terça-feira, 13 de julho de 2010

Quem escolhe os homenageados do Festival?

Não tenho dúvidas de que os homenageados do Festival de Inverno de Garanhuns contribuíram decididamente para criar uma identidade cultural pernambucana. O MCP-Movimento de Cultura Popular criado quando Arraes foi prefeito de Recife e depois ganhando o estado, com a participação dos mestres Paulo Freire e Abelardo da Hora, acabou por influenciar as gerações seguintes e por fazer discutir a arte como fonte de libertação popular. Tudo bem! Mas a cidade poderia ter sido consultada, né não!?!?
A Fundarpe acaba de editar uma "cartilha" sobre o Festival que faltou bem pouquinho pra esquecer que ele acontece em Garanhuns. É superficial e não fala das coisas de Garanhuns, nem faz as justiças históricas a quem de fato deu vida a este grande evento multicultural.
Temos por aqui pessoas que batalharam para que fosse construído imaterialmente esse conglomerado de segmentos culturais e a Fundarpe nunca nem ouviu. Parece que o FIG nasceu junto com o governo Eduardo Campos, ou melhor, junto com a Fundarpe atual. Que é isso?
Para quem está por aqui, precisamos que o FIG é maior que qualquer administração pública, seja municipal ou estadual, eles passam e o FIG fica, portanto precisamos contar a história como ela aconteceu. Nem existia Fundarpe naquele primeiro Festival, então porque não falar da luta que foi para botar o bloco na rua?
E os homenageados a cada ano? Esse ano pegou todo mundo de surpresa. No ano passado, que o pedido partiu de Garanhuns, parece que iam esquecendo. O nome de Toinho Alves estava tão disforme e em fonte tão desconexa que parece que lembraram de colocar depois em todo o material de divulgação do FIG. Faixas, banners, panfletos, tudo, tudo... E ainda não disseram a ninguém. A gente ia entrevistar os artistas sobre a importância de homenagear o músico e arranjador do Quinteto Violado e as pessoas diziam, - "e é???"
Este ano a banda Estado Suicida está fazendo 20 anos. Um marco na história cultural do interior do estado, mas a Fundarpe não sabe. Bem que o Palco Pop poderia homenagear a banda.
E não para por aí! O grande Grupo Diocesano de Artes, formador de jovens para a cultura e como entidade é a que mais vezes partivipou mdo Festival de Inverno estará também completando duas décadas. Bem que a programação do Teatro poderia ser em homenagem ao grupo de Garanhuns. Mas a Fundarpe não sabe. Ela não vive aqui nem ouve a cidade. Pior! Corremos o risco de não ter o Grupo Diocesano de Artes comemorando essa data histórica no FIG. Eles só queriam se apresentar, mas os seus atores também são atletas do colégio, e estarão desde esta terça-feira em Aracaju nos jogos regionais diocesanos. Precisavam que fossem programados a partir da quarta-feira, e isso mexeu com todo o cronograma de atividades no Parque Euclides Dourado, ainda bem que resolveram. Mas eles não estavam preparados para um pedido simples assim!
Dominguinhos e Toinho Alves foram homenageados porque se tornaram figuras nacionais nascidas em Garanhuns. Então tá ruim pra gente homenagear quem escolheu nascer e viver por aqui!
Vem aí o centenário de Luís Jardim. Tem o Centenário de Luiz Gonzaga que cantou o primeiro hino de Garanhuns numa belíssima composição de Onildo Almeida, que ainda é vivo e não recbeu sua justa homenagem.
Perdemos de uns tempos pra cá umas figuras que o FIG poderia marcar com homenagens. Mas num era botar seu nome no cantinho de uma faixa-banner não. É homenagear mesmo! Fazer o material inspirado no cara. Lançar CDs, livros, deixar uma estátua, uma placa, um programa de rádio e TV, sei lá, são tantas coisas...
Imagina o Palco do Forró ganhar o nome fixo de Mestre Dominguinhos e ano que vem homenageasse Reginaldo do Acordeon ou Cego do Piado! Seria o máximo! Lançássemos um Cd com os forrozeiros homenageando esse músicos que tocavam com qualquer cantor nacional, mas que FELIZMENTE escolheram viver em Garanhuns!
Criar e homenagear sem consultar o povo é o inverso do que fazia o Movimento de Cultura Popular! Estão sendo homenageados com a antítese do que defendiam.
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SAIBA MAIS SOBRE O MCP


O MCP surgiu no Recife em 1961, quando Miguel Arraes assumiu a prefeitura local, com o apoio de um grupo de intelectuais pernambucanos. Assumiu inovadoramente o conceito de cultura popular como chave para o trabalho com a população pobre, por meio de escolas para crianças, alfabetização de adultos, praças e núcleos de cultura. Revitalizou as festas folclóricas e teve expressiva atuação no teatro e cinema. Seu Livro de Leitura para Adultos renovou radicalmente o material didático da época. Sediou a primeira experiência do Sistema de Alfabetização de Adultos de Paulo Freire.

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