foto: Heluizio Almeida / ALEPE
Na última terça-feira, 19/02, entrou na ordem do dia do Plenário da Assembleia Legislativa do Estado INDICAÇÃO do Deputado Sivaldo Albino em que o mesmo fez apelo ao Reitor da Universidade de Pernambuco, Pedro Falcão, para que seja criado, no âmbito da UPE – Campus Garanhuns, um núcleo permanente de estudos sobre alternativas para o desenvolvimento econômico de Garanhuns e agreste meridional de Pernambuco.
Na prática, essa indicação consiste num convite à sociedade de Garanhuns e dos demais municípios do agreste para que gestores de órgãos públicos, empresários, empreendedores autônomos, sociedade civil organizada, bem como cidadãs e cidadãos interessados, criem um fórum permanente de estudos e debates, com vistas à criação de políticas públicas voltadas especificamente para o combate ao desemprego, para a geração de trabalho e renda e, sobretudo, para a identificação e fortalecimento das novas vocações econômicas e dos arranjos produtivos locais e regionais.
Segundo Sivaldo, “já faz cerca de quatro décadas que o agreste meridional, com seus 26 municípios, tem sofrido por não ter conseguido articular sua sociedade em torno de um novo projeto de desenvolvimento econômico regional”.
Depois de fazer um breve retrospecto histórico da economia de Garanhuns, em que mencionou desde a chegada da linha férrea, em 1887, marco inicial da transformação de Garanhuns em centro comercial, passando pelas fases do café, do algodão e da criação de gado holandês, que consolidou Garanhuns e região como bacia leiteira do estado, Sivaldo Albino disse que o agreste se encontra hoje num momento delicado de sua história.
Sivaldo Albino faz uma breve explanação na defesa da criação do Núcleo de Estudos que possa ouvir a sociedade e objetive impulsionar o Desenvolvimento Sustentável em Garanhuns e região:
"Embora as cidades da região tenham melhorado suas infraestruturas urbanas e tenham diversificado seus comércios, além de terem criado uma boa malha de proteção social, sua base econômica, ou seja, mais de 90% da fonte de renda das populações destes municípios ainda provêm do FPM - Fundo de Participação dos Municípios, que chega à população através dos empregos públicos municipais, e provém também das aposentadorias, pensões e do Programa Bolsa Família, de maneira que é possível afirmar taxativamente que nossas cidades ainda são sustentadas pelo Estado brasileiro.
O outro lado da moeda dessa afirmação é que o comércio e as atividades agrícolas e pecuárias da região não têm sido capazes de gerar o sustento econômico de suas famílias, de maneira que é tarefa urgente se buscar novas alternativas de geração de renda e de trabalho. Infelizmente, o agreste meridional, junto com a mata sul, ainda ostenta os piores indicadores sociais do estado.
A história nos mostra que aguardar passivamente a chegada de novas indústrias, através da ação de um prefeito ou de um governador, é uma ilusão. Essas autoridades não têm mais esse poder. Precisamos cair na real e entender que distritos industriais não representam mais o principal atrativo para indústrias, e aliás já não é o principal atrativo há várias décadas. Garanhuns mesmo já viveu duas experiências frustrantes nessa área. O Distrito industrial que foi criado pelo governo estadual na década de 80 e mais recentemente um esforço do governo municipal para distribuir terrenos em troca de geração de empregos, que também não obteve o êxito esperado, a chamada CIELA.
O Brasil passa pelo maior processo de desindustrialização de sua história, de modo que continuar iludindo o povo agrestino com a promessa de implantação de indústrias não parece ser o caminho mais adequado. No noticiário, podemos observar grandes indústrias em dificuldade. Além disso, cada vez mais, as indústrias estão se automatizando e precisando de menos trabalhadores.
Na verdade, logística, mão de obra abundante, centros de ensino profissionalizante, proximidade dos grandes centros de consumo, infraestrutura urbana, proximidade dos grandes eixos rodoviários e incentivos fiscais são os fatores essenciais para a atração de empresas - fatores estes já fartamente encontrados nas regiões metropolitanas dos estados, razão pela qual a industrialização é sempre difícil em regiões como a nossa.
Então, se as velhas saídas já não atendem mais aos problemas atuais, qual a resposta? Quais os caminhos que devemos seguir para desenvolver Garanhuns e as cidades do seu entorno? São estas as respostas que este núcleo de estudos, no nosso entendimento, poderá nos dar. Pois ninguém conhece mais a realidade e as necessidades de cada segmento econômico, do que seus próprios integrantes.
A realidade nos mostra que o setor de prestação de serviços parece nos apontar novos caminhos e novos arranjos produtivos. Prestação de serviços governamentais, com a chegada de diversos órgãos públicos federais e estaduais; prestação de serviços médicos, contábeis, advocatícios, de hotelaria, de engenharia; serviços de metal-mecânica, com a chegada das tornearias e retíficas; serviços de marcenaria e serralharia; serviços automotivos; serviços voltados a eventos; serviços relacionados ao turismo.
Por outro lado, a crise da nossa bacia leiteira e de outras culturas tradicionais, a exemplo da batata e da mandioca, exige de nós um novo olhar para a zona rural, não apenas para o resgate dessas atividades, mas também para a busca de novas culturas agrícolas e pecuárias que possibilitem a fixação do homem no campo.
Ademais, com a ampliação dos cursos ofertados e com a implantação das novas universidades e cursos técnicos, em Garanhuns, somados a atividades ligadas à criatividade, à cultura e à produção audiovisual, Garanhuns tende a se tornar naturalmente um emergente polo de tecnologia da informação e também da chamada economia criativa. Identificar cada segmento, entender estes novos arranjos e criar políticas públicas que lhes deem suporte e garantam seu crescimento, é, portanto, tarefa urgente." - Registra o deputado.
“Confio na sensibilidade do Reitor Pedro Falcão, confio na inteligência da comunidade acadêmica, confio na Inteligência e na determinação do nosso povo. Tenho certeza de que esse núcleo de estudos dará uma grande contribuição e irá propor importantes políticas públicas voltadas ao desenvolvimento do nosso agreste”, concluiu.
LINHAS DE ATUAÇÃO PARLAMENTAR
Por fim, o deputado Sivaldo Albino disse que o seu mandato será conduzido em torno de três linhas de atuação, além de suas atribuições constitucionais de legislar, fiscalizar e acompanhar as ações do governo:
1) propor ações para a melhoria dos serviços públicos prestados à população, especialmente nas áreas de saúde, educação e segurança;
2) a luta (junto com o governador do estado) pela construção das grandes obras de infraestrutura reivindicadas pela região, a exemplo da duplicação da BR 423 e da construção do novo Hospital Regional do Agreste; e
3) a proposição de ações voltadas ao desenvolvimento econômico e social sustentável do agreste meridional de Pernambuco.
“Inserir desenvolvimento econômico e políticas de geração de renda nas agendas governamentais, dos três níveis de governo, e induzir a criação de políticas públicas efetivas de crescimento regional, é tarefa árdua, mas é tarefa urgente e necessária. Precisamos plantar a semente da transformação social e econômica do agreste meridional. Precisamos incentivar a autonomia econômica de homens e mulheres, ensinar-lhes um ofício, promover a libertação do cidadão agrestino”, finalizou Sivaldo.