domingo, 27 de janeiro de 2013

Painel de Armando Rocha redescoberto em Garanhuns


Ao visitarmos as instalações da nova fábrica da Nordestina, em março do ano passado, do empresário Cirilo Veloso, no prédio da antiga CID - Companhia Industrial de Doces, um painel em argila, pintado à óleo, logo na entrada recebe os visitantes e trabalhadores todos os dias contando a história da antiga fábrica, com a chegada do açúcar, sua transformação nos doces e a venda dos produtos, até para exportação. O painel foi criado pelo artista plástico Armando Rocha.

O tempo exposto sem cuidados não danificou a beleza do trabalho. Está sem cor e precisando ter partes recompostas, mas mantém a beleza e a marca do artista. Armando era pintor, escultor e poeta, tendo ficado mais famoso por suas pinturas, sempre com temas regionais, em que suas figuras têm rostos de traços largos, pés e mãos grandes e olhares tristes. Armando morreu jovem, creio que há uns 15 anos, por aí. Devia ter uns 50 anos. Conheci o artista na minha adolescência, pois ele era muito amigo de meu tio, Espedito Dias, também artista plástico.

São de autoria de Armando Rocha os painéis que contam a história de Garanhuns, desde o bandeirante Domingos Jorge Velho, avô de Simoa Gomes, à abolição da escravatura e ao desenvolvimento agropecuário municipal, com destaque para a criação de gado e plantação de café, situado no Espaço Cultural Luís Jardim, ao lado do Colunata, onde existe também uma poesia, uma verdadeira ode a Garanhuns, composta pelo multiartista Maurilo Campos Matos.

Voltando ao painel da CID, o próprio Cirilo Veloso disse ter pensado em derrubar para construir outro para a Nordestina. Porém, com a descoberta deste patrimônio histórico e cultural, seria interessante que pudéssemos garantir sua permanência, ou até se possível, sua transferência para uma área pública, como uma praça da cidade, se o empresário autorizar.

Que eu lembre, existiam painéis de Armando Rocha também na fábrica de Móveis Eldorado, na sede do Café DoBom na Praça Jardim, e até em algumas residências.

Um dos filhos de Armando, Aquiles Rocha, guarda um catálogo com algumas das obras do artista, e seria muito interessante que Garanhuns pudesse tombar esse patrimônio, principalmente as que contam parte da nossa história.

RÁDIO MÚSICA BRASIL MPB

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