quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A história do herói garanhuense no Haiti


Ciara Carvalho
Do Jornal do Commercio

Foi por uma questão de dias. O reencontro com a família estava marcado para o próximo sábado. As passagens compradas, os presentes escolhidos, tudo pronto para a volta para casa depois de pouco mais de seis meses em missão no Haiti. Na madrugada desta quarta (13), um telefonema do assessor de comunicação do Exército brasileiro anunciou a tragédia. O sargento pernambucano Davi Ramos de Lima, 37 anos, estava entre os 11 militares brasileiros mortos no terremoto. Seu corpo foi o primeiro a ser encontrado entre as vítimas brasileiras fardadas. A primeira a ser avisada foi a esposa do sargento, Fernanda Spínola, que mora no interior de São Paulo. Na sequência, o pai e os irmãos, em João Pessoa, na Paraíba. Entre os familiares, ontem, a dor da perda se misturava a um sentimento de orgulho. “A gente não mudaria em nada a história dele. Era militar de vocação. Morreu cumprindo uma missão que escolheu para si”, resumiu o irmão, o professor universitário José Arimatéia Augusto de Lima, 40. O governador Eduardo Campos decretou luto oficial por três dias.A informação recebida pela família foi a de que o pernambucano, nascido em Garanhuns, mas criado em João Pessoa, estava acompanhando a médica brasileira Zilda Arns, que também faleceu no terremoto, numa atividade externa, quando os tremores começaram. “Ela estava em companhia de quatro militares. Ele era um deles. Foi o que o Exército nos informou”, contou José Arimatéia, por telefone, ao Jornal do Commercio. Quando recebeu o convite para participar da missão da ONU no Haiti, Davi Ramos não teve dúvida. Conversou com pai, também militar do Exército, e aceitou a proposta. “Apesar de todos os riscos, ele estava muito feliz, tinha uma visão otimista da vida e do futuro, sonhava muito com o dia em que voltaria para sua casa, em São Paulo, e para João Pessoa, sua terra de coração”, disse o irmão.A expectativa da chegada era compartilhada por toda a família. “Eu estava muito ansioso esperando a sua volta do Haiti. Tanto que já tínhamos passagens compradas para São Paulo e, de lá, partiríamos para o interior para encontrá-lo. Infelizmente a viagem de passeio se transformará numa viagem de despedida”, lamentou José Arimatéia. Em entrevista a uma rede de TV, em João Pessoa, o pai do sargento brasileiro, Amaro Augusto, disse que o filho “tinha fibra de herói”.Davi Ramos estava lotado no 5º Batalhão de Infantaria Leve (5º BIL), na cidade de Lorena (SP). Ele servia o Exército desde 1995. A última vez em que o sargento esteve com os parentes em João Pessoa foi no Natal de 2008, meses antes de embarcar para a missão no Haiti. “Ele era uma pessoa doce, leve e bem humorada. Sempre de bem com a vida. É essa imagem que vamos guardar dele. Mesmo com toda a tristeza, o sentimento que temos é também de muito orgulho. Porque Davi cumpria sua missão com muito entusiasmo. E tenho certeza que foi muito feliz na vida que escolheu”, disse o irmão. Os familiares do militar pernambucano desejam enterrá-lo em João Pessoa. Os parentes aguardam o contato do Exército Brasileiro sobre o dia da chegada do corpo. Mas a decisão sobre o velório e enterro será tomada pela esposa de Davi Lima. O militar estava em sua primeira missão internacional e era 2º sargento do Comando do Batalhão Brasileiro. Ele deixou a esposa Fernanda, com quem tinha dois filhos, uma criança de 4 meses e outro garoto de 7 anos, além de ser padrasto de uma de adolescente de 14 anos, filha de Fernanda de um outro relacionamento.

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