quinta-feira, 4 de junho de 2020

ARTIGO: Dividir para conquistar ou se implodir para ser conquistado: nenhum!!! - Por Rodrigo Freitas



Prof. Rodrigo Freitas
A ESPERANÇA VALE A PENA! 

"Escrever este texto foi, sem sombra de dúvidas, o que mais exigiu reflexão e até mesmo cuidado de minha parte quando tive que analisar e escolher bem as seguintes palavras que precisavam sair da minha cabeça mas repletas do fogo do meu coração.

Quando jovem, ainda inexperiente com as coisas da vida mas cheio do vigor da idade, escolhi uma orientação política por entender ser a mais adequada às minhas próprias crenças pessoais, influenciadas em especial pela ideologia religiosa que tento adotar todos os dias de minha vida, qual seja, a cristã, mais especificamente o catolicismo.

Assim, posso dizer com certa tranquilidade que sou de esquerda, mas não um esquerdopata – como vulgarmente alguns são chamados - nem tampouco um membro de uma esquerda radical ou ainda daqueles que apenas acenam positivamente com a cabeça para quem estiver no poder, desde que seja de esquerda. Sou alguém que se considera acima de tudo um humanista, mas, atualizando esta tese, um humanista novo ou neohumanista, que além de pregar a necessidade do cultivo de um senso crítico indispensável ao ser humano como elemento básico de seu desenvolvimento, também enxerga a necessidade da participação popular em todas as decisões da sociedade, e em especial do Estado, que devem ser – por consequência – direcionadas para o atendimento de todas as necessidades existentes em uma comunidade.

O Estado DEVE servir ao indivíduo sempre, jamais o contrário. O Estado não é e nunca será um fim em si mesmo, mas apenas um caminho, ou seja, uma estrada pela qual todos caminham para alcançar os seus objetivos.

Neste contexto, adotar uma posição crítica é fundamental para que desvios ou erros que possam ser cometidos nesse caminho venham ser apontados, corrigidos e assim os esforços públicos depreendidos sejam redirecionados mais uma vez à satisfação da vontade popular.

Não me arrependo em nenhum momento de minha vida de ser esquerdo-humanitário pois sempre busquei em minha vida adotar uma postura de defender o que é certo e de defender tudo aquilo que pode fazer com que cada indivíduo seja melhor a cada dia, de todas as formas.

Neste caminho que segui desde minha juventude e que continuo seguindo, por óbvio, já cometi erros, julguei mal situações e por vezes me mantive absorto das discussões mais importantes que rodeavam a nossa sociedade, pois as preocupações com a subsistência me tomaram um tempo vital e minha preocupação com bens materiais, por vezes, me afastou daquilo ao que estava habituado e precisava, em certa medida, para viver bem comigo mesmo que era tentar refletir sobre as coisas para além das paixões pessoais.

E foi assim, nessa minha caminhada, que acreditei em um líder político que surgiu e que demonstrou uma proposta de sociedade na qual valia a pena acreditar, seguir e defender, tanto que assim que completei meus 16 anos tirei meu título de eleitor para poder votar neste incrível ser humano que já tentava sua segunda campanha presidencial.

Acreditei, segui, defendi e votei até que, enfim, ele ganhou. Meus sonhos nunca pareceram tão reais para mim como naquele dia da vitória e senti a esperança preenchendo o meu espírito com tamanha força que pensei que tudo seria possível, para o bem do povo.

O tempo passou, o poder mudou e coisas vieram, boas e más, sonhos se realizaram – nunca completamente, apenas em parte – mas a decepção com denúncias, provas e condenações de corrupção tomaram o lugar da esperança e arqueei minha cabeça para não olhar a imagem da prisão daquele, que um dia, significou a salvação, não a divina, mas a salvação para a maioria da população brasileira da miséria, da pobreza, da marginalidade, da invisibilidade social, da falta de educação, saúde e emprego, enfim, de tudo aquilo que todo indivíduo tem direito de acordo com a Constituição Brasileira de 1988 e que até agora ninguém conseguiu ver alcançado, a não ser os ricos deste País.

