Surpreendi-me há pouco com um texto de Roberto Almeida em que ele relata um encontro com a Dra. Juíza Karla Fabíola, que responde em Garanhuns pela vara da Infância e Adolescência. Antes, gostaria de devolver a Roberto a citação, pois quando ela fala e ele relata, que fica "sabendo das coisas da cidade pelos nossos blogs", este momento em que ele viveu tem sido uma constante, amigos também me dizem que acessam nossos blogs diariamente, e geralmente nesta dobradinha Ronaldo/Roberto ou se preferir, claro, Roberto/Ronaldo. Poxa! Isto pra mim é e sempre será um motivo de orgulho, e de contínuo aprendizado, pois reputo em Roberto um dos mais importantes jornalistas em atividade no estado de Pernambuco, e que, pela qualidade de vida e proximidade com seus parentes, fez o caminho inverso Capital/Interior, no campo profissional. Coisa que nossas faculdades começam a promover também. Mas vamos voltar ao assunto inicial.
Pude estar no antigo CEAC/FUNDAC durante um ano. Trata-se do abrigo estadual para crianças que sofrem maus tratos ou são negligenciadas por seus responsáveis. Conheci uma realidade difícil que infelizmente se reproduz diariamente e precisa sempre do cuidado do estado. Este abrigo, geralmente com mais crianças que suporta, é diferente do outro para menores que infrigem as leis e cumprem penas sócio-educativas. Este outro é marcado pela violência e que, pelos seus profissionais, busca oferecer uma vida nova e decente aos menores detidos.
O abrigo que hoje é da FUNASE é diferente, é marcado pela ausência. Foi neste momento que conheci duas pessoas que hoje tenho respeito e admiração. Dra. Karla e Dra. Marinalva, esta, promotora.
Não é fácil responder por uma casa assim, mais de 50 funcionários, amparo do estado, mais de 50 crianças, sendo quase 20 em um berçário. Da luta dessas mulheres e da caneta do judiciário, veio o compromisso do Município assumir suas crianças, e hoje temos o abrigo de Garanhuns, que por sinal, em sua inauguração estava muito bem montado e em condições de oferecer seus serviços às crianças amparadas.
Encontrei na gestão da antiga FUNDAC-PE pessoas compromissadas e que lutavam por melhores condições para Garanhuns, como Raquel e sua equipe. Mas sempre foi muito difícil.
Saí, deixando amizades dentro da casa, com a certeza que o estado poderia fazer muito mais por aquelas crianças, e que o trabalho de auxílio às famílias para a volta dos pequenos deve ser intensificado, com mais condições de trabalho ao corpo técnico da casa. Também, vimos a necessidade de agilizar os mecanismos de adoção, principalmente de conscientização da sociedade contra o preconceito, para que se aceite naturalmente a guarda de crianças negras e de mais idade, pois temos alguns que vão "envelhecendo" na casa e suas oportunidades de encontrar um lar vão diminuindo a medida que crescem.
Em Dra. Karla e Dra. Marinalva, o cotidiano que marca a infância de Garanhuns é trabalhado com carinho e determinação, buscando-se resgatar o futuro que parecia perdido!
Tive a oportunidade de conhecer isto, e desse tempo nasceu o profundo respeito por quem fez dessa luta uma missão de vida. Obrigado Karla e Marinalva, se assim posso chamá-las!
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