Cláudio (com acento) Gonçalves conversa esta semana com o Claudio (sem acento) Portugal, artesão e coordenador da Casa do Artesão, que funciona no antigo Forum de Garanhuns, na Av. Dantas Barreto. Vamos lá! Acessem o marcador "FALAÊ" no final do post e confiram as entrevistas anteriores. Temos recebido sugestões de entrevistas. Estejam à vontade, o Cláudio escritor/colaborador agradece!
O FALAÊ! do Blog do Ronaldo Cesar esteve na última quarta-feira visitando a Casa do Artesão de Garanhuns, espaço dos artistas da arte do barro, madeira, couro, bordados, mamulengos e dos cordéis. Fomos recebidos cordialmente pelo coordenador artístico do espaço cultural e também artesão Claudio Portugal, que nos falou sobre a Criação da Casa do Artesão de Garanhuns, dos artistas que lá expõem seus trabalhos, as perspectivas para o XX Festival de Inverno de Garanhuns, dos seus trabalhos artesanais e da polêmica decoração natalina de 2008. Todo esse descontraído bate papo em meio a um ambiente onde se respira talento e cultura popular.
FALAÊ- Como surgiu o projeto de criação da Casa do Artesão de Garanhuns?
Claudio Portugal – O ponto de partida foi a Casa do Artesanato, localizada na Avenida Rui Barbosa, que contava com 25 artesãos e parceria do SEBRAE que nos apoiava com divulgação e capacitações, mas os artesãos ansiavam por um espaço, desejo acolhido pela doutora Ielma Lucena e Alexandre Marinho, e que veio a se consolidar na festa de inauguração daquele espaço, quando o então prefeito Luiz Carlos de Oliveira discursou em favor do pleito, pois proporcionaria corte de gastos e mais espaço para que os artesãos locais pudessem expor os seus trabalhos. Promovendo o prefeito a inauguração da Casa do Artesão de Garanhuns no ano passado, local que futuramente será a Casa de Cultura de Garanhuns.
FALAÊ – Quem visita a Casa do Artesão de Garanhuns vai conhecer o trabalho de vários artesãos locais. Que tipos de trabalhos artesanais estão sendo exposto atualmente?
Claudio Portugal – A Casa do Artesão de Garanhuns possui várias peças da cultura popular, escultura em madeira e cerâmica, trabalhos em couro (bolsas), bordados, tricô, crochê, biscuin, mosaico, postais, boneca de roca, lembranças da cidade e cordéis. Lembrando que todos esses trabalhos são obras exclusivamente dos artistas de Garanhuns.
FALAÊ – Atualmente quantos artesãos expõem os seus trabalhos na Casa do Artesão?
Claudio Portugal – Atualmente estão em exposição 68 artesãos, que tem seus horários programados para atender ao público e falar da sua biografia e do seu trabalho.
FALAÊ – Sabemos que fazer arte requer investimentos, aquisição de materiais, além da habilidade manual do artesão. A Casa do Artesão tem parcerias com entidades que financiam projetos delineados por esses artistas?
Claudio Portugal – A Casa do Artesão de Garanhuns não é uma associação, por isso juridicamente não pode pleitear edital de apoio a projetos culturais, seja federal ou estadual, todavia, estamos nos capacitando no sentido de galgar meios para haver esse apoio que seria de fundamental importância para o crescimento ainda mais do artesanato de Garanhuns, que proporcionaria a criação de oficinas, cursos e outros projetos. Temos Glorineide Maria (artesã crocheteira) nossa delegada e Jailson Vilela, também artesão, que nos representam nos fóruns de Cultura e intermediam a participação dos nossos artesãos em vários eventos como a FENEARTE, ARTENOR, FEBRARTE, FEBRAARTE, RECICLAR, Feira Internacional de Negócios do Artesanato e outros eventos, sempre escrevendo os antigos e novos artesãos, proporcionando assim o intercambio com outros artistas, e a divulgação e valorização do artesanato de Garanhuns.
FALAÊ - Nessas participações em vários eventos como tem sido a receptividade do artesanato de Garanhuns pelo público e principalmente pelos colecionadores, artistas e pesquisadores que fazem parte das comissões que avaliam e premiam as obras dos artesãos, e sabemos que nesses eventos estão reunidos os melhores artistas e especialistas do artesanato brasileiro?
