Uma notinha política no Jornal do Commercio neste domingo traz uma opinião da qual compartilho, a indicação de Armando Monteiro para o Ministério de Dilma tira de Humberto Costa o protagonismo do governo federal em Pernambuco. Explico.
Humberto participou ativamente das campanhas de Armando e João Paulo, que após as derrotas, imergiram, naturalmente, para roer a dor da perda de uma campanha que parecia ganha, e para não colar esta imagem no segundo turno de Dilma. Humberto assumiu a coordenação de forma isolada, com poucos espaços para Armando de João Paulo. O trabalhista só apareceu na reta final, de forma tímida.
Humberto comemorou os louros da vitória, e caminhava para ser a voz mais audível do Governo Federal no estado, por sua condição de líder no senado, fazendo a defesa, principalmente, de Dilma, neste momento conturbado. João Paulo ficaria sem mandato, e Armando Monteiro voltaria para o senado, onde estaria sob sua liderança, e com o PTB na oposição a Dilma. Cenário no qual Humberto estaria por cima.
A indicação de Armando para o ministério devolve ao aliado a vitrine e a liderança no estado, já que ministro está diretamente no governo, diferente de senador, mesmo com a função estratégica de Humberto. No meu entender, Armando volta a ocupar naturalmente este espaço, mesmo com o carimbo da derrota no estado.
Cabem agora a Humberto e Armando, definirem o tipo de relação que o PT e o governo terão com os socialistas. Se de enfrentamento ou de reaproximação. O diálogo deve ser fundamental neste momento, e acho que caminha para isto: Reaproximação sem participação nos governos.
Mas o senador petista acaba de levar outra pancada.
Quando deveria focar nesta atual conjuntura, o senador petista é citado no escândalo da Petrobras, o que lhe dará várias manchetes negativas, e se perdurar, colocar em risco sua liderança do governo.
Humberto, que foi inocentado na Operação Sanguessuga, sabe o quanto corrói ao político ter que enfrentar um processo por corrupção.
O pós-eleitoral de Humberto está sob fortes emoções, entre o céu de uma liderança estadual e o inferno de voltar ao banco dos réus.
Com o esvaziamento de políticos com mandato no PT, o comando natural é de Humberto mesmo, no Partido dos Trabalhadores, passando, claro, pela presidente Teresa Leitão. Mas o futuro, Bruno Riberto, já é do grupo de Humberto.
O futuro ideal para Humberto era a liderança no senado, ou até um ministério, com o controle do PT no estado e sendo o principal articulador de Dilma em Pernambuco. Mas agora, Armando será ministro.