrática. Acredito que a própria maneira como o presidente Lula vem se comportando, e a receptividade que ele vem tendo tanto no Congresso, quanto no Judiciário, é a prova de que nós estamos no bom caminho”, considerou. O ministro ressaltou, ainda, o compromisso do Brasil em dar suporte às jornadas democráticas que o mundo está vivendo, sobretudo na América do Sul.

Até Aras e Lyra agem contra bolsonaristas golpistas de 8 de janeiro



A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) 39 acusados de invadir o Congresso durante os atos terroristas de 8 de janeiro. A PGR pede a condenação dos envolvidos por seis crimes, entre eles tentativa de golpe de Estado, além do bloqueio de bens no valor de R$ 40 milhões para a reparação dos danos. Veja mais detalhes.

► O movimento faz parte de uma guinada do procurador-geral Augusto Aras, criticado nos últimos anos por alinhamento a Bolsonaro e que agora mira os golpistas. Mais cedo, ele recebeu do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), notícia-crime com informações sobre o terrorismo em Brasília. Lira colocou a advocacia da Casa à disposição para ajudar o Ministério Público Federal (MPF) e, questionado a respeito do inquérito que apura se o ex-presidente instigou os terroristas, declarou que “cada um responde pelo que faz”.

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