terça-feira, 12 de abril de 2011

Gerências Regionais de Cultura - O governador vai topar a parada!

Vamos à segunda parte da resposta do governador Eduardo Campos ao nosso questionamento na entrevista coletiva. Lembrando que já falamos da Copa-2014, que pode passar por Garanhuns e na terceira parte abordaremos a cidade como um polo formador de inteligência e tecnologia.

A gestão da Fundarpe da forma como tem sido feita ao longo dos anos é centralizada, falamos da gestão, ao contrário dos eventos que têm cada vez mais atingido mais cidades e regiões. Porém a forma de incentivo e gerenciamento é metropolitana, o que acaba beneficiando a parcela cultural que está mais próxima do poder, negligenciando os artistas do interior a um isolamento, pois eles têm que ir em busca do fomento de suas produções longe de casa. Por isso a maioria nem vai.

Essa forma de gestão também enaltece a figura do produtor, que geralmente mais instruído, conhece os meios de lançar seus projetos e vê-los aprovados, coisa que é dificultoso para quem está no interior do estado longe desse processo. A exemplo, Garanhuns, que é uma cidade-polo, não tem visto aprovar projetos de seus artistas, até porque muitos nem participam da concorrência anual do Funcultura. Imagine então outras cidades da região com menor capacidade gerencial.

É claro que existem exceções, e alguém vai conhecer um ou outro projeto que conseguiu ser produzido com as bençãos da Fundarpe e do Funcultura.

Na maioria das vezes, quem quiser trabalhar com cultura que se banque, corra atrás. Tem que fazer micro-projetos para sair pegando qualquer coisa dos comerciantes locais para fazer seu CD, livro, peça de teatro, evento, o que quer que seja. E Garanhuns, comparada a enxurrada de trabalhos que vêm de Recife pra cá no Festival de Inverno, não deixa nada a dever. Quando a gente olha os CDs produzidos nas garagens da capital, tem sempre lá a chancela da Fundarpe.

Para isso precisamos aproximar o órgão gestor da cultura pernambucana do artista do interior do estado. Em Garanhuns os representantes só aparecem nos dez dias do Festival de Inverno, e muitas vezes com uma distância metafórica como se ainda estivesse longe daqui. Parece que somos apenas o palco, ou como se a Fundarpe não fosse de Pernambuco, fosse do Recife e eles estivessem trazendo cultura para nós. Totalmente errado.

Existem gerências regionais de saúde e educação, pois há a demanda local de organização. Com a cultura também é assim. Claro que não na mesma proporção. Mas precisamos aproximar os nossos escritores daqueles que têm a obrigação de analisar os projetos regionais, para não termos que ficar suprimidos à indústria cultural pernambucana que vem do centro metropolitano.

Ao fazermos esse questionamento, o governador entendeu e ponderou que nas oito regiões do estado por onde passou ouviu esse reclame, esse pedido. Claro, os artistas estão se sentindo excluídos.

Assim, perante todos os jornalistas presentes ele disparou - "Vou topar essa parada!". Disse Eduardo e completou, o Fernando Duarte também já entende assim, e vamos fazer mais, vamos regionalizar o Funcultura, para que uma comissão local possa analisar e aprovar os projetos.

Garanhuns ficará marcada como a cidade que provocou a descentralização da Fundarpe e a democratização do Fundo de Incentivo à Cultura Estadual.

Quero ver na estante os livros do Rafael Brasil, Antônio Cândido, Eliane Simões, Wagner Marques, entre outros bons escritores, para colocá-los ao lado dos de Roberto Almeida, Carlos Janduy, Nivaldo Tenório, Paulo Gervais, João Marques, etc.

Quero ver os CDs, as peças de teatro, dança, espetáculos, exposições do Helder, Hilton Marques e Fernando.

As produções do reisado de Seu Luiz Gonzaga e de todos mais da região. Capoeiras tem um reisado maravilhoso a exemplo de Paranatama.

Nossos artistas devem produzir mais e melhor, para criar nossa movimentação cultural cotidiana e deixar de viver de festivais.


Temos uma cultura explêndida que precisa ser vivenciada, mas não se faz isso sem investimento.

Aliás, cadê nossa política local de incentivo à cultura? Já tem tudo aprovado pela Câmara de Vereadores, fundo, conselho, etc. Falta colocar para funcionar. Alô prefeitura!

RÁDIO MÚSICA BRASIL MPB

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