O professor Antonio Vilela está lançando seu segundo livro abordando as histórias do tempo de Lampião, trata-se do "O Incrível Mundo do Cangaço - Volume II". Esta semana vamos abordar alguns detalhes deste livro. Mas para entrar no tema vamos republicar a entrevista do pesquisador ao Claudio Gonçalves no FALAÊ! há alguns sábados.
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No dia 31 de março, o Blog do Ronaldo César esteve presente na residência do pesquisador e escritor Antônio Vilela de Souza, autor do comentado livro “O Incrível Mundo do Cangaço”. Fomos recebidos pelo escritor que nos deu a oportunidade de viajar pela história, através de um impressionante arquivo fotográfico dos personagens das volantes e dos grupos de cangaceiros. Sempre atencioso e de uma gentileza impar, o autor num bate papo descontraído nos concedeu uma entrevista marcante, principalmente pela sua memória histórica e a narrativa dos fatos.
• O Senhor é natural de Garanhuns?
• E- Não, eu nasci em São João em 12 de junho de 1953, quando estava com 3 anos quando meus pais vieram residir nesta cidade, me considero filho adotivo de Garanhuns.
• Quando nasceu essa paixão pela História do Cangaço?
• E- Essa paixão nasceu quando eu era menino, através de uma vizinha, moradora da Vila do Quartel, chamada dona Mocinha. (Ela sempre corria atrás da gente quando estávamos jogando bola em frente a sua casa (risos), mas nos momentos de paz ela contava pra mim as história de Lampião, dona Mocinha era sertaneja e por coincidência rendeira). Somando a isso, quando fui estudar no ENA em Belém de Maria conheci a minha esposa Maria da Paz, nascida em Mossoró. Em 1975 quando fomos morar na cidade natal da minha esposa, a residência da minha sogra ficava próxima à cadeia onde ficou preso o cangaceiro Jararaca, o que me levou a iniciar as pesquisas sobre o cangaço, pois naquela cidade se deu um dos famosos ataques do bando do Capitão Virgulino.
• Quando decidiu escrever o Livro O Incrível Mundo do Cangaço?
• E- Após trinta e um anos de pesquisas, seguindo a trilha do cangaço, com vários documentos e fotografias históricas meu filho Hans Lincoln me incentivou para escrever, era 2003, e o livro acabou editado em 2006. Confesso que ao concluí-lo fiquei surpreendido com o resultado. O livro já está em sua 3ª Edição num total de cinco mil livros vendidos, em breve estarei lançando “O Incrível Mundo do Cangaço - volume dois”.
• O livro teve uma grande repercussão, não apenas pela sua vendagem, mas pelas suas riquezas de detalhes ao descrever e narrar o cangaceirismo. Como foi visto essa obra pela mídia falada e escrita do nordeste?
• E- Tanto na mídia escrita e falada o livro recebeu inúmeros elogios, sendo publicadas várias reportagens em jornais, como o Jornal do Comércio,. Folha de Pernambuco, O Mossorense, Diário de Pernambuco onde assessorei a edição especial na Trilha do Cangaço em comemoração aos 70 anos da morte de Lampião, nas revistas “Terra da Gente” da Editora Globo, NE 21, Revista Cultural e nos tive a oportunidade de participar nos programas de TV, entre eles, NE TV, Conversa na madrugada com Aldo Vilela, Globo News, Record Internacional, TV Diário, TV Assembléia, sempre participando de entrevistas ou documentários, e aguardando calendário para participação no Jô Soares onze e meia.
• Atualmente o senhor é uma referencia para quem pesquisa ou tem curiosidade em ler sobre o Cangaço. Como é a sua relação com os demais historiadores do Cangaço?
• E- É uma confraria, sempre estamos nos reunindo, participando de fóruns, palestras, lançamentos, trocando informações. Hoje sempre estou tendo contato com o Potiguar Paulo Gastão, o paulista Antônio Amauri e Frederico Pernambucano, grandes nomes do estudo do cangaço.
