De um lado grandes camarotes que chegam a custar R$ 1800. De outro, blocos com valores que chegam a R$ 1500 por abadá. Entre eles, trabalham, quase invisíveis para boa parte dos que curtem o Carnaval de Salvador, os famosos cordeiros – homens e mulheres que seguram as cordas que separam foliões pagantes da pipoca.
Por dia, cada uma dessas pessoas ganha R$ 45, além de biscoitos e água, para fazer um percurso de cerca de quatro horas enfrentando chuva, sol e os comuns empurra-empurras durante o circuito.
Cátia Sueli tem 34 anos, quatro filhos e está desempregada. Ela vai trabalhar por seis dias como cordeira e receberá R$ 270. "Preciso muito desse dinheiro. Vou conseguir alimentar meus filhos. Trabalho honestamente, por isso estou aqui", disse à reportagem do UOL. Moradora do bairro de Santa Cruz, ela leva em torno de uma hora para chegar ao Circuito Dodô (Barra).
Segundo a cordeira, "essa vida é humilhante" já que ela chegou a passar fome no Circuito. "A gente chega aqui cedo sem almoçar e eles nos dão biscoitos, o que não nos alimenta. E nós não temos dinheiro para comprar comida quando saímos daqui", lamentou.
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