Esse espírito latino que torna os brasileiros mais apaixonados e calientes, também amplifica outras emoções, deixando-nos mais sentimentais que o resto do mundo. Somos assim, à flor da pele, sem a frieza dos europeus e doutrinação dos asiáticos. Não se trata de crítica a estes povos e regiões, este preâmbulo serve apenas para mostrar que o brasileiro é emotivo em sua plenitude, entre lágrimas e gargalhadas! A frieza dos europeus e a doutrinação dos asiáticos, mais coerentes e regimentais, é perfeito no trato com a coisa pública, pois aqui, por paixão,continuamos elegendo políticos corruptos, por exemplo.
Sendo este povo apaixonado, adoramos nossos ídolos, e, infelizmente, nos últimos tempos, o país vem tendo perdas impressionantes, marcadas por acidentes. Só para citar três, Ayrton Senna, Mamonas Assassinas e Domingos Montagner. Em seus auges nas carreiras, quando o Brasil mais estava atento aos seus trabalhos, e eles entrando em todos os lares como se fossem da família.
Se por um momento você não pensou em colocar o ator no mesmo patamar, lembre que somos o país da novela, mais que futebol e anos luz à frente do automobilismo, e Montagner era o protagonista de uma novela das 21h, na TV Globo, ou seja, o apogeu. Nos últimos meses, teve milhões de pessoas vendo sua performance e torcendo por seu personagem, que aliás, identificava-se com outros milhões de brasileiros. De origem humilde, trabalhador, honesto e apaixonado por sua família. Com consciência ambiental e comunitária, o personagem Santo, era o próprio povo brasileiro.
Talvez nunca, em momento algum da história, a ficção e a realidade tenham se misturado tanto, com o protagonista morrendo nos braços de seu par na novela, Camila Pitanga, nas águas de um rio que dá nome ao folhetim diário: Velho Chico, que agora tem um santo em suas águas. Muito dá para metaforizar esta ficção e a realidade! Tanto que parece ainda não ser verdade, e algum curandeiro vai trazer o ator de volta.
E o brasileiro, tão carente de verdadeiros ídolos, perde um rapaz que adorava ser palhaço, tinha seu próprio circo, não se deslumbrava com a fama na TV, morava num sítio com a esposa e três filhos, e não fazia o arquétipo do mocinho bonito, era o ator de expressões, estudo e em evolução. Formado pelo teatro e o circo, e que também dialogava bem com o cinema. Era um ídolo sem a maquiagem e artificialidade tão comum hoje em dia na TV e na música brasileira.
Mais um acidente que marca para sempre a vida dos brasileiros.
Valeu Domingos, o segredo está na simplicidade! E o povo te aplaude por isto!