Quatro meses depois de assumir a Secretaria de Cultura de Pernambuco, que passou a gerir a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), o atual dono da pasta, Fernando Duarte, ainda não apresentou seus projetos para o setor. Nos bastidores, afirma-se que ele está arrumando a casa, para organizar todas as pendências deixadas pela ex-presidente da Fundarpe Luciana Azevedo. O vácuo, entretanto, abriu espaço para que a Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur) montasse a programação de Carnaval do Estado em 2011. O resultado foi desastroso.
A seleção de artistas foi bastante criticada por produtores, músicos e pelo público das redes sociais, por conta da inclusão de bandas de axé e pagode. Agora, as apreensões voltam-se para o Pernambuco Nação Cultural, série de eventos que abarca o Festival de Inverno de Garanhuns (FIG) – principal vitrine do circuito de shows, palestras, fóruns e mostras que ocorrem em dez cidades-polo do interior do Estado. Teme-se que, mais uma vez, a Empetur assuma a programação e prejudique a qualidade artística do FIG. O assunto foi levantado em conversas no Twitter, em blogs e no Facebook.
“O FIG é um evento consolidado, com uma programação cultural de qualidade. Não tem porque mudar a gestão e deixar a responsabilidade da grade nas mãos da Empetur, que no último Carnaval montou uma programação de péssima qualidade”, comenta o videasta Nilton Pereira, diretor da TV Viva.
O criador do festival Rec Beat, Antonio Gutierrez, Gutie; a produtora do festival No Ar: Coquetel Molotov, Ana Garcia; e o cantor China também defendem que a programação do FIG seja pautada por critérios que privilegiem a qualidade das atrações.
Seguindo uma linha mais iconoclasta, o músico e produtor fonográfico Zé da Flauta dispara: “O que eu sei é que está tudo uma zona! O que era para a Fundarpe fazer, não faz por causa da bagunça que foi instalada na gestão passada. Aí, entra o pessoal do Caldeirão (produtores de shows de bandas de pagode e axé) e manda em tudo que é evento cultural do governo. Contrata brega, pagode e forró de plástico, aqueles bregas sanfonados. É muito triste para a cultura local”.
Fontes da Fundarpe, que preferiram não ser identificadas na matéria, procuraram desfazer as inquietações levantadas, afirmando que a entidade está trabalhando com a perspectiva de que todos os festivais do Pernambuco Nação Cultural continuem sendo organizados pela fundação, incluindo o FIG, cuja programação ainda não começou a ser planejada.
Em relação à política cultural do Estado, a informação é de que o secretário de Cultura, Fernando Duarte, deve anunciar em poucas semanas um novo, geral e amplo projeto de ações na área.
Leia matéria completa na edição deste sábado (30/4), no Caderno C do Jornal do Commercio.