segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Considerações a respeito do centenário de Gonzagão e da sua música que não toca mais

 


Era 1989, 2 de agosto, e a música brasileira perdia seu mais importante nome. Aquele que impactara todo um país, influenciara os demais segmentos culturais ao seu redor e resgatara o orgulho de ter nascido no Nordeste Brasileiro. Seu nome era Luiz, e parece que este nome é predestinado. Nossa literatura tem um Luis Jardim, que viveu recentemente seu centenário. E na presidência teve outro Luiz que nasceu por aqui.

Mas este Luiz da música é o nome a ser homenageado agora, e é bom que o Nordeste se prepare para cantar seu centenário, com a força e criatividade que o Mestre merece.

Garanhuns também tem seus motivos para homenagear. Da boca de Luiz, Garanhuns ficou famosa como uma cidade de atrativos turísticos e de clima frio, na imortal "Onde o Nordeste Garoa", de Onildo Almeida.

Precisamos de projetos, e que nossos artistas e produtores culturais entrem em ebulição. Não podemos somente esperar pelo poder público, seja municipal ou estadual, que deveriam agrupar e fomentar. Não podemos ver o centenário de Luiz Gonzaga passar em brancas nuvens, ONDE O NORDESTE GAROA.

Que me desculpem os Chicanos, Jobinianos, Caetanos, entre outros grandes ícones da música, mas ninguém foi mais importante para a cultura nacional e nossa identidade que o Velho Lua. E como é bom saber que somos um país abençoado com tantos excelentes compositores e intérpretes, é pena ver alguns enclausurados hoje enquanto as rádios privilegiam a música internacional ou a nacional de qualidade horrenda.

Quem foi que disse que forró só pode tocar quando amanhece o dia ou quando o sol se põe. Tem que tocar o dia todo, a qualquer hora. O povo gosta de Flávio José, Santanna, Jorge de Altinho, Petrúcio Amorim, Maciel Melo, Elba Ramalho, Trio Nordestino, Gláucio, Mourinha, Alceu, Nando Cordel, Dominguinhos, entre tantos outros.

Gente, resgatemos o orgulho de ser nordestino na programação das nossas emissoras de rádio. Tem rádios da região que passa o dia todo tocando músicas estrangeiras, ou impostas pela mídia televisiva. Lembrem que são concessões públicas e que devem prestar um serviço ao cidadão. Tragam de volta ao nosso dia-a-dia lendas como Marinês, Jackson do Pandeiro, Jacinto Silva, Gonzaguinha, Coroné Ludugero e o Rei do Baião. Na programação normal da emissora, como um resgate tradicional.

Pernambucanos libertários que expulsaram os holandeses e conclamaram sua independência em Olinda, não deixem novamente sermos invadidos pela pseudocultura internacional que cria um nordestino consumidor igual ao de São Paulo e de Nova York, sem nem sabermos onde fica, cultuando ídolos midiáticos fabricados pela indústria e espalhados pela TV e Internet. Não! Nossas rádios podem ser trincheiras nesta batalha! Precisamos formar nossos radialistas da região para que entendam suas importâncias sócio/culturais. Alceu esperneou porque não toca mais no rádio, e está certo!

As Rádios comunitárias precisam exercer seu papel de defesa da comunidade, já que em tese, não teriam o objetivo da lucratividade.

Não chamem de forró o que forró não é! Não coloquem no mesmo patamar quem cantou sua gente e sua região com inspiração, com aqueles outros que incitam a violência, a prostituição, o alcoolismo e a vadiagem! Esse resultado denigre uma música original nascida originalmente. Luiz Gonzaga não merece!

Ele merece uma grande festa de centenário, mas as prefeituras contrataram as bandas que mudaram o repertório somente para entrar nos cofres.

Não toca mais Gonzaga nem seus discípulos nas programações diárias das emissoras, somente nos programas específicos. Infelizmente, principalmente porque toca sertanejo, samba, pagode, hip hop, etc.

PUBLICADO ORIGINALMENTE ME 01/08/2010.

RÁDIO MÚSICA BRASIL MPB

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