Prof. Rodrigo Freitas |
A ESPERANÇA VALE A PENA!
"Escrever este texto foi, sem sombra de dúvidas, o que mais exigiu
reflexão e até mesmo cuidado de minha parte quando tive que analisar e escolher
bem as seguintes palavras que precisavam sair da minha cabeça mas repletas do
fogo do meu coração.
Quando jovem, ainda inexperiente com as coisas da vida mas cheio do vigor
da idade, escolhi uma orientação política por entender ser a mais adequada às
minhas próprias crenças pessoais, influenciadas em especial pela ideologia
religiosa que tento adotar todos os dias de minha vida, qual seja, a cristã,
mais especificamente o catolicismo.
Assim, posso dizer com certa tranquilidade que sou de esquerda, mas não
um esquerdopata – como vulgarmente alguns são chamados - nem tampouco um membro
de uma esquerda radical ou ainda daqueles que apenas acenam positivamente com a
cabeça para quem estiver no poder, desde que seja de esquerda. Sou alguém que se
considera acima de tudo um humanista, mas, atualizando esta tese, um humanista
novo ou neohumanista, que além de pregar a necessidade do cultivo de um senso
crítico indispensável ao ser humano como elemento básico de seu desenvolvimento,
também enxerga a necessidade da participação popular em todas as decisões da
sociedade, e em especial do Estado, que devem ser – por consequência – direcionadas
para o atendimento de todas as necessidades existentes em uma comunidade.
O Estado DEVE servir ao indivíduo sempre, jamais o contrário. O Estado
não é e nunca será um fim em si mesmo, mas apenas um caminho, ou seja, uma
estrada pela qual todos caminham para alcançar os seus objetivos.
Neste contexto, adotar uma posição crítica é fundamental para que desvios
ou erros que possam ser cometidos nesse caminho venham ser apontados,
corrigidos e assim os esforços públicos depreendidos sejam redirecionados mais
uma vez à satisfação da vontade popular.
Não me arrependo em nenhum momento de minha vida de ser esquerdo-humanitário
pois sempre busquei em minha vida adotar uma postura de defender o que é certo
e de defender tudo aquilo que pode fazer com que cada indivíduo seja melhor a
cada dia, de todas as formas.
Neste caminho que segui desde minha juventude e que continuo seguindo,
por óbvio, já cometi erros, julguei mal situações e por vezes me mantive
absorto das discussões mais importantes que rodeavam a nossa sociedade, pois as
preocupações com a subsistência me tomaram um tempo vital e minha preocupação
com bens materiais, por vezes, me afastou daquilo ao que estava habituado e
precisava, em certa medida, para viver bem comigo mesmo que era tentar refletir
sobre as coisas para além das paixões pessoais.
E foi assim, nessa minha caminhada, que acreditei em um líder político
que surgiu e que demonstrou uma proposta de sociedade na qual valia a pena
acreditar, seguir e defender, tanto que assim que completei meus 16 anos tirei
meu título de eleitor para poder votar neste incrível ser humano que já tentava
sua segunda campanha presidencial.
Acreditei, segui, defendi e votei até que, enfim, ele ganhou. Meus sonhos
nunca pareceram tão reais para mim como naquele dia da vitória e senti a
esperança preenchendo o meu espírito com tamanha força que pensei que tudo
seria possível, para o bem do povo.
O tempo passou, o poder mudou e coisas vieram, boas e más, sonhos se
realizaram – nunca completamente, apenas em parte – mas a decepção com
denúncias, provas e condenações de corrupção tomaram o lugar da esperança e
arqueei minha cabeça para não olhar a imagem da prisão daquele, que um dia,
significou a salvação, não a divina, mas a salvação para a maioria da população
brasileira da miséria, da pobreza, da marginalidade, da invisibilidade social,
da falta de educação, saúde e emprego, enfim, de tudo aquilo que todo indivíduo
tem direito de acordo com a Constituição Brasileira de 1988 e que até agora ninguém
conseguiu ver alcançado, a não ser os ricos deste País.
