Deputados governistas se alinham ao novo presidente da Câmara, que resolveu tentar barrar processo de impeachment |
O presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão, decidiu anular o processo de votação do impeachment de Dilma Rousseff, após se reunir, sem agenda pública, com o Advogado Geral da União, José Eduardo Cardozo, que defende a presidenta e o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que tem influência sobre o deputado.
Nesta segunda, pela manhã, Waldir supreendeu todo mundo com sua decisão, sem consultar o jurídico da Casa Legislativa, a Mesa Diretora, os parlamentares, assinando um ofício anulando o processo e pedindo ao Senado a devolução dos documentos enviados.
A crítica foi generalizada. Meios de comunicação do país e estrangeiros, políticos de (quase) todos os partidos, analistas, setores econômicos, mundo jurídico... Waldir Maranhão entrou para a história por sua decisão esdrúxula, segundo comentários nos meios de comunicação. Todo mundo bateu do presidente interino da Câmara.
O presidente do Senado, Renan Calheiros, considerou a decisão do presidente da Câmara intempestiva, ou seja, fora do prazo, já que a Câmara já havia cumprido sua função, e agora, restava ao senado a leitura do relatório da Comissão do Impeachment, o que foi feito, abrindo agora um prazo de 48h para a votação em plenário, que por maioria simples, ou seja, 41 senadores, pode afastar Dilma por até 180 dias, e depois, com o quorum de 2/3, ou seja, 54 senadores, afastar definitivamente a presidenta do Brasil. Renan, aliado do governo até há alguns dias, bateu pesado na decisão de Maranhão.
Waldir Maranhão sai desmoralizado do processo, pela ampla rejeição jurídico-política, somente defendida pelos parlamentares da base do governo, principalmente do PT e do PCdoB.
Com o que fez nesta segunda-feira, Maranhão perde qualquer condição de continuar presidindo a Casa, e deve sofrer retaliação da oposição, que já mostrou ter ampla maioria. Como não deve renunciar, é mais provável que o novo presidente já tenha que responder no Conselho de Ética, podendo ter até o mandato cassado.