sexta-feira, 29 de outubro de 2010

As últimas horas, debate, e-mails, evangélicos e até o Vaticano




Começou o vale-tudo. Recebi e-mails de todo tipo esses dias. Em um deles o Paulo Tanner, que não sei quem é, mas que me acompanhou nos últimos dois meses com dois a três e-mails diariamente com notícias e posicionamentos serristas, trouxe uma carta assinada por um bispo evangélico láááá de São Paulo.


Porque eu deveria me sentir influenciado?

Vivemos em um país laico, isto quer dizer que a religião não deve influenciar o estado, como acontecia há dois séculos atrás. Mas deve haver a liberdade ao culto e o respeito a todas as religiões. Ninguém haverá de se sentir constrangido nem perseguido por sua opção religiosa. Por outro lado, não deverá haver influência religiosa sobe as decisões do estado.

Mas não é o que anda acontecendo, trouxeram a discussão religiosa para dentro da política, e algumas igrejas levaram a política para dentro dos seus templos, chegando a pedir votos e até a lançar seus próprios candidatos. Não discuto aí o direito legítimo, mas a ética cristã.

Muitos Bispos Católicos buscam demover seus padres da ideia de entrarem na vida política e concorrer a cargos públicos, principalmente a prefeitos.

Os evangélicos preferem os cargos legislativos, onde nascem as leis.

Repito, direito legítimo de todos.

Prossigamos.

Hoje tem o último debate de 2010, na Globo, pra ficar aquela impressão que a emissora fechou com chave de ouro. Eu continuo achando que em matéria de debates e respeito eleitoral ninguém supera a BAND. O formato será diferente dos debates anteriores. Eu não aguento mais debate com Serra e Dilma. Gostaria de ver um com Lula X FHC. Ou com os candidatos a vice, Índio X Temer, ou ainda com os presidentes dos partidos Zé Eduardo X Guerra. E por aí vai...

Continuando...

Depois que a poeira tinha baixado, nenhum candidato tocara mais no tema aborto, pois se tornara inconveniente a ambos, chega aí o Santo Padre, láááá do Vaticano, e pede pra seus sacerdotes pedirem aos seus fiéis que evitem votar em quem defende o aborto. Acho que ele errou duas vezes. Primeiro em tocar no tema em época eleitoral, mas tudo bem, é um direito dele, mas o fato é que as religiões interferiram demais no atual processo. O segundo erro foi o momento, não era mais oportuno tocar no tema. Ficou paracendo que agiu atendendo alguns interesses de criar o fato novo que a campanha da oposição precisava.

Vejam, religião é uma conversa íntima com Deus, sempre entendi assim, e não da forma exteriorizada politicamente como vem sendo feita nos templos, com a comercialização e uso em vão do nome de Jesus Cristo. Desconfio de qualquer igreja que cure quem está na plateia diante holofotes e câmeras de televisão. Eu gostava quando íamos à capela do Ginásio do Arraial, orar em silêncio, "conversar com Deus" e cantar as músicas de Padre Zezinho. Simples e bonito e nos fazia um bem danado!

Hoje, missas simples e harmoniosas como as do Mosteiro e da Capela do Diocesano recebem fiéis que estão em comunhão com Deus sem precisar estarem aos gritos e à espera de milagres.

ESTADO E RELIGIÃO - Quando tínhamos a unicidade do estado com a igreja vivemos épocas de perseguição e desigualdade social. O estado é para todos, de qualquer religião e até para quem não tem religião, e mais, para os ateus. Todos têm o direito até de serem ateus.

Antes de qualquer dúvida, sou católico, acredito em Deus e converso com Ele sempre. Da forma como vejo a religião, busco praticar o bem, ser honesto, olhar ao próximo, contribuir com a sociedade em que vivo, fazer novas amizades baseadas no respeito, estudo, trabalho, vivo em paz com esposa e filhos, portanto tenho os ensinamentos de Jesus implícitos em minha conduta. Acho que a religião deve ser professada de dentro pra fora e não pode ser condicionada a nada.

Acreditar em Deus não deve gerar endividamentos. Vivemos uma época em que levamos o mercado para dentro de igrejas televisivas que vendem de tudo, de CDs a óleos santos, é o mercado que Jesus destuiu de dentro de sua casa. Parece enfim que quanto mais pobre é o fiel, mais rica é a igreja.
E mais... Não tenho posição sobre o aborto. Já ouvi argumentos interessantes dos dois lados, mas o lado religioso ainda é muito forte no Brasil e não será fácil contrargumentar biocientificamente e falar da natureza feminina. Por isso, nenhum presidente, pelo menos não agora, deverá defender a legalização.

Hoje à noite tem debate e esta discussão deverá voltar à baila.
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RÁDIO MÚSICA BRASIL MPB

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