quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

DOMINGUINHOS tinha que estar em Exu no Centenário de LUIZ GONZAGA, o Rei do Baião. E esteve. Milagrosamente, esteve.


Foto impressionante de Dominguinhos, em seu penúltimo show. Em Exu, no centenário de Luiz Gonzaga.

Hoje, 12 de fevereiro, é aniversário de Dominguinhos, e recordo este texto de 2013, como uma forma de lembrar do Mestre, com carinho.

Em tempos de vaidades e egocentrismos no mundo artístico, Dominguinhos foi um exemplo de humildade. Sempre disposto a dizer um sim a um novo artista, ou de estar ao lado de seus colegas mais antigos, Dominguinhos gravou com todos que o procuravam, fazia pelo prazer de manter viva a chama da verdadeira música nordestina. Era uma dedicação incomum, de quem tem uma missão!

Em uma das festas que fez no sertão chegou a reclamar das músicas que tocavam nos eventos, algumas delas em "homenagem ao Rei do Baião", quando as bandas se aproveitaram da época para ganhar dinheiro das prefeituras.

Em Exu, na grande festa, afirmou que queria tocar no coreto, e não no belíssimo palco armado no Parque Aza Branca, pois era no coreto que tocava nas tardes do sertão com Gonzaga. Todavia, tocou e encantou a todos, já cansado, com os ombros arriados, sentado, mas com o sorriso no rosto de quem sabe a coisa certa a ser feita. 

Havia sido recomendado pelos médicos para não ir a Exu, mas a emoção e a missão falaram mais alto, e pra lá se dirigiu. Fez praticamente dois shows, este do parque Aza Branca, que era somente uma participação especial, mas que ganhou formato de um show improvisado, ao lado de Mestrinho, Taís e João Danado de Bom Silva. Depois, Dominguinhos, na mesma noite, fez seu show no grande palco da Praça Esportiva. Esplendoroso!! 

Se eu não tivesse ido, teria este remorso eterno.

Dominguinhos unia no mesmo palco jovens iniciantes e nomes consagrados como Gilberto Gil com maestria, característica infinda de quem está acima dos olhares superficiais. Tinha um respeito ao falar, demonstrado na educação, na fala mansa e no olhar triste e cansado.

Tinha algo de simbólico da ida de Dominguinhos em Exu. Já doente, acabou no hospital dois dias depois, para não mais levantar. 

O que Dominguinhos foi de fato fazer em Exu? A nossa frágil existência não decifrará nunca, pois não está ao alcance do nosso entendimento. Tinha que ir, tinha que estar lá, e foi. Ele não foi lá para simplesmente homenagear Gonzaga, isto fizemos todos nós.

Dominguinhos foi ao encontro de sua história e dizer a Gonzaga: Chego já, pode ir esquentando o gogó que tô levando nossa sanfona!!

E o mundo precisava reverenciar aquele reencontro de Domingos com Gonzaga, metafisicamente.

A história de Dominguinhos já estava contada e alinhavada com a de Gonzaga, como as rendas de um gibão, como um enredo já finalizado e que esperava somente o grande final. E foi em Exu, no coreto! No parque Aza Branca, debaixo do Juazeiro.



RÁDIO MÚSICA BRASIL MPB

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