Em tom de despedida, o ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) reconheceu, em entrevista coletiva, que há um descompasso entre o trabalho de sua equipe e a linha de ação do presidente Jair Bolsonaro e comentou abertamente a possibilidade de deixar o cargo. “O importante é que a pessoa que o presidente colocar no ministério tenha condições de trabalhar baseado na ciência, nos números e na transparência”, declarou.
Contexto: a declaração ocorreu após o ministro recusar o pedido de demissão do secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira. Considerado o principal estrategista da pasta contra o novo coronavírus, Wanderson participou da entrevista e permanecerá no posto. “Vamos trabalhar juntos até o momento de sairmos juntos”, afirmou Mandetta.
Bastidores: mais cedo, o ministro sinalizou sua saída e se despediu de deputados da frente parlamentar da saúde. Mandetta indicou apoio a um eventual sucessor: “Tenho certeza de que outros virão fazer melhor”. Ontem, ele já havia avisado a assessores que sua demissão está próxima.
O que está acontecendo: a possível demissão de Mandetta é motivo de queda de braço entre aliados de Bolsonaro pela indicação do sucessor. O presidente deseja um nome técnico e com respaldo na classe médica, para minimizar a demissão de Mandetta. A falta de consenso estaria postergando a decisão.