Na programação da Esplanada Cultural Guadalajara aconteceu subitamente uma mudança no seu perfil. A concepção durante muitos anos seria de unir o novo e o experiente. Era o de juntar grandes nomes da música nacional com outros que antecipávamos o seu sucesso. Isto aconteceu com Vanessa da Mata, Zeca Baleiro, Chico César, Lenine, etc. Que hoje fazem parte do primeiro time da MPB, quando vieram mostrar seus primeiros trabalhos ainda não tinham a visibilidade nacional que hoje desfrutam. Outros nomes eram as figurinhas carimbadas. Neste ano a concepção mudou, são poucas as apostas e os nomes veteranos estão mais distantes do primeiro time, alguns já passaram por ele mas hoje não têm mais esse destaque nacional. O jornalista Roberto Almeida na coletiva de lançamento da programação chegou a defini-los como artistas em "fim de carreira". Nomes como Odair José, Wanderléa, Moraes Moreira, Jorge Ben Jor, Rita Lee... Segundo ele estão mais próximos do final que do sucesso que tiveram outrora, e não é demérito, é constatação. Não que não possam estar no Festival de Inverno, podem sim, mas não lhes deve ser dada a responsabilidade de serem os "grandes nomes" do evento porque não têm mais o impacto na mídia nacional que um dia tiveram. Precisaríamos ter novos nomes como Vander Lee, por exemplo, e essa banda Cachorro Grande que veio, mas que no contexto fica quase como exceção. Temos um público turista jovem que vem ver Maria Rita e O Rappa, mas não curte muito do que está aí. Além disso tem hora que fica parecendo um Festival feito por gente de Recife, com gente de Recife e para gente de Recife. Olhemos a programação e descobriremos que nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não enganam não. Nos outros palcos e polos precisamos investir em nomes conhecidos para levar público sem desmerecer os que lá se apresentam. Mas o auge do palco pop foi no ano que teve Los Hermanos, Pitty e Lobão. Deu público pra todo mundo e até as bandas iniciantes tocaram pra mais gente do que tocam hoje. A mesma coisa já aconteceu no instrumental, palco já pisado por Xangay, Elomar, João Donato, Yamandú Costa e tantos outros. Algo precisa ser repensado com responsabilidade e sem política, somente culturalmente falando e gerencialmente exposto.