Hoje vivemos um tempo de escuridão e aqueles que ocupam o governo na capital do País, nos jogam na desesperança, na miséria humana e na separação da nossa sociedade como chave e elemento principal do conhecido ditado popular que diz “dividir para conquistar”.

A sociedade brasileira está dividida de uma forma que nunca se viu, não porque em momentos anteriores não houvesse uma dissensão política natural entre as pessoas, isso sempre existiu e é natural e saudável para o convívio humano, mas hoje tem-se uma divisão social colocando em lados opostos não adversários mas inimigos. O respeito ao próximo foi subvertido para passar a significar “eu respeito meu próximo, que pensa igual a mim”. Até mesmo os valores cristãos foram jogados neste mar de lama em que as mais diversas denominações religiosas ou seus ministros esperam lucrar algo ao final do dia, quando tudo for moído pelo triturador da infâmia e passar pelo ralo da imoralidade, encenação política e escárnio ao ser humano, ao pobre, ao marginalizado e ao inimigo.

Nesta hora em que a angustia está em nossa garganta e a desesperança está entrando por nossas portas é que aqueles que pretendem governar a população precisam se unir, acima de quaisquer divergências irreconciliáveis que tenham e superar as diferenças para liderar a nação rumo à verdadeira democracia, solidariedade, compaixão, ou como gosto de chamar, de humanismo. Para quem pretende ser um líder isto nada mais é do que um mandado de consciência.

E neste momento, ver aquele a quem confiei e que ainda acredita que lidera a esquerda política do País porque acredita que ainda reúne as condições necessárias, afinal considera-se um injustiçado – e neste ponto preciso dizer que não concordo com sua condenação pela clara e inequívoca presença de vícios palpáveis no processo que o julgou, mas em particular não acredito em sua inocência – dizer para as novas lideranças políticas que surgem no País como pequenas faíscas de uma nova esperança que “[...] vá com Deus, mas, na eleição cada um vai tocar seu projeto”, significa, ao invés de entender que é hora de ceder seu espaço, não por vergonha, mas por respeito à necessidade da mudança e apoiar este novo momento, dizer que o poder é seu alimento e que ninguém pode se colocar em seu caminho, o que me obriga a refletir sobre o papel de um líder, o que ele significa e o que ele deve fazer.

Segundo o Aurélio, ser um líder significa ser uma pessoa cujas palavras e expressões conseguem influenciar os outros. Para além disso, agir como um líder também significa reconhecer quando não é mais possível unir as pessoas para que o sigam, então é chegada a hora de se retirar do palco, guardar o manto e continuar na luta de outra forma, indicando e apoiando novas alternativa, principalmente quando estas já existem, agora com novos personagens para que a esperança possa renascer mais forte e brilhante do que um dia já foi.

Apegar-se ao poder ou a mera expectativa de sua sombra e atrapalhar o caminho impedindo que o povo faça suas próprias escolhas não é papel e muito menos postura de um líder, mas um comportamento irresponsável – para dizer o mínimo – de alguém que deveria se preocupar mais com os outros do que consigo mesmo. Esta postura significa exatamente o que os ocupantes atuais do governo querem mas de maneira reversa e mais perversa, se implodindo para ser conquistado, de novo.

É finalmente chegado o tempo para algo que precisa acontecer e que determinará nosso futuro como sociedade e como Nação: unir para mudar, pois caso contrário, o poço no qual caímos se tornará mais escuro, não veremos mais a luz do topo e jamais chegaremos ao fundo.

A esperança é o que me move, é esperança que me faz refletir para poder escrever estas palavras que são duras e diretas, mas que não me causam dor na consciência ou em meu coração porque são necessárias e já deviam ter sidos ditas por alguém.

A esperança é o que tenho e quero dá-la a você com este texto. Tenha esperança, ela vale a pena.

Rodrigo Freitas
Professor Universitário"

RÁDIO MÚSICA BRASIL MPB

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