A Câmara de Garanhuns acompanhou o Instituto Histórico e as recentes descobertas de documentos que provam a criação de Garanhuns em 10 de março de 1811, portanto há 203 anos, uma justiça histórica que resgata ao município o devido tempo, marcando sua importância no desenvolvimento do interior do Nordeste. Não se explicava Garanhuns ser mais jovem que muitos outros municípios que pertenciam à sua jurisdição.
Os registros encontrados são relevantes, como a própria Carta Magna Imperial, assinada por D. João, em 1811. Um documento de valor inestimável que o professor Cláudio Gonçalves, presidente do IHGG, em um intenso trabalho de pesquisa, encontrou na Torre do Tombo, em Lisboa-Portugal, inclusive o original manuscrito. Já postamos aqui.
Outros documentos históricos assinados por Alfredo Leite Cavalcante (o maior historiador de Garanhuns), Luís da Silva Guerra e Luís Souto Dourado (todos postados aqui no blog), datados de 1970 e 1950 mostram que Garanhuns sempre tratou sua Data Magna como 10 de março.
O 4 de fevereiro, data também importante da nossa história, comemora-se a elevação de vila a município, em uma metáfora, seria como a cidade ter ficado "de maior", entretanto, comemoramos até o fim da vida, a data de nascimento, que foi em 10 de março de 1811. Sob a legislação da época, a vila era um município, com comarca e demais autoridades constituídas. É assim que comemoram os municípios, vejam Recife e Olinda, que têm quase a idade do Brasil, e naquela época não existiam os municípios como se vê na atual estrutura federativa do país.
São duas datas históricas, cada uma com sua importância.
A questão do feriado e se o comércio abre ou não abre, transcende o debate histórico, e embora este não possa ser dissociado, entendo como um outro debate, que foi unido pelo tema, mas que mereceria um espaço próprio para apresentar à população. A questão de ser feriado ou não, é um debate político-administrativo, e não meramente histórico. Muitos outros elementos passam a influenciar: Legislação (Constituição Federal), comércio, indústria, política, etc.
Pernambuco há muito estava sem comemorar sua Data Magna, só fixada recentemente em 06 de março, com comemoração no primeiro domingo do mês. Como uma pessoa que aniversaria na terça e marca a festa para o sábado.
A questão das pessoas terem o feriado para não trabalhar acabou suplantando a questão devidamente histórica. Como se trata de um tema polêmico, com variantes e atores por todos os lados, cada um analisa sob suas influências.
Eu, até como membro do Instituto Histórico, preferi me debruçar somente com a questão tradicional, e acredito que o resgate histórico foi feito com o reconhecimento do dia 10 de março como a original Data Magna. Mais que isso, o que vai ser feito e de que forma será comemorado, vai além das atribuições do Instituto.
Gostaria de ver a história contada nas escolas e que enaltecessem a importância sócio-cultural-econômica de Garanhuns, com a valorização dos artistas (inclusive na produção de suas obras e resgate do que já existe de importante) mais do que festas de rua superficiais e descartáveis.
Por isto, se o comércio vai fechar, ou não, não poderia ganhar mais dimensão do que o debate histórico que resgata 202 anos de uma terra bravia, de índios e negros, onde o céu existe entre as Sete Colinas.
Dou-me por parcialmente satisfeito, entendendo a importância das duas datas, mas quero ver de que forma serão tratadas, inclusive há um projeto do vereador Sivaldo Albino para que a história de Garanhuns seja disciplina obrigatória em nossas escolas, e justamente em um momento em que voltamos no tempo para reescrevê-la.
De próprio punho, Alfredo Leite Cavalcanti registra em 1950, o Dia de Garanhuns, 10 de março |