• O que diferencia “O Incrível Mundo do Cangaço” de outros livros já publicados sobre o tema?
• E – O Incrível Mundo do Cangaço quebra o paradigma de Lampião e Sertão, como se o cangaço só tivesse ocorrido nessa região, o meu trabalho focaliza o cangaço no Agreste, destacando nomes até então pouco comentados em algumas obras, como José Abílio, Paisinho Baio, Capitão Américo, tenente Caçula, Zé Jardim, Audálio Tenório, Gerson Maranhão, coronel João Nunes, entre outros.
• O Senhor faz parte de alguma Associação do Cangaço?
• E- Sou filiado, desde 10 de novembro de 2006 do SBEC – Sociedade Brasileira de Estudo do Cangaço, que reune os maiores historiadores do cangaço do Brasil. Recebi meu diploma de filiação em Serra Talhada, onde nasceu Lampião.
• Naturalmente em suas pesquisas o Senhor entrevistou ex-cangaceiros, ex-cangaceiras e ex-integrantes das volantes. O Senhor poderia nos citar alguns desses entrevistados e qual foi o momento mais emocionante nesse trabalho?
• E- Conheci oito cangaceiros, três faleceram: Sila, Adília e Durvinha. Estão vivos: Moreno, Dulce, Vinte e Cinco, Candeeiro e Aristeia. Da volante conheci tenente João Gomes de Lira, Sargento Antonio Vieira, Neco de Paltilha, cabo Grilo, Sargento Teopholo Pinto e a da família de Lampião, sua filha Expedita que reside em Aracaju e Maria Ferreira Queiros (dona mocinha) irmã de Lampião, que reside em São Paulo. O momento mais emocionante foi a amizade e as conversas que eu tive com Durvinha, ela foi casada com o cangaceiro Virgínio, cunhado de Lampião. Ela me dizia que ele era bom, que a única maldade que fez foi capar um maçado (soldado da volante), quando estava em Patos de Minas, em viagem para o Paraguai, acompanhado do escritor João de Souza Lima. Quando resolvi ligar para saber de Durvinha, pois estava a 400 quilômetros da sua cidade, quem atendeu foi sua filha Neli, aos gritos, e desligou, Depois Nelí retornou a ligação informando, para minha tristeza, que Durvinha havia falecido naquele instante.
• O Senhor já está trabalhando em outro projeto? O que os seus leitores podem esperar desta nova publicação?
• E- Estou em fase de edição focalizando neste trabalho o Cangaço no Agreste Pernambucano, trazendo neste livro 90 por cento de fotos inéditas.
• O Senhor escreve em alguns jornais de Garanhuns, sempre resgatando a História da cidade, existe algum projeto de publicar algo neste sentido?
• E- Esporadicamente escrevo para o Correio Sete Colinas e realmente pretendo daqui a cinco ou seis anos publicar livro de memórias de Garanhuns, cujo título será Garanhuns, Seu Povo e Sua História.
• Como está a agenda neste ano de 2010?
• E- De 08 à 10 de junho estarei participando do XIX Fórum do Cangaço de Mossoró, o qual fui convidado para fazer uma palestra sobre a Historiografia do Cangaço. De 17 a 22 de agosto estarei participando do II Carriri Cangaço no Crato, Juazeiro, Missão Velha, Barbalha, Porteiras e Aurora, onde farei palestras sobre o Cangaço no Agreste pernambucano. No dia 28 de julho estarei em Angicos e Poço Redondo, onde Lampião foi morto. E estou aguardando a confirmação para viajar a Munique, onde farei uma palestra para a comunidade nordestina, iniciativa da doutora Fátima, garanhuense que reside naquela cidade alemã.
• Em relação à literatura em Garanhuns, o que poderia ser feito para dar oportunidade aos nossos escritores?
• E- O incentivo do poder público custeando as edições dos livros.
(Entrevista concedida a Claudio Gonçalves de Lima)
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