Claudio Portugal- O trabalho dos artesãos de Garanhuns vêm sendo bastante elogiados em várias exposições, e recebendo prêmios em várias edições, em 2009 na 10ª do FENEARTE na Galeria dos Reciclados, o nosso artesão Susemar Vilela ficou em terceiro lugar no prêmio Frans Kracjberg, com o trabalho ecologico “O Belo do Caos”. Na mesma edição Mestre Fida ficou em segundo lugar dos vencedores do Salão de Arte Popular Ana Holanda com o trabalho em madeira “Barco da Cobra”. Em 2007 Wagner Porto ficou com 1º lugar no Reciclar e em 2008 novamente figurou na 3ª colocação. O que mostra o reconhecimento e o potencial artístico dos nossos artesãos.
FALAÊ – Quais são os critérios para que um artista possa expor seus trabalhos na Casa do Artesão?
Claudio Portugal- A Casa do Artesão é composta por um conselho que delibera as ações e avalia o ingresso de novos artistas, para isso o conselho avalia uma amostra do trabalho do artesão, sua estética e estilo, depois dessa avaliação o artesão é informado da sua aprovação ou não, mas isso não excluir o artista que pode apresentar novos trabalhos. Quando este é aceito pelo conselho, fazemos o cadastramento exigindo os documentos pessoais para comprovação de naturalidade de Garanhuns e residência. Essa avaliação tem como objetivo evitar o risco de cadastrar uma pessoa que não é artesão, que pode está expondo peças que não as produziu, o que seria injusto para o nosso segmento artístico.
FALAÊ – Qual a sua avaliação do Festival de Inverno 2009 e as expectativas para o festival na Casa do Artesão esse ano?
Claudio Portugal- Tivemos um saldo positivo em 2009, principalmente um acréscimo de 17% em vendas, reflexo das premiações recebidas pelos nossos artesãos na FENEARTE, pois por ser um evento anterior ao Festival de Inverno acaba sendo uma vitrine para os nossos artistas. Em relação ao 20º Festival de Inverno além das peças dos mestres em exposição, existe a possibilidade de ampliar espaços para a literatura e artes plásticas.
FALAÊ – Agora o artesão Claudio Portugal, quantos anos dedicados ao artesanato e qual a sua especialidade?
Claudio Portugal - Precisamente doze anos e quatro meses. A minha especialidade no artesanato é a modelagem com papel, epoxis e biscuin.
FALAÊ- Quando começou a descobrir essa habilidade manual para fazer artesanato?
Claudio Portugal- Sempre gostei de desenhar e nas empresas que trabalhei entre 1986 e 1991 gostava de fazer caricaturas dos colegas, mas foi a partir de uma programa de televisão que conheci a receita da massa de biscuin, errei a receita nas primeiras tentativas, mas depois com o material certo e informações colhidas através de revistas, programas, internet e outras fontes, fui adquirindo experiência tornado-se profissional em 2004 quando expôs pela primeira vez meus trabalhos no Arte no Casarão, na seqüência veio a FENEARTE, ARTENOR, Mão de Minas e hoje tenho peças expostas nos Estados Unidos, Angola, Portugal e Alemanha. Em resumo foi uma relação entre o desenho e o artesanato, às vezes desenho uma peça para depois modelar e mesmo coordenando a casa do Artesão continuo participando dos eventos.
FALAÊ- Em 2008 você participou da equipe que fez a decoração do natal dos sonhos, um trabalho artístico fabuloso, mas que acabou gerando uma grande polêmica por trazer uma temática histórica, com personagens e situações do nordeste, mesmo os situando no contexto natalino, o que acabou dividindo opiniões a favor e contra. Hoje em sua opinião por que toda aquela polêmica?
Claudio Portugal- O projeto foi desenvolvido e executado pelo artista Wagner Porto, fazendo parte da equipe eu, Marcos Siqueira, Susemar Vilela, Rivelino e Gonzaga de Garanhuns, o principal objetivo do trabalho era retratar a origem histórica, étnica e cultural de Garanhuns dentro de um contexto natalino, acredito que o motivo que gerou toda aquela polêmica foi a falta de informação a população, pois em relação ao trabalho artístico recebemos elogios, e até uma nota publicada por Ariano Suassuna, mas a contestação se deu por conta da temática da decoração. Já em 2009 coordenei o grupo que confeccionou a decoração com garrafa pet e outros materiais recicláveis e o resultado foi aquela reação do publico e de quem visitou Garanhuns no período, que teceram elogios e a consideraram como uma das mais bonitas decorações natalinas feitas na cidade. Criando expectativas para o natal dos sonhos de 2010.
Funcionamento da Casa do Artesão: Segunda a sexta 9 h às 12 h e das 14 às 17 h.
Sábado: 9h às 12 h
Eventos da cidade: 9h às 17h
Contatos: Telefone: (87)3761-9747