sábado, 4 de fevereiro de 2012

Eduardo Campos precisa entender Garanhuns, uma cidade que pensa e respira.


Garanhuns é uma cidade diferente. Vejam aí mais um exemplo acontecendo, ao vivo e em cores. O governador teve quase a unanimidade dos votos na cidade. De repente, um atropelo aqui e ali, e a indisposição está instalada no meio das classes política, econômica e pensante da cidade.

Existem vários exemplos estaduais de políticos que vieram, foram bem votados, mas não conseguindo entender a cidade, o que ela é nem o que quer, acabaram por perder o bonde da história e os votos do passado. Jarbas Vasconcelos é o exemplo mais recente.

Mas existem exemplos em Garanhuns também, dentre eles Izaías e Sivaldo.

O deputado vem perdendo votos a cada eleição. O povo espera dele que traga indústrias, mude a vida da cidade. O homem fala, fala, fala na assembleia, mas como não pode decidir, acaba perdendo no conceito da população. Talvez por isto queira o executivo. A questão é que quando era da oposição, Izaías falava como se quando fosse eleito iria mudar tudo. E a gente continua sem receber indústrias. O deputado aprendeu que é dependente, e legislando não conseguirá realizar o que ele mesmo deseja. Ele disse que se o povo estivesse profissionalizado as indústrias viriam. Abriu cursos e as indústrias estão indo para cidades que não tem gente com formação. Pura decisão político-comercial.

É verdade também que estamos em um ritmo mais acelerado que os anos 80 e 90, devido o constante crescimento nacional, principalmente no Nordeste durante e depois do governo Lula. E em Pernambuco, boom econômico que vive o estado. E Eduardo é enaltecido por isto.

E Izaías, criticado ou defendido, foi a voz de Garanhuns para Pernambuco nos últimos dez anos. Mas só ele sabe o que penou na última eleição.

Sivaldo viveu os altos e baixos de uma roda gigante. Homem forte no governo Silvino, é hoje voz isolada da oposição, passou um aperto danado na última eleição de vereador. Recebeu uma marcação direta do governo municipal e ainda a opinião pública que achou seu tom raivoso no debate com Luís Carlos.

Conseguiu se reeleger, amenizou o discurso sem deixar a oposição, foi candidato a deputado e teve oito mil votos em Garanhuns. É candidato natural, pois está em sintonia de novo com a cidade. Precisa acertar o compasso com o setor econômico do município, depois desta celeuma do feriado de 4 de fevereiro. Fica com a população e bate com o comércio, pode até estar certo, mas pra ser prefeito precisa encontrar o meio termo que agrade a todos. O comércio vem numa pendenga de um mês de janeiro e há quinze dias de um carnaval. São quase dois meses em banho-maria. Então este feriado precisa ser rediscutido, pois fechando o comércio, para (de parar) a movimentação econômica do muncípio. Quem é comerciante sabe.

Mas isto só se faz conhecendo a cidade e vivendo o seu dia-a-dia. Conversando. Interagindo. Garanhuns é participação. As pessoas querem dar a opinião, debater, fazer parte de um projeto.

Garanhuns adora reunião. Todo mundo sabe o que deveria ser feito.

Por isto Eduardo Campos precisa entender esta cidade. Garanhuns pensa e respira. Aqui realmente é diferente, não tem como governar de gabinete, tem que estar na rua, conhecer as pessoas. Seus 93% não foram seus, foram uma resposta a Jarbas, um apelo à mudança, uma esperança de dias melhores. Garanhuns votou no futuro e no novo.

Garanhuns quer participar. Talvez por isto o projeto de Antônio João seja tão difícil. Além de não respirar a cidade, ainda foi uma candidatura pronta, apresentada e ponto final. Sem participação.

Talvez seja este um dos erros de Luís Carlos. Não esteve onde deveria estar. Fez muito pela periferia, mas não estava lá, conversando, ouvindo o povo, ou chamando para conversar as pessoas que fazem a cidade funcionar. Ser mais participativo e social. Acabou se isolando politicamente.

Aliás, nossa classe política está longe do meio pensante, das universidades, dos profissionais liberais, da classe econômica que investe na cidade.

Garanhuns gosta do cotidiano, da boa conversa, estar presente, conhecendo e ouvindo. Amílcar, Ivo Amaral, Bartolomeu, Silvino e Luís Carlos de fato não nasceram aqui, mas contaram decididamente em suas eleições suas vidas sociais, a popularidade, a aproximação não apenas com o eleitorado, mas com as pessoas, as amizades, ... E isto não se faz em 24 horas.

Esta cidade que faz 133 primaveras, como colocamos na FOLHAVOX, é diferente, e talvez este seja seu charme, uma cidade que pulsa, parece ter mais vida que nós, pobres mortais que passaremos por ela.

E ela, de presente, pede somente que seja ouvida e que possa participar.
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Não sei o autor da bela foto do Relógio das Flores, deve ser o Fernando Amaral, que postou no facebook.

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