O discurso que o PT pernambucano tem levado para as ruas na defesa da candidatura de Marília Arraes tem sido diferente do PT nacional, que tem dois grandes inimigos políticos, o PSDB e o Governo Temer, que podem até se unir na eleição de 2018 na candidatura de Geraldo Alckmin.
Em Pernambuco o inimigo tem sido o governo de Paulo Câmara (PSB), acusado de golpista pela ala petista que deseja candidatura própria, devido os socialistas terem apoiado o impeachment da ex-presidente Dilma, assim como a maioria esmagadora da população naquele momento. Contudo, em nenhum momento o PSB apoiou o governo de Michel Temer, assumindo a mesma independência que tinha na era Rousseff. Os socialistas fazem oposição firme em Brasília, tanto que perderam deputados e senadores que apoiam Temer. O partido votou pela abertura de dois processos de investigação que poderiam levar também ao impeachment do atual presidente, além de se posicionar contrário às suas reformas, principalmente trabalhista e previdenciária.
O intrigante é que os aliados em Pernambuco de Michel Temer passam (quase) ilesos do discurso desta ala do PT no estado. O ministro Fernando Filho e seu pai, o ex-ministro de Dilma, Fernando Bezerra Coelho, fizeram a travessia no primeiro momento para apoiar Temer. O PSDB indicou Bruno Araújo, ministro. o DEM indicou Mendonça Filho, ministro. Nesta ala da oposição em pernambuco ainda estão o tucano João Lyra e o ex-ministro Armando Monteiro, que deixou a aliança com o PT para se coligar com o PSDB, DEM e o MDB Temista.
Esta dubiedade do PT já causou baixas significativas no partido, sendo a mais importante delas a do ex-prefeito do Recife, João Paulo. O discurso do PT no estado leva ao isolamento enquanto que a legenda em nível nacional busca o diálogo com os partidos de centro-esquerda para fortalecimento e reconstrução.
O nome de Marília cresce quando conhecida como candidata de Lula, um mito intocável no estado, com 60% de intenção de votos e 30% de repasse aos seus candidatos. Esses mesmo percentual vai a Paulo Câmara quando é apresentado como o candidato do ex-presidente.
E a oposição no estado, inimiga do PT nacional parece investir em Marília por dois motivos, é mais uma voz para bater no PSB e no governo, e aposta que esta não terá estrutura para uma campanha para governadora, garantindo o segundo turno, e nele estaria justamente, o representante da centro-direita, real adversário petista. Em Garanhuns, um dos maiores colégios eleitorais do estado, percebe-se claramente que Marília tem apoio dentro do governo municipal, ligado a Armando Monteiro. Esta observação no plano estadual também não é recente, vejam nesta matéria do Jornal do Commercio (Armando Monteiro incentiva candidatura de Marília Arraes a governadora).
Enquanto isso no plano nacional, é o PSB que tem sentado à mesa com os partidos de centro-esquerda para buscar alternativas da reconstrução de um país mais social, resgatando o legado de Lula e mais eficiente na gestão pública do que foi Dilma Rousseff.
O outro lado, quer seja em Brasília ou em Pernambuco, é o PSDB, o DEM e o Governo Temer.