Humildade, acima de qualquer outra qualidade. Era um Mestre e se portava como um amigo de todos |
Imagens que captamos em Exú, no palco, contemplado pelo Rei do Baião |
Justa homenagem, estátua e a Praça Cultural Mestre Dominguinhos |
Depois de mais de sete meses da esperança se esvaindo numa UTI em São Paulo, Dominguinhos nos deixou. Era Festival de Inverno.
Dia 13 de dezembro do ano anterior estava ele lá, fraco por fora e um forte por dentro no centenário de Luiz Gonzaga em Exú. Médicos e famíliares não queriam que ele fosse, mas ele tinha uma missão, para sertanejos e forrozeiros, passar o bastão de Luiz, que segurou até o final com tanta maestria. Tinha que estar lá. Ir ou não ir, poderia até aumentar seu tempo de vida por fora, mas mataria o Mestre por dentro. Tinha que estar lá. Era seu destino e o fim de uma jornada.
Mas que mistério de vida é este que fez com que ele esperasse sete longos meses, para que sua cidade natal tivesse tempo de organizar uma festa bonita, reunisse o mundo da cultura e que todos recebessem juntos a notícia da Triste Partida, a mais dolorida, bem mais que a retirância para o sul em busca de oportunidades, e comida no prato?
Jesus, faz uma ano! Ele se foi, mas deixou a legião da boa música nordestina na estrada. Infelizmente muitos usam seu nome nas vitrines ou diante os holofotes, mas não sentem. Não se arrepiam ao ouvir suas canções.
Mas para muita gente, muita gente mesmo, Seu Domingos, ficou um vazio, enorme, e o remédio para ludibriar a saudade é cantar! Sempre será! Como o senhor mesmo disse.
Aqui, vamos levando seu nome, embora a responsabilidade seja grande, a gente busca os espaços, nem sempre fáceis pois, como o senhor mesmo viu, os palcos estão sendo tomados pela ganância financeira, que não valoriza a cultura.
Ah! Seu Domingos, é provável que outro mestre esteja batendo aí na porta. Peça pro Criador dar mais um tempinho pra ele, pois temos cada vez menos gente pra brigar pelo que acreditamos, mas se for o caso, Dê a ele seu aconchego, para que não sofra o que o senhor sofreu.
Tem mais, assim como o senhor, ele também quis ver o povo reunido para festejar a cultura. E ela está toda aqui, na rua, nos palcos, no teatro, no circo... E ele veio ver!
Abraço, Seu Domingos, e puxe o fole pra Luíz.