O PSDB é conhecido como um partido em que seus integrantes ficam em cima do muro, não se destacam pela contundência política, têm pecha de intelectuais distantes do povo. Três destes líderes dão a característica depois espalhada por todos: FHC, Serra e Alckmin. O primeiro foi presidente da república, os outros dois ainda conseguem alguma influência em São Paulo, aliás, o PSDB tem sido um partido onde suas lideranças nacionais saem de São Paulo.
Aécio Neves vai tentar acabar com estes tabus. É mineiro, senador, neto de Tancredo, e... só. Não tem sido uma pessoa presente no noticiário. Não faz o mínimo esforço para se tornar uma figura nacional, e por isto a mídia e a massa política nacional já perceberam com o governador pernambucano tem mais tino, mais presença, mais argumentos e mais bala na agulha. Eduardo Campos vem se preparando para ser presidente da república, tanto na esfera administrativa, onde criou uma nova forma de atuação, com elementos da iniciativa privada com metas, objetivos, gráficos, cobranças, demissões de incompetentes, menor influência da esfera política,planejamento estratégico, auxiliares técnicos competentes, visão de futuro...
Mas também no campo politico, criando um grupo que possa enfrentar os grandes conglomerados do PT e do PMDB. E ainda o PSDB, que seria a alternativa costumeira.
A derrota de Júlio Delgado foi comemora como uma vitória na Câmara dos Deputados, pois mostrou a força do partido para enfrentar a força política do palácio.
E a partir de agora, a candidatura de Eduardo a presidente passou a ser tratada abertamente, como fez o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque.
Em Pernambuco, Eduardo tem praticamente a hegemonia política. Vejam o exemplo de Jaboatão, que Elias era oposição, e hoje o vice-prefeito é do PSB. O PMDB de Jarbas já está lá. Em Petrolina Júlio Lóssio está mais preocupado com a administração que fazer política. O DEM de Mendoncinha só fez um prefeito em Pernambuco, em Canhotinho, Felipe Porto, mas que não tem influência estadual. Portanto, Eduardo Campos governa como um rei. Absoluto. Oposição legislativa, quase nada.
Eduardo sabe que Dilma Roussef tem altos índices de aprovação, mas também da reprovação de algumas situações. Eduardo tem argumentos para confrontá-la, pois sabe também que seu projeto se identifica no que há de bom no governo federal, pois é um aliado, arredio, mas aliado, e oferece algo mais, que é o seu jeito de governar. É hoje voz representativa do Nordeste e dos entes federativos que desejam novo pacto. Brigou pelos royalties. Modernizou administrativamente Pernambuco. Estes serão grande argumentos, além de dizer que o país cansou da dobradinha PT-PSDB, sendo necessário um passo adiante, sustentável e com credibilidade. Embora use com sapiência sua relação com o ex-presidente Lula.
Com isto dá pra vencer Dilma? Pode ser que não. Mas 2018 estará batendo na porta no outro dia, e Eduardo estará fazendo a pauta do país, tendo se tornado a mais importante figura política nacional, coisa que Marina Silva não conseguiu. É uma questão de imagem e competência, tanto no trato administrativo de quem está sendo bem avaliado, quanto no xadrez político-eleitoral. E Eduardo tem jogado como mestre.
Quanto a Aécio... Ah! Quem sabe ele aceitasse ser o vice? Eduardo entra no jogo para protagonizar, e sabe que ser o vice do mineiro ou de Marina, seria perder vários anos de seu projeto maior.
Talvez a única vaga de vice que interessasse fosse mesmo de Dilma, porém, ainda assim, com a discussão de 2018 na mesa e o espaço no governo onde tivesse a projeção necessária para o projeto da futura eleição.
Como pelo cenário, não se desenha desta forma, pela vitória do PMDB nas duas casas do Congresso Nacional, Eduardo Campos parte para carreira solo. E se o resultado de 2014 der ao governador pernambucano a projeção que ele precisa, somente Lula teria força suficiente para emparelhar nas urnas.
Eduardo sabe começar lá atrás uma campanha e vencer uma disputa. Era pra ser 2018. Ainda mais se tiver o apoio da mídia insatisfeita com Dilma, como se desenha.