"O maior legado de Miguel Arraes de Alencar foi o compromisso com a redução das desigualdades sociais. A trajetória do ex-governador de Pernambuco foi realmente exemplar, mas posso aqui destacar dois momentos: a criação do Movimento de Cultura Popular (MCP), quando Arraes foi prefeito do Recife; e o Acordo do Campo, que teve como princípio a implantação da justiça na relação trabalhista dos canavieiros com os donos de usinas, no seu primeiro mandato como chefe do Executivo pernambucano". Foi o que disse o governador João Lyra Neto, na manhã desta segunda-feira (15/09), durante a cerimônia que marcou a passagem dos 35 anos do regresso do ex-governador a Pernambuco. Arraes permaneceu exilado na Argélia por um período de 14 anos, retornando ao Brasil em 1979, ano em que foi promulgada a Lei 6.683, conhecida como a Lei da Anistia, ainda durante a ditadura militar.

Sobre a revisão dos processos referentes ao regime militar, o governador classificou como importante para que se faça justiça. "Esse já um movimento nacional feito por diversas comissões e nós temos que apoiar", disse Lyra Neto. O presidente do Conselho Deliberativo do IMA, Antônio Campos, que é neto de Miguel Arraes e irmão de Eduardo, afirmou que a anistia do povo brasileiro vai se completar quando todos tiverem o acesso à educação. "É através do conhecimento que vamos dar a liberdade que o Brasil precisa", completou o advogado.
Após a cerimônia oficial, que contou com a presença da viúva de Miguel Arraes, Magdalena Arraes, os presentes plantaram uma muda de Pau-Brasil no jardim do instituto, em homenagem ao ex-governador Eduardo Campos. "Em meio a tristeza da perda de um amigo e de uma jovem liderança, renovo aqui o meu compromisso de fazer um Brasil melhor", finalizou Lyra Neto.
TRAJETÓRIA - Miguel Arraes de Alencar nasceu em Araripe, no interior do Ceará, mas construiu sua carreira política em Pernambuco. Foi deputado estadual, federal, prefeito do Recife e governador de Pernambuco por três mandatos. Em 1979, quando retornou ao Brasil após 14 anos de exílio na Argélia, Arraes retomou sua vida política, sendo eleito governador de Pernambuco, em 1986 e 1994. Faleceu aos 88 anos, no dia 13 de agosto de 2005, no exercício do mandato de deputado federal.