A questão não é administrativa. Embora não seja espetacular, a administração de João da Costa nem é tão ruim assim na capital pernambucana, o problema foi a desconstrução política de seu governo e a perda da base de apoio dentro e fora do seu partido.
Eleito debaixo da asa de João Paulo, o prefeito se afastou já nos primeiros raios de sol de sua gestão, ou melhor, nas trovoadas de janeiro. Sabendo que o PT tem dois grandes líderes que brigavam por indicações maiores, para serem ministros, senadores, governadores, etc, João da Costa demorou a se escorar em Humberto, pelo qual sempre foi tratado como sendo cria de João Paulo, e portanto, nunca fez parte de seu grupo. Ficou, assim, solto, e se viu quase na necessidade de criar uma terceira-via dentro do PT.
Com a prefeitura na mão, não foi difícil conduzir aliados ao longo dos anos, mas não firmou compromissos, não tinha seu grupo forte politicamente. Foram quatro anos de desconstrução daquele projeto que unificou os partidos de esquerda na capital sob a liderança inequívoca do PT.
Chegando a época eleitoral, tem muita gente dentro da prefeitura que torce pela volta de João Paulo. E mais uma vez, para se tornar a alternativa corrente, João da Costa foi para Humberto, que acenou positivamente, para não ver o crescimento de João Paulo. Porém, os adversários acertaram os ponteiros, pois seria bom para ambos, João Paulo na prefeitura e Humberto no Palácio do Campo das Princesas.
Mas este projeto não agradaria ao governador, que pretende conduzir sua própria sucessão.
Para evitar isto, Eduardo Campos entrou no jogo, e apoiou o prefeito, criou para ele uma agenda positiva que surtiu efeito e João da Costa voltou a ser bem avaliado, ainda muito aquém do que poderia e deveria, mas voltou a crescer. Era a melhor alternativa para João da Costa.
Antes disso, Eduardo chegou a pensar em ter seu próprio candidato: Fernando Bezerra.
Mas Eduardo também desistiu de João da Costa, viu que não seria interessante apostar suas fichas em uma candidatura petista que poderia naufragar num segundo-turno e ele sair como perdedor na capital. E também caiu fora, patrocinando um novo projeto: O também petista Maurício Rands. Uma terceira-via próxima ao palácio, onde bate ponto como secretário.
João da Costa foi ficando isolado. Perdeu apoio das figuras maiores de seu partido no estado e a base de sustentação do governo do estado.
Lideranças nacionais ainda buscam fortalecer o projeto da reeleição, mas vai ficando difícil. A pá de cal pode vir de Lula. Caso o ex-presidente peça que João da Costa desista da reeleição, não haverá mais saída para o garoto de Angelim.
Ele, busca se fortalecer dentro da prefeitura, criando mecanismo que demonstrem sua capacidade eleitoral e sirvam de argumentos aos caciques da estrela-vermelha, e que possam lhe dar a vitória num bate-chapa na convenção, se chegar até lá!