Eu sou mais um dos que estiveram doentes e que com a fé dos amigos, a graça de Deus, o trabalho dos médicos e o amor dos familiares consegui me recuperar. Foram quase 30 dias de UTI, três meses de hospital e seis de tratamento. Uma doença chamada Síndrome de Guillán-Barré. Isso foi em 2003. Qualquer dia conto a vocês. Meses antes do aparecimento da rara doença eu havia feito uma crônica chamada "Você é Insubstituível", havia sido demitido na reestruturação do banco em que trabalhei por dez anos, sempre aqui em Garanhuns. Era recorrente na época dizer que todo mundo era substituível, que sempre haveria alguém para ocupar seu lugar. Poxa, aquilo me impulsinou a escrever mais e produzir culturalmente. Mais de um ano depois do texto, na minha volta pra casa, ainda em tratamento médico, amigos abriram a porta da minha casa fazendo-me uma surpresa, com uma imensa faixa que dizia - "Você é Insubstituível!". Marcou para sempre a minha vida. Ajudou na minha recuperação. Todos devem saber a força da fé e do apoio dos amigos, são dessas coisas inexplicáveis, que entendemos somente pela percepção de que existe um Ser Maior que nos acompanha e nos protege. O texto abaixo está na coluna da Bluenet e trago de volta agora. Como disse, a crônica é de 2003.
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Há algum tempo me fizeram acreditar que ninguém era insubstituível, que haveria sempre alguém disposto a ocupar o lugar que ocupamos, talvez até com mais disposição e competência. Que no futebol sempre haverá o reserva, no trabalho, aquele que espera a oportunidade e assim em todos os espaços da vida. A gente vai vivendo e acreditando nessas tolices.
Nos escritórios de marketing, nas lojas de varejo, o ser humano é a mercadoria da vez e como tal, deve ser tratado como peça de propaganda, vendendo ilusões e desesperos. Você acaba acreditando que é substituível porque vê seu amigo ao lado perder o emprego e outro ocupar sem cerimônia, mas esquece de sentir seu coração e ver que o espaço ocupado por aquela pessoa a quem uma vez chamou de amigo, está intocável.
Mas haverá os que dirão que essa história de substituível é coisa de capitalismo, de consumismo moderno e de quem precisa se submeter às regras de mercado. Será? Será que preciso acreditar que sou peça que pode ser trocada como o pneu sobressalente de um automóvel qualquer ou devo imaginar que sou especial? Que até mesmo o bom dia que desejo aos meus colegas influi na qualidade do trabalho que desempenho. Que sou especial porque acredito que todos são insubstituíveis e as palavras verdadeiras ditas com sentimento terão um reflexo maior nas amizades que as frases prontas colocadas nos quadro de avisos para levantar a estimas das pessoas substituíveis.
Somos todos insubstituíveis. Porque Jerry Lewis não substituiu Chaplin e Jim Carrey não substituirá Jerry Lewis. Porque cinco são os dedos das mãos, nenhum é igual e cada um tem sua importância e função. Porque onze são os jogadores de futebol, com números diferentes e qualidades diversas e o time que perde um, em qualquer posição, precisará dobrar o empenho dos outros para não perder a partida.
Muitas vezes a gente cega acreditando nessa história de substituível que leva para o nosso dia a dia, inclusive o lar, e deixa de perceber que ninguém abençoará seus filhos da forma que você o faz. Porque você é o pai ou a mãe e este é um presente que Deus nos deu para mostrar que somos especiais. E o seu irmão. E seus pais. Seus amigos.
O tempo passa e a gente vai se afastando de pessoas queridas. Os meses passam e quando fazemos as contas, dias se foram sem uma palavra qualquer e você acredita que aquele ente querido está cercado de pessoas queridas e que não sentirá sua falta. Ledo engano, você é especial, aquela pessoa é especial na sua vida e ninguém dirá a ela o que você diria, ninguém afagará seus cabelos do jeito que você afagaria. Mas ainda há tempo, só depende de você. Remorso é uma palavra que apagaremos do dicionário de quem sabe amar e está presente.
Chaplin nos mostrou há mais de 70 anos, no filme Tempos Modernos, que não devemos ser máquinas robotizadas utilizadas para apertar parafusos, que somos mais, que podemos ser seu personagem em O Garoto, quando mesmo desprovido de condição financeira ele assume o amor por uma criança e aí deixa de ser o coitado para ser o pai, o responsável, o senhor do afeto. Mas se você não puder ser o Carlitos, seja então o garoto e deixe-se amar, pois com certeza haverá, em todos os cantos da sua vida, pessoas que acham você, simplesmente, insubstituível.
Nos escritórios de marketing, nas lojas de varejo, o ser humano é a mercadoria da vez e como tal, deve ser tratado como peça de propaganda, vendendo ilusões e desesperos. Você acaba acreditando que é substituível porque vê seu amigo ao lado perder o emprego e outro ocupar sem cerimônia, mas esquece de sentir seu coração e ver que o espaço ocupado por aquela pessoa a quem uma vez chamou de amigo, está intocável.
Mas haverá os que dirão que essa história de substituível é coisa de capitalismo, de consumismo moderno e de quem precisa se submeter às regras de mercado. Será? Será que preciso acreditar que sou peça que pode ser trocada como o pneu sobressalente de um automóvel qualquer ou devo imaginar que sou especial? Que até mesmo o bom dia que desejo aos meus colegas influi na qualidade do trabalho que desempenho. Que sou especial porque acredito que todos são insubstituíveis e as palavras verdadeiras ditas com sentimento terão um reflexo maior nas amizades que as frases prontas colocadas nos quadro de avisos para levantar a estimas das pessoas substituíveis.
Somos todos insubstituíveis. Porque Jerry Lewis não substituiu Chaplin e Jim Carrey não substituirá Jerry Lewis. Porque cinco são os dedos das mãos, nenhum é igual e cada um tem sua importância e função. Porque onze são os jogadores de futebol, com números diferentes e qualidades diversas e o time que perde um, em qualquer posição, precisará dobrar o empenho dos outros para não perder a partida.
Muitas vezes a gente cega acreditando nessa história de substituível que leva para o nosso dia a dia, inclusive o lar, e deixa de perceber que ninguém abençoará seus filhos da forma que você o faz. Porque você é o pai ou a mãe e este é um presente que Deus nos deu para mostrar que somos especiais. E o seu irmão. E seus pais. Seus amigos.
O tempo passa e a gente vai se afastando de pessoas queridas. Os meses passam e quando fazemos as contas, dias se foram sem uma palavra qualquer e você acredita que aquele ente querido está cercado de pessoas queridas e que não sentirá sua falta. Ledo engano, você é especial, aquela pessoa é especial na sua vida e ninguém dirá a ela o que você diria, ninguém afagará seus cabelos do jeito que você afagaria. Mas ainda há tempo, só depende de você. Remorso é uma palavra que apagaremos do dicionário de quem sabe amar e está presente.
Chaplin nos mostrou há mais de 70 anos, no filme Tempos Modernos, que não devemos ser máquinas robotizadas utilizadas para apertar parafusos, que somos mais, que podemos ser seu personagem em O Garoto, quando mesmo desprovido de condição financeira ele assume o amor por uma criança e aí deixa de ser o coitado para ser o pai, o responsável, o senhor do afeto. Mas se você não puder ser o Carlitos, seja então o garoto e deixe-se amar, pois com certeza haverá, em todos os cantos da sua vida, pessoas que acham você, simplesmente, insubstituível.