As pesquisas anteriores às eleições apontavam que Eduardo Campos e Lula eram os maiores cabos eleitorais do estado, quando perguntava-se em quem o eleitor votaria se tivesse o apoio de um ou de outro.
Eduardo era então candidato a presidente e deixava o governo do estado com altíssimos índices de aprovação, era natural sua liderança. Lula tem uma relação de afeto e trabalho por Pernambuco, um semideus para grande parte da população do interior do Nordeste. Natural de Garanhuns, nunca escondeu suas raízes, e cita a região desde quando entrou na política, não são somente os 12 anos de governo, podemos voltar muito mais no tempo, antes de 1989.
Com a morte de Eduardo, a comoção amplificou sua influência na campanha de Paulo Câmara, revertendo um quadro que se apresentava desfavorável. Era até então um crescimento tímido, que viria com a chegada da campanha na TV, Rádio e Mídias Sociais, mas não se mostrava, até a morte de Eduardo, poder de crescimento para a virada impressionante, ganhando com mais de 70% dos votos.
A força de Lula já não foi mais bastante para equilibrar a disputa no estado. Acabou ganhando o primeiro cabo eleitoral.
Mas os socialistas já não tinham mais Eduardo para o segundo turno, e o discurso agora era nacional. Lula e Dilma traziam a história de anos, investimentos no estado, inclusive com o apoio de Eduardo.
Aécio, um neófito, praticamente desconhecido da população mais desinformada, precisaria de um cabo eleitoral como Eduardo. As novas lideranças se esforçaram, mas o resultado ainda foi desfavorável, com Dilma vencendo com mais de 70% dos votos. Um quadro parecido com a campanha estadual.
Venceu Lula, o segundo cabo eleitoral do título da postagem, mas acredito, que sendo Pernambuco um estado Lulista (e não petista), se os socialistas não tivessem vestido a camisa da campanha de Aécio, Dilma passaria dos 90% por aqui.
Temos ainda o terceiro cabo eleitoral, e este é um ser imaterial. O Bolsa-Família, maior programa de distribuição de renda do mundo, faz toda a diferença. São milhares e milhares de famílias que não estão passando necessidade, graças ao seu cartãozinho amarelo. A fome que arrasava a região no passado fica cada vez mais distante. Existem falhas, principalmente por se tratar de um programa deste tamanho. Gente que não quer trabalhar, outros vendem o cartão, críticas ao bolsa-esmola, escravidão, etc. Mas dá pra pensar em acabar com ele? Claro que não, precisamos aprimorar.
É este medo que acabe, e a mesa com comida para os filhos que faz os beneficiados não colocarem em risco, e votarem na continuidade do governo.
O sentido de sobrevivência se sobrepõe a todos os outros. Conheço gente consciente das maracutaias que estão acontecendo, mas em uma lista de prioridades ideológicas, os pontos favoráveis do governo Dilma superam os escândalos de Mensalões e Petrolões.
Por isto, este terceiro Cabo Eleitoral é tão poderoso, em regiões onde os municípios vivem de FPM´s cada vez mais ínfimos, famílias dependem de sub-empregos e dos aposentados dentro de casa, o Bolsa-Família garante o básico, e este é intocável.
Aquele velho ditado de não trocar o certo pelo duvidoso.