Ontem teve uma reunião de Dilma com todos os presidentes de partido que apoiam sua reeleição. Acontece sempre, mas esta serviria para ouvir táticas para derrubar o crescente desempenho nas pesquisas de Marina Silva.
O PT tem duas ideias. Uma é simples, mostrar que Marina é oposição e com sinais de direita, pela defesa do Banco Central independente, o que aos olhos petistas seria entregar o órgão controlador do sistema financeiro nacional para o mercado. Deixar claro que a ex-senadora é oposição tem o objetivo de barrar o crescimento de Marina entre simpatizantes do PT. Tem muita gente que gosta de Lula e não vê Marina como uma adversária, pelo menos não como Aécio.
Segunda questão. Se Dilma partir para o ataque contra Marina é praticamente escolher sua adversária no segundo turno, e as pesquisas já mostraram que é mais fácil se a presidente pegar Aécio. Assim, deixe que o senador Mineiro se indisponha, assumindo o papel, nem sempre aprovado, de acusador. Dilma não pode bater, além disso, pesaria em sua imagem, que já é carregada como gerentona e autoritária. A imagem de Marina neste momento lembra à de Lula, aquele nordestino sofrido que se impôs no meio da política nacional, vencendo todas as adversidades. Tinham medo de Lula presidente, coisa que está se repetindo com Marina. Lula está sendo usado em grande parte das respostas quando tentam confrontar Marina.
Para o PSDB o problema é maior, pois já se configura estar fora do segundo turno, e deixar de ser a oposição natural ao governo petista. Dizer que o crescimento de Marina é somente uma onda passageira motivada pela morte de Eduardo Campos, é não reconhecer o potencial eleitoral que a candidata trouxe de 2010. Ela esteve lá, e se saiu muito bem, Aécio é que é o novato da história. Embora jovem, com bom discurso, o senador paga o preço do ranço de um partido que está envelhecendo, e vê surgir um novidade mais próxima do povo, com cara de povo. Não sabe como tratar.
O PSDB terá que esquecer por um momento Dilma Rousseff e aprumar sua artilharia para Marina, na tentativa de desqualificá-la. Veja só. Em cinco minutos, Aécio terá que continuar enfrentando Dilma, para ser a referência da oposição. Terá que mostrar os percalços de Marina, para tentar frear a onda, e ainda falar de si próprio, o que pretende fazer, caso se eleja.
Em eleição quando surge a onda, com alegria, envolvimento natural das pessoas, parece que propostas, projetos, ideias, ficam em segundo plano, pois se personaliza a campanha, e o processo político perde o contexto. A proposta de Marina é uma só, a mudança na política nacional, aquilo que Eduardo chamava de Nova Política, e neste momento de cansaço com os nomes de sempre, as constantes denúncias de corrupção, negociatas pelo poder, etc, parecem ser o principal problema nacional a ser combatido. (Terá sido o recado das ruas?)
Esta onda da renovação acaba se sobressaindo para a população além do debate de propostas, até mesmo sobre os excelentes programas Pronatec, Minha Casa Minha Vida, Bolsa Família e Mais Médicos. Escolhidos pelo Marketing da campanha de Dilma para marcar o governo atual, e a possibilidade de sua continuação.
Um exemplo de como estão sem saber como tratar Marina: Quando criticam sua aproximação com o Agronegócio e o sistema econômico, vai de encontro a sua imagem de radical, e acaba agradando a quem tinha receio que ela não entendesse nada de economia e colocasse o Brasil a perder. A crítica acaba gerando uma confiança eleitoral, em várias escalas sociais.
Mas se Marina continuar crescendo, e Aécio em queda, não se surpreendam se começarem a falar em vitória no primeiro turno. E aí, todos, petistas e tucanos, colocarão a artilharia total para derrubar o palanque da neo-socialista.