sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Encontro Estadual em Garanhuns avalia o desempenho da Rede de Agentes de Políticas Públicas para Mulheres Rurais


Uma agricultora consegue sua aposentadoria após provar através de certificado concedido em capacitação realizada pela Secretaria da Mulher que era uma trabalhadora rural. Duas mulheres deste segmento saem de sua cidade, no interior longínquo do Estado, em busca de profissionalização, se capacitam em políticas públicas, se mobilizam para que seja implantado um curso de nível superior em seu município e hoje já estão cursando uma universidade. Outra se emprega como eletricista predial. Todas superando os paradigmas das sociedades ocidentais, marcadas, profundamente, por relações desiguais de classe, de raça e de gênero.

Essas e outras histórias foram contadas por mulheres rurais que participam do II Encontro Estadual de Educadoras e Recreadoras Sociopolíticas Rurais, que a Secretaria da Mulher de Pernambuco está realizando até esta sexta-feira, 31, em Garanhuns. O encontro está voltado para a troca de ideias a respeito dos últimos avanços obtidos pela Rede de Agentes de Políticas Públicas para Mulheres Rurais; experiência transformadora da vida da população feminina que mora no interior do Estado.

Cerca de quinhentas mulheres lotaram o auditório do Centro de Convenções do Hotel Tavares Correia, num clima de muita confraternização. Durante quatro dias do encontro, elas assistem a palestras educativas e realizam atividades prospectivas, reunidas em grupo de trabalho, a fim de elaborar os próximos passos para o fortalecimento intelectual das educadoras e recreadoras que atuam nos programas Chapéu de Palha Mulher e Convergir Mulher.

A abertura do encontro ocorreu na terça-feira (28) com a realização de uma palestra da Secretária da Mulher, Cristina Buarque, que tratou do tema “A Rede como uma estratégia de Inclusão – avanços e desafios”.

Em sua fala, Cristina Buarque destacou a expansão da rede de mulheres rurais que hoje já conta com quase 50 mil trabalhadoras, 43 organizações não governamentais e representantes de 16 movimentos sociais do campo. Da mesma forma, salientou o atendimento de mais 20 mil crianças e da articulação de cerca de 1.478 educadoras e 1.569 recreadoras em todo o Estado, no período 2007-2012.

“Essa rede vai se fortalecer e se consolidar ainda mais com a instalação dos Centros de Aceleração de Desenvolvimento das Mulheres Metropolitanas e Rurais, que se ocuparão, também, das mulheres que não estão ligadas ao projeto Chapéu de Palha Mulher – fruticultura, canavieira e da pesca – ou ao projeto Convergir Mulher. Mas, o avanço já pode ser sentido quando temos esse espaço para estarmos reunidas e pensarmos nas políticas públicas de gênero”, destaca a Secretária.

A Secretária enfatizou três importantes pilares para consolidação da rede de mulheres rurais: a organização, o conhecimento e o trabalho. “A construção dessa rede tem contribuído para a organização da mulher rural. Mas, é necessário adquirir conhecimento, já que não existe emancipação sem conhecimento. Junto a isso, é necessário trabalhar e muito. O Governo do Estado tem se empenhado para que as mulheres rurais tenham acesso ao conhecimento e à profissionalização, inclusive envolvendo secretários estaduais e prefeitos nesta articulação”, destaca a gestora da SecMulher.

Como novidade, a secretária anunciou que vem se articulando junto a vários Institutos de Ensino Superior, para que temas específicos de gênero, além de serem inseridos nas grades curriculares, sejam objeto de cursos de mestrados profissionalizantes. A conversa com a Universidade de Pernambuco (UPE) tem girado em torno de trazer para os profissionais da saúde mais conhecimentos de gênero, em favor do aprimoramento no atendimento às mulheres vitimas de violência. Já com a Escola de Magistratura, a SecMulher busca contribuir para a implantação de cursos de especialização no campo da Lei Maria da Penha.

MULHERES – A Secretária da Mulher do município de Sertânia, no sertão, Alessandra Ferreira, registrou a importância dos organismos de políticas públicas para as mulheres no contexto da rede, destacando que esses têm o importante papel de articular as políticas para as mulheres urbanas e rurais. “Queremos garantir que os avanços dos trabalhos da Secretaria da Mulher de Pernambuco tenham continuidade e cheguem com propriedade aos municípios”. A importância de redes de mulheres foi reforçada pela representante da Rede de Mulheres Agricultoras e Artesãs do Agreste Meridional, Lúcia Machado. “Essa nova visão que estamos adquirindo é algo fantástico. A mulher rural hoje pode discutir temas que antes apenas os homens tinham voz, principalmente no Agreste onde ainda existe o coronelismo”, comenta a educadora.

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