Hoje vivemos um tempo de escuridão e aqueles que ocupam o governo na
capital do País, nos jogam na desesperança, na miséria humana e na separação da
nossa sociedade como chave e elemento principal do conhecido ditado popular que
diz “dividir para conquistar”.
A sociedade brasileira está dividida de uma forma que nunca se viu, não
porque em momentos anteriores não houvesse uma dissensão política natural entre
as pessoas, isso sempre existiu e é natural e saudável para o convívio humano, mas
hoje tem-se uma divisão social colocando em lados opostos não adversários mas
inimigos. O respeito ao próximo foi subvertido para passar a significar “eu respeito
meu próximo, que pensa igual a mim”. Até mesmo os valores cristãos foram
jogados neste mar de lama em que as mais diversas denominações religiosas ou
seus ministros esperam lucrar algo ao final do dia, quando tudo for moído pelo
triturador da infâmia e passar pelo ralo da imoralidade, encenação política e
escárnio ao ser humano, ao pobre, ao marginalizado e ao inimigo.
Nesta hora em que a angustia está em nossa garganta e a desesperança
está entrando por nossas portas é que aqueles que pretendem governar a
população precisam se unir, acima de quaisquer divergências irreconciliáveis que
tenham e superar as diferenças para liderar a nação rumo à verdadeira
democracia, solidariedade, compaixão, ou como gosto de chamar, de humanismo. Para
quem pretende ser um líder isto nada mais é do que um mandado de consciência.
E neste momento, ver aquele a quem confiei e que ainda acredita que
lidera a esquerda política do País porque acredita que ainda reúne as condições
necessárias, afinal considera-se um injustiçado – e neste ponto preciso dizer
que não concordo com sua condenação pela clara e inequívoca presença de vícios palpáveis
no processo que o julgou, mas em particular não acredito em sua inocência –
dizer para as novas lideranças políticas que surgem no País como pequenas faíscas
de uma nova esperança que “[...] vá com Deus, mas, na eleição cada um
vai tocar seu projeto”,
significa, ao invés de entender que é hora de ceder seu espaço, não por
vergonha, mas por respeito à necessidade da mudança e apoiar este novo momento,
dizer que o poder é seu alimento e que ninguém pode se colocar em seu caminho,
o que me obriga a refletir sobre o papel de um líder, o que ele significa e o
que ele deve fazer.
Segundo o Aurélio, ser um líder significa ser uma pessoa cujas palavras
e expressões conseguem influenciar os outros. Para além disso, agir como um
líder também significa reconhecer quando não é mais possível unir as pessoas
para que o sigam, então é chegada a hora de se retirar do palco, guardar o manto
e continuar na luta de outra forma, indicando e apoiando novas alternativa, principalmente
quando estas já existem, agora com novos personagens para que a esperança possa
renascer mais forte e brilhante do que um dia já foi.
Apegar-se ao poder ou a mera expectativa de sua sombra e atrapalhar o
caminho impedindo que o povo faça suas próprias escolhas não é papel e muito menos
postura de um líder, mas um comportamento irresponsável – para dizer o mínimo –
de alguém que deveria se preocupar mais com os outros do que consigo mesmo. Esta
postura significa exatamente o que os ocupantes atuais do governo querem mas de
maneira reversa e mais perversa, se implodindo para ser conquistado, de novo.
É finalmente chegado o tempo para algo que precisa acontecer e que
determinará nosso futuro como sociedade e como Nação: unir para mudar, pois caso
contrário, o poço no qual caímos se tornará mais escuro, não veremos mais a luz
do topo e jamais chegaremos ao fundo.
A esperança é o que me move, é esperança que me faz refletir para poder
escrever estas palavras que são duras e diretas, mas que não me causam dor na consciência
ou em meu coração porque são necessárias e já deviam ter sidos ditas por alguém.
A esperança é o que tenho e quero dá-la a você com este texto. Tenha
esperança, ela vale a pena.
Rodrigo Freitas
Professor Universitário"
Professor Universitário"